A candidata a prefeita de Mauá Vanessa Damo (PMDB) muda radicalmente a estratégia adotada no primeiro turno da corrida e parte para o ataque contra Donisete Braga (PT), seu adversário no segundo turno. Depois do inesperado segundo lugar na votação de domingo, a peemedebista aposta na desconstrução do oponente para vencer a eleição.

Nos primeiros três meses de campanha a prefeiturável foi incitada pelo petista e outros concorrentes, que questionaram sua atuação como deputada estadual e, principalmente, o fato de, segundo eles, Vanessa esconder da disputa o seu pai, o ex-prefeito Leonel Damo, cujo último governo (de 2005 a 2008) ostenta recorde de reprovação popular.

Na primeira etapa, a candidata, que liderava todas as pesquisas de intenções de votos, evitou o confronto direto. Sempre que questionada, se limitava a dizer que é figura política diferente da do pai. Depois da derrota parcial no primeiro turno (obteve 33,9% dos votos válidos, contra 38,34% de Donisete), o comportamento mudou.

Sexta-feira, no anúncio de apoio do PTB à sua candidatura, Vanessa foi prestigiada pelo pai. Leonel também caminhou ao lado da filha por feiras livres da cidade ontem de manhã. "Dizem que escondo o meu pai, me se tem alguém que esconde alguma coisa nessa eleição é o Donisete, que é apoiado por mensaleiros", disparou. Ela declarou ter lido na internet que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (condenado no escândalo do Mensalão) manifestou apoio à candidatura petista em Mauá.

Além de atrelar a campanha petista ao Mensalão, Vanessa Damo também se esforça para alardear que a eleição do adversário representaria a continuidade do governo do prefeito Oswaldo Dias (PT), desaprovado pela maioria. Na andança, a peemedebista e seus cabos eleitorais distribuíram folhetos aos moradores com o dizer: "Donisete é Oswaldo Dias outra vez na Prefeitura".

O material critica a falta de médicos e de vagas em creches, e a demora na marcação de exames clínicos. Por outro lado, coloca Vanessa como "a mudança que Mauá precisa".

Candidato a vereador derrotado, Toninho Bertucci (PMDB) simbolizou a nova estratégia peemedebista. Ao conversar com moradora do Jardim Ipê, apontou para as casas construídas irregularmente sobre córrego e exclamou: "Se o PT ganhar vai arrancar tudo isso aqui no trator!"

Candidata destaca atuação no Jardim Ipê

Ao caminhar ontem à tarde pelas ruas do Jardim Ipê, Vanessa Damo (PMDB) destacou a própria atuação como deputada estadual para conquistar melhorias para o bairro. Em conversas quase que intimistas com os moradores da Travessa Itaparica, prometeu "continuar ajudando" as famílias caso seja eleita prefeita no dia 28, data do segundo turno.

"Destinei emendas para asfaltar ruas e canalizar alguns córregos desta região", lembrou, ao constatar que a maior parte dos reclames é sobre a Saúde. "Existe uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento 24 horas) próxima (na Vila Magini), mas que não tem médico", criticou.

Vanessa andou sobre palafitas para visitar alguns moradores que construíram casas sobre córregos e prometeu iniciar "grande regularização fundiária". A urbanização do Jardim Ipê já está projetada pelo governo Oswaldo Dias (PT), que aguarda recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mantido pelo governo federal.

Em nenhum momento a candidata abdicou da estratégia de desconstrução da candidatura de Donisete. "O PT prioriza o Centro, asfalta até três vezes a mesma rua, e esquece os bairros afastados", atacou. "Quem quer mudança, vem conosco. Quem quer continuidade, vai com o Donisete."

GINKGO BILOBA

Vanessa Damo respondeu à ironia de Atila Jacomussi (PPS). Na sexta-feira, o ex-prefeiturável, que firmou aliança com Donisete Braga no segundo turno, disse que a peemedebista deveria tomar "ginkgo biloba para reativar a memória" e lembrar de supostos acordos firmados em eleições passadas. "Ao Atila não vou dar atenção porque é incoerente com o que faz e fala."