Inspirados pelo tempo em que a boa e criativa música popular brasileira parecia jorrar da bica, um grupo de produtores organizou o Festival Outras Noites, de reverência aos clássicos músicos dos tempos dos festivais. A principal referência para a criação do projeto foi o documentário 'Uma Noite em 67'.

Geraldo Vandré, Secos & Molhados, Chico Buarque, Roberto e Erasmo, Wilson Simonal, Nara Leão e Gonzaguinha estão entre os artistas que ganham releituras nas vozes e instrumentos de jovens bandas em casas de shows paulistanas.

Elis Regina, uma das mais poderosas artistas do período, terá versão regional através da banda Cantarilhos. O grupo estreia hoje no projeto, com show às 21h no Espaço Cultural Serralheria (Rua Guaicurus, 857. Tel.: 67940124), em São Paulo. A entrada custa R$ 12.

O desafio de interpretar a Pimentinha foi sugerido à Alba Brito - que capitaneia o Cantarilhos - por telefone. Sugestão aceita, não sem antes uma "pausa para pensar", foi uma correria para levantar repertório e trabalhar os arranjos ao lado de Kauê Palazolli (violão e voz), Ivan Garro (percussão, bateria e voz) e Daniel Chiarelli (baixo).

"Procuro vivenciar todos os talentos de Elis à minha maneira. Ela consegue emprestar qualquer emoção a todas as canções sem perder o tom. Cada música dela é feita com variação de sentimentos e nuances nos quais você embarca facilmente", conta Alba.

A seleção recaiu sobre canções mais leves como 'Madalena', 'Upa Neguinho' e 'Triste'. Duas pepitas, não tão conhecidas, estão no setlist: 'Caça à Raposa' e 'Mundo Deserto'.

"Batemos o martelo nessas cinco, que são as que têm a ver com o nosso projeto, discurso. Elas estão relidas à nossa maneira. Não tem ninguém fazendo o César Camargo Mariano."

A apresentação - que contará com Léo Trindade revisando Lô Borges e O Jardim das Horas interpretando Novos Baianos - mesclará temas autorais com composições do artista ou banda homenageados.

Entra em pauta também o projeto Cantarilhos e Você - show patrocinado pelo Fundo Municipal de Cultura andreense que circulou pela cidade no meio do ano -, com as composições autorais que fizeram parte da pequena turnê.

"É um horizonte inteiramente azul, sem nenhuma nuvenzinha, a oportunidade de tocar em espaços onde ainda não chegamos ao lado de bandas, algumas conhecidas e outras nem tanto, que gostamos e que nos inspiram É uma grande vitrine."

O medo de reverenciar clássicos artistas se mistura à vontade de consolidar um projeto artístico, angariar públicos e ultrapassar a fronteira - e as dificuldades - regional. "São músicas que adaptamos e temos na nossa manga para outros projetos. Canções que sempre estarão vivas, mas que trazemos com o nosso jeito de olhar e cantar. É como dar um salto no abismo, porque não são quaisquer composições, são trabalhos de pessoas que são as maiores referências e influências da MPB", revela Alba.