Política Titulo Personagem importante
Vereador eleito atuou com
poder de mando na OAS

Aliado de Marinho omite empresa que presta serviço à
H.Guedes, que também assinou contratos milionários

Mark Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
29/11/2012 | 08:22
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A relação obscura mantida pela Prefeitura de São Bernardo com a empreiteira OAS ganha personagem importante. É o vereador eleito José Alves da Silva, o Índio (PR). Aliado do prefeito Luiz Marinho (PT), o republicano atuou por 12 anos com poder de mando na construtora, cujos contratos com a municipalidade estão envoltos em série de irregularidades, noticiadas pelo Diário desde o dia 21.

Embora registrado como supervisor de segurança, as atribuições de Índio na OAS extrapolam as limitações do cargo para o qual foi contratado. Com a função de chefia, o político tinha carta branca para interferir nas obras. Desde que Marinho assumiu o comando do Paço, em 2009, o Executivo firmou oito contratos milionários com a empreiteira, que totalizam R$ 735 milhões.

O vereador eleito afirmou à equipe do Diário que deixou a OAS "antes da eleição" de outubro. Índio, no entanto, admitiu que sua empresa, a JS Segurança, presta serviços terceirizados à construtora H.Guedes, que também assinou contratos milionários com o governo Marinho.

São R$ 90,2 milhões divididos em três convênios: construção dos CEUs (Centro Educacional Unificado) Jardim Silvina (R$ 18,3 milhões) e do Parque Havaí (R$ 9,8 milhões), e obras de saneamento (R$ 62,1 milhões).

Índio omitiu a JS Segurança de sua declaração de bens enviada à Justiça Eleitoral. A situação pode, inclusive, complicar a sua diplomação como vereador, marcada para o dia 19. Ficha cadastral emitida pela Junta Comercial do Estado mostra o político como o titular da empresa, que registra capital de R$ 107 mil.

A partir de janeiro, como vereador, Índio terá de fiscalizar os contratos da Prefeitura com a empresa na qual trabalhou por 12 anos (OAS) e com a qual a sua firma presta serviços (H.Guedes). Vigiar o empenho de verbas públicas é uma das atribuições parlamentares. O republicano não vê conflito na situação. "Meu serviço não tem nada a ver com a Prefeitura", avalia.

 

Nervoso, Índio não explica sonegação de firma

 

A equipe do Diário foi até a sede declarada da JS Segurança ontem à tarde. O apartamento na Vila Marchi é também a residência de Índio. Ele caminhava pelas ruas do condomínio. Nervoso com a presença da reportagem, o vereador eleito não explicou a omissão da empresa à Justiça Eleitoral e pouco esclareceu sobre seu envolvimento nas obras da OAS.

O político afirmou que "toma de conta" de 50 funcionários na JS Segurança. Segundo ele, a única atribuição da equipe atualmente é fazer a vigilância de obras executadas pela H.Guedes, inclusive as contratadas pela Prefeitura. No objeto de sua firma registrado na Junta Comercial consta também serviços de acabamento de obras na construção civil.

Índio lembrou conversa para deixar a OAS. "Saí e disse que se ganhasse a eleição não precisaria voltar. Se não ganhasse, ficaria desempregado." O republicano foi eleito pela primeira vez em outubro, quando recebeu 2.472 votos. Seu partido, o PR, integra a base de sustentação ao prefeito Luiz Marinho.

 

 




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