Como parte do plano de colocar as indústrias e prestadores de serviços do Grande ABC no foco das atenções da Petrobras, a Prefeitura de São Bernardo, em parceria com o Instituto de Tecnologia Aplicada a Energia e Sustentabilidade Socioambiental, realizou ontem mais um encontro de empresas da região para debater o potencial de negócios da área.

A iniciativa serviu também como preparativo para que haja atuação mais efetiva da indústria local na feira Equipaindústria, evento que será realizado de 10 a 13 de abril na cidade, para promover companhias dessa cadeia produtiva.

Segundo o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Jefferson da Conceição, uma das metas dessas atividades é que o Grande ABC passe a constar no rol de cidades em que a estatal tem projetos de suporte a suas operações de produção e exploração de petróleo da camada do pré-sal na Bacia de Santos. "Ainda não está (na lista), mas nosso esforço é aparecer", afirma.

Como em edições anteriores - este foi o terceiro evento do tipo organizado pela Prefeitura em conjunto com o Itaesa neste ano -, representante da estatal (desta vez, o gerente de planejamento e gestão da Bacia de Santos, Victor José de Saboya Oliveira), expôs os números da estatal, como, por exemplo, o volume total de investimentos, que chegam a US$ 224 bilhões no período de 2011 a 2015, parte disso na exploração do pré-sal.

A companhia prevê, para esse período, a compra, por exemplo, de mais de 4.000 km de dutos flexíveis, 6.900 bombas, 665 compressores e 1.100 tanques de armazenamento. Além disso, deverá demandar serviços de manutenção, inspeção, gerenciamento de estoques, entre outros.

Para o presidente do Itaesa, Pedro Thadeu Silva, as oportunidades são grandes já que o parque fabril da Baixada Santista é pequeno comparado ao do Grande ABC e a distância de Santos é próxima. Segundo ele, há competência tecnológica e mão de obra qualificada e a Petrobras percebe isso, tanto que tem participado dos debates.

No evento de ontem, diversas empresas da região estiveram presentes e mostraram interesse em prospectar negócios no segmento. Foi o caso de Ari Araujo, gerente da Techno Flow, de São Bernardo e que faz instrumentação e medição de fluídos. A companhia, de pequeno porte, já fez serviços para a estatal, mas a intenção é crescer, com as demandas geradas pelo pré-sal.

Graça Miranda, executiva da Keefer, indústria de ferramentaria e usinagem que tem sede no município, também foi ao encontro. "Já atendemos (a estatal) alguma coisa, mas vejo potencial para excelentes negócios", diz.

AÇÕES CONCRETAS - Conceição destacou ainda que, depois da fase de divulgação sobre a área, a meta agora é entrar na fase de ações para concretizar negócios, e para isso, ele pretende sentar com representantes da estatal, por exemplo, do Programa de Formação de Recursos Humanos da companhia.

"Estamos dialogando para que as instituições de ensino na região se cadastrem na Agência Nacional de Petróleo, para viabilizar bolsas de estudo na área de formação de profissionais", diz.

Sebrae fará estudo para capacitar empresas em 2012

O escritório regional do Sebrae-SP no Grande ABC deverá realizar, no primeiro trimestre de 2012, estudo para identificar as micro e pequenas empresas da região que podem se inserir na cadeia produtiva do petróleo, para, depois, dar andamento a programa de capacitação no segmento.

A gerente da regional, Josephina Cardelli, assinala que, como já há pesquisas que traçam raio-X das indústrias de pequeno porte nos sete municípios - por exemplo, na área metalmecânica, há mais de 600 fabricantes -, será possível queimar etapas.

Dessa forma, pode ser iniciado logo em seguida ao levantamento, projeto de direcionamento dos empresários, fazendo diagnósticos individuais do que as companhias precisam (capacitação em gestão, certificação, crédito etc) para atender a estatal ou os fornecedores da petrolífera.

A dirigente relata que desde 2006 a regional do Sebrae já desenvolvia parceira com a Petrobras para capacitar pequenos empresários, mas há dois anos ação movida pelo Ministério Público do Trabalho obrigou a entidade a rever procedimentos - o processo na Justiça impediu a contratação de consultores independentes.