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Crise global e aumento de custos impactam balanços
03/11/2012 | 08:31
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Baixos níveis globais de atividade econômica, queda de produção, aumento de custos e dificuldade de repasse de preços estão entre os motivos que afetaram parte dos resultados do terceiro trimestre de 2012 divulgados por companhias abertas até agora. Uma característica recorrente é o aumento do endividamento, que em alguns casos ficou na casa dos 30% na comparação com igual período do ano passado.

 

Analistas explicam que o principal motivo dessa alta no endividamento é que as empresas fizeram dívidas novas, com emissões de bônus e/ou debêntures, para fazer frente aos investimentos. A Petrobrás, por exemplo, emitiu em setembro três tranches de bônus em euros e em libras. A empresa vendeu 1,3 bilhão em notas para abril de 2019, 700 milhões em notas para outubro de 2023 e £ 400 milhões em notas para outubro de 2029. Também em setembro, a Vale emitiu US$ 1,5 bilhão em bônus com cupom de 5,625% ao ano e vencimento em 2042.

 

Por outro lado, aumento de vendas e repasse de preços beneficiaram empresas voltadas ao consumo interno e ao varejo (ver matéria abaixo). É o que mostram os números de 45 empresas, apresentados na primeira metade desta temporada de balanços.

 

Commodities

 

"A crise internacional continua impactando as companhias ligadas a commodities", avalia o analista-chefe da corretora SLW, Pedro Galdi. "De uma maneira geral, podemos dizer que as empresas voltadas ao mercado externo sofreram mais no terceiro trimestre, enquanto as relacionadas ao mercado interno estão se saindo melhor, por conta de uma economia doméstica mais aquecida, dos juros mais baixos e das medidas de estímulo do governo."

 

Até agora, os resultados da Petrobrás e das siderúrgicas são os que ficaram mais abaixo das expectativas dos analistas. O lucro da estatal petrolífera, de R$ 5,567 bilhões de julho a setembro, ficou 12,1% abaixo do verificado em igual intervalo do ano passado e 31% inferior às projeções de analistas consultados pela Agência Estado. A dívida líquida da companhia subiu 30%, para R$ 133,936 bilhões. "É um aumento razoável, mas está dentro do limite de alavancagem da empresa", comenta Erick Scott, analista da SLW.

 

O cenário para o setor siderúrgico, de margens pressionadas com a dificuldade de aumento de preços do aço diante da crise no mercado internacional e da alta das importações, se confirmou nos três balanços apresentados, como o da CSN, que também viu sua dívida líquida crescer 30% em relação ao mesmo período de 2011. A siderúrgica registrou um lucro de R$ 159 milhões, queda de 85,5% na comparação anual e número 30,7% menor que as estimativas.

 

Quanto à Usiminas, o prejuízo de R$ 124,9 milhões veio pior que as expectativas do mercado. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 149,666 milhões veio abaixo das projeções do mercado, impactado por preços e volumes menores de vendas de minério de ferro e de aço.

 

Já a produção de aço bruto da Gerdau caiu 5% no terceiro trimestre do ano em relação ao mesmo período do ano passado, para 4,747 milhões de toneladas. As vendas de aço no intervalo entre julho e setembro ficaram em 4,774 milhões de toneladas, queda de 2% em relação ao mesmo período de 2011.

 

Minério

 

A Vale também registrou números piores no terceiro trimestre, tanto no lucro líquido quanto no Ebitda e na receita operacional. A dívida líquida avançou 33,4% na comparação anual. A queda contínua do preço internacional do minério de ferro, a partir do último trimestre do ano passado, foi o fator principal para a retração do lucro no intervalo entre julho e setembro passados, segundo reportou a própria companhia. Ainda assim, os preços e volumes de minério de ferro surpreenderam analistas positivamente - eles destacaram o Ebitda recorrente de US$ 4,2 bilhões registrado pela mineradora.

 

"Todos esses resultados mais fracos eram esperados, não está ocorrendo nenhum cataclismo", comenta Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Way Investimentos, também citando como pano de fundo a crise internacional. Ele ressalta que as empresas mais afetadas já estão fazendo ajustes para reverter a situação. No caso da Petrobrás, por exemplo, o economista trabalha com a possibilidade de reajuste dos preços dos combustíveis até o fim do ano.

 

Diante dos balanços do terceiro trimestre divulgados até agora, Espírito Santo crê que o quarto trimestre deverá ser melhor para as companhias como um todo. Uma recuperação maior, porém, só deve ocorrer a partir de 2013, com uma estimativa de alta do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 4%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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