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Vaga na semi nos
pés de dois craques

Apesar de estilo e números bem parecidos, os jogadores têm posicionamentos diferentes em campo

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
04/07/2014 | 07:52
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Estadão Conteúdo


Serão 22 jogadores em campo no duelo entre Brasil e Colômbia, às 17h de hoje, no Estádio Castelão, em Fortaleza, mas só dois são sérios candidatos a protagonista no confronto que vai levar uma das seleções para as semifinais da Copa do Mundo. Neymar e James Rodríguez carregam nas costas a esperança de milhares de brasileiros e colombianos, respectivamente.

 São muitas as características que aproximam os jogadores, desde a idade (ambos têm 22 anos), passando pelo simbólico número 10 que carregam nas costas até os dados estatísticos. Os dois deram 15 chutes contra os gols adversários e o colombiano, que é o artilheiro do Mundial, leva ligeira vantagem no aproveitamento, com cinco gols contra quatro de Neymar.

 Apesar de estilo e números bem parecidos, os jogadores têm posicionamentos diferentes em campo. Enquanto James atua mais centralizado, na intermediária, Neymar cumpre função tática na Seleção Brasileira, caindo pelos lados do campo e voltando quase sempre para recompor a marcação, tanto que já percorreu 40,8 quilômetros, contra 36 de seu concorrente. Chama bastante atenção nas estatísticas fornecidas pela Fifa a velocidade máxima atingida pelos dois jogadores. Neymar já chegou aos incríveis 31,8 km/h enquanto o colombiano alcançou 30,9 km/h.

 É certo que o sucesso de Brasil e Colômbia no jogo decisivo de hoje passa pelos pés dos atacantes, não só pelas características ofensivas e status de craque, mas pela confiança dos demais jogadores em Neymar e James. No total, 10,6% dos passes realizados pela Colômbia são do jogador do Monaco, enquanto o brasileiro tem 7,3% de participação na equipe de Luiz Felipe Scolari. Além disso, sete dos 11 gols colombianos passaram pelos pés do seu craque (63,3%). Já Neymar proporcionou metade dos tentos brasileiros.

 Apesar da efetividade de ambos em campo, os treinadores descartam realizar algum tipo de marcação individual. “Nós não vamos fazer esse tipo de marcação especial, vamos marcar o setor. Não vi nenhum time fazendo marcação especial nesta Copa do Mundo”, comentou Felipão. “Neymar é um craque fora de série. Precisamos ficar atentos e focados em todos os seus movimentos”, recomendou o técnico argentino José Pekerman, que comanda os colombianos.

 Ao contrário de Felipão, que nas entrevistas tentar tirar a responsabilidade de Neymar, chegando ao exagero de dizer que o craque do Barcelona é apenas mais um dentro do grupo brasileiro, na Colômbia o discurso é de adoração a James Rodríguez. “Nunca tive dúvida de que essa Copa seria a do James Rodríguez”, exaltou Pekerman. “James deu muito de si, enfrentando bravamente a responsabilidade, o que é importante destacar em um jogador tão jovem. Ele cresceu muito com tanta responsabilidade. Temos um James Rodríguez impressionante neste torneio”, acrescentou.

 Jovens, habilidosos, finalizadores e goleadores, os números dos atacantes impressionam, mas será hoje, na decisão, que eles terão de colocar todo o talento individual em campo e conduzir sua seleção para a semifinal. Quem se sairá melhor? Faça sua aposta. 

Felipão confirma Paulinho, critica 

imprensa e volta a mostrar confiança

Apesar de ter fechado o último treino antes do jogo contra a Colômbia para a imprensa – apenas os 15 primeiros minutos foram liberados por exigência da Fifa –, Felipão confirmou que Paulinho vai herdar a vaga deixada por Luiz Gustavo, suspenso pelo segundo cartão amarelo. O treinador concedeu entrevista coletiva ontem, no Estádio Castelão, em Fortaleza, onde será realizada a partida válida pelas quartas de final da Copa do Mundo e mostrou que não anda de bom humor com a imprensa brasileira. 

 Cobrado pelos jornalistas sobre a reunião que fez com apenas seis integrantes da imprensa durante a semana, o treinador perdeu a compostura. “Tem alguns jornalistas que gosto mais, que são meus amigos há mais de 30 anos. Os que não foram chamados é porque não gosto deles tanto assim, ou porque eu não queria falar agora. Mas ciúme de homem, por favor, não! De mulher ainda vai, mas de homem? Não me arrependo da conversa com quem gosto, com meus amigos. É o meu jeito. E quem não gostou, que vá para o inferno”, disse. 

 O técnico negou que tenha usado a conversa com os profissionais da imprensa para discutir a parte tática do time brasileiro. “Conversamos sobre vários assuntos, queria saber a interpretação de quem está de fora, mas a parte tática do time quem escolhe sou eu”, garantiu.

 Sem medo da pressão, Felipão reafirmou confiança depositada por Parreira antes da Copa. “Somos os favoritos sim e estamos com uma mão na taça. O Parreira disse e foi muito bem na sua colocação”, afirmou.

 Felipão também esclareceu que não disse no encontro que gostaria de trocar um dos 23 jogadores à disposição. “Comentei que gostaria de ter no grupo jogadores de determinadas características de acordo com os adversários que vamos enfrentar. Acho que todo treinador gostaria desta chance nesta fase da Copa”, declarou.

 Quando se propôs a falar exclusivamente do time que vai a campo diante da Colômbia, Felipão esclareceu a dúvida no meio campo com a escalação de Paulinho, mas afirmou que tem uma alternativa no caso de as coisas não saírem como o desejado pela comissão técnica.

 “Testei algumas formações diferentes para alguns momentos do duelo. (A escalação do) Henrique é opção (no meio campo) dependendo do andamento do jogo e do resultado. É situação à qual ele está acostumado comigo porque já jogamos assim no Palmeiras, mas ele nunca atuou com Thiago (Silva) nem com David (Luiz), então é um pouquinho diferente o posicionamento. Em princípio é uma opção”, disse o técnico. 

Para Thiago Silva, comentários não abalam confiança da delegação

Para Thiago Silva, comentários não abalam confiança da delegação

 Muito criticado pelo comportamento na cobrança de pênaltis entre Brasil e Chile, sábado, em Belo Horizonte, em decisão que classificou a Seleção para as quartas de final da Copa do Mundo, o zagueiro Thiago Silva disse ontem que os comentários não o afetam. O capitão do time preferiu o isolamento a tentar motivar os jogadores antes das cobranças. 

 “Meu técnico está do meu lado. Ele é meu comandante e nunca criticou a minha atitude. O presidente (da CBF, José Maria) Marín também me ligou. A imprensa está dividida, uns falam mal, outros apoiam. Acho que todos deveriam apoiar. A gente precisa do apoio neste momento. Nada negativo a gente vai deixar entrar aqui”, comentou Thiago Silva.

 O jogador garantiu que a delegação brasileira está bem emocionalmente e que a pressão pela conquista do hexacampeonato não tem abalado o time. “Isso (o choro deliberado dos atletas em campo) acontece quando a gente se entrega pelo que ama fazer. O que tive foi uma descarga emocional. Me entrego de corpo e alma e é difícil não se emocionar. Isso não me atrapalha em nenhum momento, pelo contrário, me ajuda. Superei a tuberculose, corri risco de morte. Posso dizer que sou um campeão.”

 Ao lado do zagueiro, Felipão pediu a palavra para defendê-lo. “Na Euro de 2004 (por Portugal), contra a Inglaterra, tirei o Figo aos 20 do segundo tempo e ele foi para o vestiário. Empatamos, fomos para os pênaltis e fui cobrado o porquê de o Figo não estar ali. Ele ficou em frente à imagem de Nossa Senhora de Fátima rezando pelos companheiros. Cada um tem uma atitude”, disse. 

Técnico da Colômbia fala em se divertir contra o Brasil

Apesar de entender a responsabilidade de enfrentar pela primeira vez o Brasil em uma Copa do Mundo e o que significaria a vitória para o futebol colombiano, o técnico argentino que comanda dos adversários da Seleção, José Pékerman, tratou de tentar diminuir o peso nas costas dos jogadores e por várias vezes na entrevista coletiva de ontem falou em se divertir hoje em campo. 

 “A Colômbia voltou ao Mundial depois de muito tempo e está curtindo, quer mostrar seu potencial”, comentou o treinador, lembrando que a última vez que os colombianos estiveram na Copa foi na França, em 1998, quando foram eliminados na primeira fase.

 O treinador reconheceu a superioridade da Seleção Brasileira, mas garantiu que a Colômbia sonha. “Estamos muito contentes. O Brasil é pentacampeão mundial, o grande País da história do futebol, que todos admiram por seu pensamento e estilo de jogo. Todos estão felizes por poder enfrentar o Brasil. Será difícil, mas estamos preparados para conseguir a vaga na semifinal”, garantiu.

 O que pode contribuir com a façanha colombiana é a força de seus inflamados torcedores, que deram show nos primeiros quatro jogos da equipe no Mundial. “O carinho é imenso. Não há palavras. Sempre fizeram sentir isso. Qualquer força para representá-los é pouca. Sabemos que (os torcedores) estão desfrutando e compreendem que essa equipe vai lutar até o último minuto para manter a esperança. Esperamos fazer bem e seguir adiante”, projetou Pékerman.

 Para finalizar, o treinador disse como pretende derrubar o Brasil. “É não pensar em situações prévias. Nossa equipe sempre joga melhor na frente, temos um desafio novo a cada partida, não podemos pensar no que passou tanto com a gente quanto com o Brasil. É seguir com o que temos feito, com toda a confiança. Não sentir que haja um favorito ou que a partida terá alguma facilidade”.

Torcida mostra apoio e faz jogadores descerem no hotel

Por razões óbvias, a torcida colombiana será minoria hoje contra o Brasil, mas não menos barulhenta. Pelo menos foi isso que ficou evidente ontem, em Fortaleza. Presentes em frente ao hotel onde a delegação está concentrada, a torcida fez festa e o barulho convenceu os goleiros Ospina e Mondragón, o zagueiro Yepes, o lateral-direito Zúñiga e o atacante Gutiérrez a descerem para ter contato mais próximo com os fãs.

 Mais tarde, em entrevista concedida no Castelão, Zúñiga elogiou a postura dos torcedores. “É um gesto bonito (sair do país de origem para apoiar a seleção), mas que nos dá ainda mais responsabilidade. Não é nada fácil fazer isso. Mas o importante é a energia que eles nos transmitem”, comentou.

 O lateral-direito do Napoli reconheceu que derrotar os anfitriões não será fácil, mas prometeu empenho durante todo o jogo. “Sabemos que vai ser complicado, que vai ser difícil, mas, com humildade, vamos tentar conseguir essa classificação que será história para o povo colombiano”, comentou.

Torcedor ganha as ruas de Fortaleza para curtir fim da Copa

Fortaleza, a cidade que se auto-intitula a ‘Capital da Alegria’, ficará triste depois de hoje. O jogo do Brasil contra a Colômbia, às 17h, será o último da Copa no Castelão e o torcedor já mostra que sentirá saudades. Para aproveitar as últimas horas de Mundial e demostrar seu amor pela Seleção, o cearense saiu de casa. Só no Estádio Presidente Vargas, onde o time brasileiro fez o último treino, centenas de pessoas se aglomeraram em frente ao portão.

 O contato dos jogadores com os torcedores foi mínimo. A escolta policial impediu a aproximação, tanto no hotel onde a delegação está concentrada como no treino. Eles receberam, no máximo, um aceno quando o ônibus chegou. Uma torcedora cadeirante, porém, foi privilegiada. Sensibilizados, os atletas pediram para a segurança liberar a sua entrada e ela foi cercada pelo grupo. 

 O distanciamento frustrou alguns fãs. Ronara Corpes, 25 anos, atendeu o desejo e trouxe as três filhas para tentar ver os jogadores no Presidente Vargas. “Chegamos uma hora e meia antes do ônibus e não conseguimos ver nada. Muito triste. Pensei que seriam liberados, ao menos, os 15 primeiros minutos”, comentou. “Queria muito ver o David Luiz. Adoro ele”, acrescentou Mirela Corpes, filha mais velha, com 10 anos.

 Mas Fortaleza não tem do que reclamar. A cidade será a única a ter o privilégio de receber dois jogos da Seleção Brasileira na Copa do Mundo, já que sediou também o duelo diante do México, pela segunda rodada da primeira fase. “Como não fizemos gol naquela partida (o jogo terminou 0 a 0), espero que, desta vez, consigamos balançar a rede para fazer a alegria do torcedor cearense, que merece muito”, declarou o capitão brasileiro Thiago Silva.

 Além dos dois jogos envolvendo a Seleção Brasileira, o Estádio Castelão recebeu mais quatro partidas da Copa: Costa Rica 3 x 1 Uruguai, Alemanha 2 x 2 Gana, Grécia 2 x 1 Costa do Marfim, todos pela primeira fase, além de Holanda 2 x 1 México, pelas oitavas de final. 

 Por conta da sequência de confrontos, o gramado do estádio não está em perfeitas condições. Por isso, Brasil e Colômbia foram obrigados a treinar em campos alternativos. 




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