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Modelos para fugir do óbvio
Vagner Aquino
Do Diário do Grande ABC
26/11/2011 | 07:26
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Apesar de o mercado brasileiro ter hoje mais de 40 marcas e acima de 400 modelos de veículos à venda, o consumidor ainda concentra suas atenções em apenas alguns poucos exemplares diante de tanta diversidade. Só as quatro grandes (Chevrolet, Fiat, Ford e Volkswagen) responderam por 73,32% das vendas internas no mês de outubro, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores.

Há alguns anos, era muito comum encontrar consumidores totalmente fiéis a determinadas marcas. Atualmente, continua existindo fidelidade, mas escondida por trás da comodidade do atendimento pós-vendas. "Comprar carro, hoje em dia, é como investir dinheiro. Na Bolsa de Valores, o montante pode render mais e trazer retorno mais rápido, mas nada como a segurança e a tradição de uma conta-poupança", compara o consultor automotivo Paulo Roberto Garbossa, em alusão às dúvidas do consumidor no momento da compra. A principal delas é a disponibilidade de peças de reposição se o modelo for importado.

"Qualquer veículo está sujeito a quebras e colisões, mas, devido à tradição de mais de 60 anos, as quatro grandes têm mais suporte de peças, e isso influi muito no momento de fechar negócio", enfatiza Garbossa.

 

OUTRAS OFERTAS ­- É por conta da incerteza em relação ao que poderá acontecer dentro de alguns anos que muitas pessoas acabam deixando de lado boas ofertas que o mercado traz. Isso acontece porque o consumidor brasileiro ainda é bastante conservador. "Quando falamos em ‘sair do óbvio', é o mesmo que propor a uma pessoa vestir calça laranja e camiseta roxa. Pode ser uma tendência, mas corre-se o risco de não ter a aprovação geral", comenta Garbossa.

É fato que, no Brasil, para um veículo cair no gosto popular, leva-se (bastante) tempo. A desconfiança que o público tem com as marcas chinesas, por exemplo, já ocorreu com as sul-coreanas e com as japonesas, anos atrás. Mas esse não é problema apenas das asiáticas. As francesas, que chegaram aqui no final dos anos 1990, ainda sofrem certa rejeição - são apenas 12% do mercado brasileiro.

Segundo o consultor, a confiança vem com o tempo. Um forte exemplo vem da Fiat, que há 35 anos aterrissava por aqui com o patinho feio 147 - à época muita gente torceu o nariz - e depois veio o Uno (hoje Mille), mudando a aceitação do consumidor. Atualmente, a montadora italiana com fábrica em Betim, Minas Gerais - que também terá unidade em Goiana, Pernambuco - é a líder em vendas do mercado brasileiro, com 22,27% da participação no segmento de automóveis (e 19,59% em comerciais leves) só em outubro deste ano.

 

DE ENTRADA - Segundo dados da Fenabrave, no mês passado, 31,34% dos consumidores que compraram veículos de entrada optaram pelo VW Gol - 21.959 unidades.

Mas é bom lembrar que há outras opções interessantes no mercado, como o Kia Picanto, por exemplo, que traz design diferenciado, ampla lista de itens de série e motor 1.0 flexível de até 80 cv, com etanol no tanque. Na mesma linha (e por menos de R$ 30 mil na versão de entrada), a Nissan tem o March no portfólio de modelos. As francesas Peugeot e Renault oferecem o 207 e o Clio, respectivamente, que juntos não chegaram a 7% dos emplacamentos de veículos de entrada em outubro.

Outro segmento muito concorrido é o de sedãs médios, em que o Toyota Corolla domina as vendas - a participação foi de 26,37% em outubro. Mas o mercado vem recebendo modelos de peso como o Chevrolet Cruze, que está caindo no gosto do brasileiro - foram vendidas 2.034 unidades no mês passado.

O Nissan Sentra também é boa opção no segmento. Mas o modelo, que ganhou o motor flex no ano passado, não emplacou - foram apenas 690 unidades vendidas em outubro. Segundo Paulo Roberto Garbossa, consultor automotivo, "cada veículo agrada ao consumidor por determinada característica, como design e custo-benefício, por exemplo, mas o que mais pesa na hora da escolha é passar segurança ao consumidor".

Não é à toa que a sul-coreana Hyundai tem investido fortemente nos últimos anos em propaganda e pós-vendas. Quebrando paradigmas, seus modelos também se tornaram objetos de desejo pelo design diferenciado, caso do Veloster, que está seguindo os passos do i30, líder do segmento de hatches médios no acumulado de janeiro até a primeira quinzena deste mês, com  31.737 unidades emplacadas. O Veloster teve 3.315 unidades comercializadas desde o início das vendas, em meados de setembro. Só neste mês, até o dia 23, já foram emplacadas 1.100 unidades.




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