Política Titulo Tensão
Em debate, Dedé e Saulo
discutem Saúde de Ribeirão

Candidatos à Prefeitura polarizaram embate; ações judiciais
que têm sido a tônica das campanhas foram deixadas de lado

Cynthia Tavares
Erica Martin
25/09/2012 | 07:27
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O primeiro encontro entre o vice-prefeito de Ribeirão Pires, Edinaldo de Menezes, o Dedé (PPS), e o vereador Saulo Benevides (PMDB) na campanha pelo Paço foi tenso. A dupla polarizou o debate do Diário, realizado na noite de ontem na USCS (Universidade Municipal de São Caetano), em que o tema central foi Saúde.

Nos bastidores, os dois não se cumprimentaram. Em frente às câmeras, Saulo e Dedé não fugiram do enfrentamento e tiveram quatro embates diretos.

A provocação do governista ocorreu já no primeiro bloco. "Gostaria de dizer ao Saulo que estava com saudade dele, pois não o vi participando de nenhum debate até o momento", alfinetou o vice-prefeito. Foram quatro eventos que reuniram os prefeituráveis e o peemedebista sempre foi ausente.

Saulo retrucou na fala seguinte e chamou o adversário de desinformado. "Participei de debates com a população. Tenho propostas e plano de governo, coisa que o senhor não tem", disparou Saulo - o popular-socialista retrucou posteriormente dizendo que seu caderno de ações está nas ruas.

A primeira discussão direta foi ocasionada por Dedé, que criticou as propostas do peemedebista. "Está há 16 anos na Câmara e nunca pediu novo hospital, mas pediu para construir aeroporto e colocou no seu plano de governo que deseja zoológico e minhocário", atacou.

O parlamentar lembrou que denunciou a atual administração ao TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) por supostas irregularidades nas contas da Saúde. "Eu fui quem mais denunciou ao tribunal os problemas existentes", destacou o oposicionista.

As supostas irregularidades nas contabilidades da Saúde embasaram os ataques de Saulo, que perguntou ao vice-prefeito sobre a terceirização do sistema, modelo adotado pelo Executivo até o começo deste ano. Foram quatro empresas num período de oito anos e diversos processos por suposto esquema de desvio - os bens do prefeito Clóvis Volpi (PV) foram bloqueados pela Justiça. "Fácil é falar de desvio de dinheiro a três meses da eleição. Quero debater Saúde humanizada", desconversou Dedé.

Apesar das críticas, quando questionado sobre propostas para a Saúde durante seus quatro mandatos como parlamentar, Saulo desconversou. "A função do vereador é fiscalizar o Executivo. A população tem conhecimento que a Saúde é ruim", defendeu.

Os problemas jurídicos de Dedé, indeferido pela Justiça Eleitoral, e de Saulo, que pode ter o registro de candidatura cassado na quinta-feira, foram ignorados por todos os candidatos no debate.

 

MAIS ATAQUES

A candidata do PT e ex-prefeita, Maria Inês Soares, que leu suas propostas para a Educação, questionou Saulo sobre o rompimento dele com o governo Volpi e declarou que não vê o adversário como o novo. "Mágoa, ódio e vingança não são bons conselheiros. Não considero que o senhor seja candidato da mudança", disparou.

O prefeiturável Alberto Ticianelli (Psol) foi além e reiterou que Dedé, Saulo e Maria Inês representam o mesmo projeto político. "Não tenho vínculos com ninguém nem com o que tem sido feito. Vocês (eleitores) têm a opção de votar no novo ou esperar por mudanças daqui a 30 anos", criticou.

 

Socialista critica trens e fala em rever situação dos trens da CPTM

Alberto Ticianelli, candidato do Psol, falou em rever parceria com o governo do Estado com relação à situação dos trens que circulam em Ribeirão Pires. "A CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) está um lixo. Não sei se eles (governo do Estado) acham que podem fazer o que querem com a cidade e com os munícipes."

O candidato criticou principalmente a lotação dos vagões no período da manhã, além do preço da passagem dos ônibus, atualmente em R$ 2,90.

 

CRÍTICAS

A candidata do PT, Maria Inês Soares, defendeu a forma como tratou do funcionalismo, enquanto prefeita da cidade, entre 1997 e 2004. Um exemplo é o reajuste salarial aos funcionários públicos, que, segundo ela, foi de 12,6%. Entretanto, o socialista criticou seu argumento. "Sugiro que você converse com os professores. Não é isso que eles têm dito. Eles têm uma magoa mito grande".

O candidato do Psol, que informou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o valor de R$ 700 mil como o gasto limite de sua campanha - o menor valor declarado entre os candidatos do município -, também recriminou a propaganda eleitoral feita por seus adversários. "Se o mesmo dinheiro de campanha fosse gasto para construção de creches, daria para construir muitas delas."

 

Popular-socialista anuncia proposta inédita: o Cartão Saúde

Em meio ao debate sobre a Saúde, Dedé (PPS) prometeu criar o Cartão Saúde, por meio do qual pretende cadastrar todos os atendimentos do paciente na rede pública municipal. A iniciativa faz parte do programa Cidades Inteligentes, que alia tecnologia da informação à administração. A proposta foi novidade, pois até o momento ela não havia sido apresentada aos eleitores nesta campanha.

O popular-socialista afirmou que o cadastro mapeará as demandas da Saúde. "O Cartão Saúde dará ao prefeito conhecimento da demanda para contratar médicos especialistas e comprar remédios que a população tem mais necessidade", destacou o prefeiturável.

O atual vice-prefeito ressaltou que irá transformar o Hospital e Maternidade São Lucas em centro médico voltado para Saúde da mulher e atendimento infantil. Dedé completou que o Complexo Hospitalar Santa Luzia, com inauguração prevista para o ano que vem, irá centralizar todo pronto-socorro municipal - o local já abriga uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento 24 horas).

O candidato do PPS aproveitou para criticar a proposta de Saulo Benevides (PMDB) de estadualizar o novo hospital. "A Saúde precisa ser melhorada e não transferir a responsabilidade", alfinetou.

 

Petista questiona guerra fiscal e cita alternativas para atrair empresas

A prefeiturável pelo PT, Maria Inês Soares, criticou a redução de impostos como forma de atrair empresas para a cidade e afirmou que há outras iniciativas para incentivar a chegada de negócios à cidade. "A isenção fiscal é totalmente ultrapassada."

A frase foi dita após o candidato Edinaldo de Menezes, o Dedé (PPS), dizer que "ao contrário do PT, sou favorável à guerra fiscal."

Maria Inês é contra a cobrança menor de imposto desde quando governou a cidade, entre 1997 e 2004. Durante sua gestão, a petista fez acordos regionais com as seis cidades vizinhas para uniformizar os tributos e acabar com a guerra fiscal.

Como alternativa para favorecer o desenvolvimento econômico, a petista citou a expansão da rede de internet banda larga, a qualificação de mão de obra e o local - pelo fato de a cidade ter alto poder de consumo - como propostas mais interessantes para seduzir empresários. Além disso, afirmou que seu governo irá focar na atração de empresas de alta tecnologia e, para isso, pretende levar para Ribeirão Pires escolas técnicas federais, campus da UFABC (Universidade Federal do ABC), parque tecnológico e também pleitear uma alça do Trecho Norte do Rodoanel Mário Covas, com o governo do Estado, para acesso à cidade.

 

Peemedebista fala em zerar deficit em creches e construir escolas

O peemedebista Saulo Benevides, candidato à Prefeitura, afirmou que tem planos para a Educação de Ribeirão Pires. "Vamos zerar o deficit de crianças que estão fora da creche (hoje são cerca de 1.000) e construir novas escolas municipais."

Além disso, afirmou que irá melhorar a qualidade da merenda dos alunos que estão matriculados nas redes estadual e municipal, já que muitos estudantes vão para a escola com o objetivo principal de se alimentar. Entretanto, não citou o número de escolas que pretende construir nem em quanto tempo será possível implementar os projetos.

 

OUTROS TEMAS

O postulante do PMDB, que criticou a falta de remédios e de exames para população, falou sobre a intenção de descentralizar o atendimento da Saúde. O candidato projeta levar para os bairros atendimento odontológico e ginecológico, entre outras especialidades, para que os munícipes não precisem se deslocar.

"As pessoas saem de Ribeirão para fazer exames em outras cidades e ficam com fome porque muitas vezes não tem R$ 1 para comprar uma coxinha."

O peemedebista, que ocupa a cadeira de vereador há 16 anos, não citou projetos relacionados à Saúde ou Educação que implementou como integrante do Legislativo no período.




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