O tucano defendeu uma maior discussão sobre a maneira como são aplicadas as cotas raciais e classificou de "inaceitáveis" os chamados "tribunais raciais", comissões encarregadas de homologar ou não as inscrições de estudantes que optam pelo sistema de cotas nas universidades. "Nós temos de discutir a maneira de aplicar essas cotas raciais, porque não são aceitáveis 'tribunais raciais'", afirmou o ex-presidente. O tucano reconheceu ainda avanços na promoção da igualdade racial durante a administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como a criação, em 2003, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
A ministra Luiza Barrios concordou com a avaliação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de que democracia e racismo são incompatíveis e destacou que as cotas raciais são um poderoso instrumento de política pública para promover inclusão em alguns espaços. "E isso foi provado com a questão do acesso ao ensino superior", considerou. "E eu acho que, agora, nós temos que nos provar e nos testar em outras áreas, a exemplo do mercado de trabalho", acrescentou. A ministra considerou ainda que há no Brasil uma dificuldade de identificar o racismo como produto das desigualdades sociais e avaliou que, apesar de ter havido avanços nos últimos anos, os preconceitos raciais ainda persistem na sociedade brasileira.
A ministra lembrou que, pela primeira vez, um programa voltado ao enfrentamento do racismo e à promoção da igualdade racial foi inserido no Plano Plurianual do governo federal, de 2012, e ressaltou a importância de se debater a questão racial em uma eventual reforma política. Ela lembrou que, apesar da maioria da população considerar-se negra ou parda, segundo dados do Censo 2010, há apenas vinte e um parlamentares negros no Congresso Nacional. "Cabe a setores da sociedade discutir a igualdade racial no âmbito da reforma política", frisou.
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