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Em quatro dias, 35 mil renegociam dívida em SP
08/12/2012 | 08:45
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A tarde de sexta-feira (07) foi decepcionante para a professora Maria - é só dessa forma que ela pede para ser identificada. A dívida de R$ 120 mil não foi renegociada no mutirão Acertando suas Contas, em São Paulo. Pior. A orientação dos bancos foi para que ela declarasse insolvência civil. "Eu tenho muitas dívidas, infelizmente isso virou uma bola de neve e meu orçamento não comporta mais. O certo, pelo que me foi dito, seria declarar a insolvência civil", disse ela, na saída do evento, realizado na Memorial da América Latina. O mutirão vai até este sábado.

 

Nessa bola de neve financeira Maria diz ter recebido "crédito sobre crédito" na expectativa de quitar as dívidas que iam se acumulando. "Os juros são muito altos e minha renda não acompanha", lamentou a professora. As dívidas estão espalhadas por vários bancos e em diversas modalidades. "Chega uma hora que você fica numa bola de neve e não há negociação possível", disse. "Por toda a minha vida, fui me apoiando nos bancos. Mas os juros são o grande problema. Você tenta renegociar um empréstimo e os juros aparecem."

 

Os casos de insolvência civil são bastante raros no Brasil, diz o advogado Samir Choaib, do escritório Choaib, Paiva e Justo. "O credor pode solicitar a insolvência ou até mesmo pessoa. Mas é uma coisa mais teórica. Nunca tivemos um caso."

 

Os números divulgados pela Boa Vista Serviços, administradora do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), mostram que a professora Maria é uma exceção, até porque os endividados costumam dever bem menos. Das 60 mil famílias que visitaram o Memorial da América Latina até a sexta-feira (07), a maioria (35 mil) conseguiu ter as dívidas renegociadas.

 

Cintia Ditzel, de 27 anos, trabalha na área de produção e buscava uma renegociação de uma dívida de R$ 500 no cartão de crédito com o Banco Santander. "É o olho grande, eu vou comprando, comprando, e quando vejo estou endividada", disse.

 

Também em dívida com o Santander o autônomo Irineu Pereira do Santos, de 33 anos, devia R$ 22 mil. A dívida foi acumulada no cheque especial e cartão de crédito. "Eu tive alguns problemas de saúde. Sou autônomo e era funcionário público. Tive de pedir exoneração por causa da minha saúde e acabei sem parte da renda extra", afirmou. O salário como funcionário público era de R$ 4 mil.

 

Maratona

 

A campanha de renegociação de dívida já percorreu 15 cidades este ano, de sete Estados. Ao todo, foram renegociadas 50 mil dívidas. A edição do Memorial da América Latina encerra a maratona deste ano.

 

Além do Santander, a AES Eletropaulo, o Banco Carrefour, Bradesco, a Caixa, o Itaú, a Vivo e a Recovery participam do mutirão. "As negociações são caso a caso", disse Fernando Cosenza, diretor de Sustentabilidade da Boa Vista.

 

A campanha deve continuar em 2013. "O ano que vem continua com a mesma mensagem da educação financeira e do planejamento. A renegociação de dívida é um componente, é parte do espírito da campanha. O principal objetivo é promover o uso equilibrado do crédito", afirmou Cosenza. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.




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