Política Titulo Eleições 2012
Rivais ligam Luiz
Marinho ao Mensalão

Candidato do PT à reeleição em S.Bernardo falta ao debate
do Diário, mas não escapa das críticas dos quatro adversários

Rogério Santos
Thiago Bassan
19/09/2012 | 07:17
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Se o prefeito de São Bernardo e candidato à reeleição pelo PT, Luiz Marinho, faltou ao debate promovido ontem pelo Diário para fugir das críticas dos adversários, a estratégia não deu certo. Além de ser chamado de "fujão", "arrogante", "medroso" e "omisso", o petista foi novamente vinculado ao Mensalão, por ter sido candidato a vice-governador, em 2002, na chapa encabeçada por José Genoino, um dos réus do escândalo de corrupção e compra de votos no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está sendo julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). O tema norteou boa parte dos comentários dos aspirantes ao Paço são-bernardense.

O primeiro a comentar o assunto foi Alex Manente (PPS), ao questionar Aldo Santos (Psol) se ele deixou o PT por causa do Mensalão, mencionando o ministro do STF Joaquim Barbosa, que disse na terça-feira que um dos alvos da compra de apoio de parlamentares foi a reforma da Previdência, Pasta chefiada por Marinho entre março de 2007 e julho de 2008.

"O Mensalão tem o coração em Brasília e a cabeça em São Bernardo. Já o Alex Manente tem um vice (Admir Ferro) que é do PSDB, partido ligado ao (contraventor) Carlinhos Cachoeira. Portanto, é o sujo falando do mal lavado", respondeu Aldo.

Com a ausência de Marinho, o popular-socialista foi alvo de críticas, principalmente de Ademir Silvestre (PSC), que ressaltou, em duas ocasiões, que Alex passou de adversário a aliado do prefeito no segundo turno da eleição de 2008 - inclusive, no início do governo petista indicou o secretário de Comunicação. E agora voltou a ser adversário.

"Apoiei o candidato que entendia que representava a mudança para a cidade, o que não aconteceu. A Saúde está péssima e a cidade não tem um serviço público de qualidade", justificou Alex.

Foi uma das únicas defesas do popular-socialista durante o debate. Nas respostas às provocações, ele preferiu apresentar propostas e atrelar seu nome ao do governador Geraldo Alckmin (PSDB), citando o nome do tucano oito vezes. Alex reafirmou, se eleito, o governo estadual será um dos principais parceiros de sua gestão na Prefeitura.

O candidato do PPS considerou-se o único que apresentou propostas no debate. "Foi um encontro produtivo, mas tentei a todo momento colocar propostas, mesmo com provocações. O intuito era esse, acredito que a eleição precisa ser focada em entender que existem duas candidaturas: uma prega a continuidade do PT e a outra, que é a nossa. Grande parte da população sabe das nossas metas e onde a cidade pode avançar".

Ademir Silvestre criticou os demais concorrentes pelo fato de não citarem a ausência de Marinho logo no primeiro bloco, destinado à pergunta sobre Desenvolvimento Econômico. "Tenho a impressão de que ele está bem representado aqui. Na última eleição, a conjuntura garantiu a vitória dele", disse Ademir.

A candidata Lígia Gomes (PSTU) classificou a ausência de Marinho como um desrespeito à população, que precisa saber quais são suas propostas e considerou a atitude do prefeito medrosa e arrogante. Prometeu mudanças. "O PSTU quer inverter a lógica da cidade direcionada aos ricos. Temos que ter ela de volta para os trabalhadores", afirmou.

Já o candidato Aldo Santos (Psol) também frisou que o petista teve atitude omissa e de desrespeito, como ocorreu em outros debates.

 

Alex é o mais enfático na apresentação de propostas para a Saúde

 

O candidato do PPS, Alex Manente, foi o mais enfático na apresentação de propostas relacionadas à Saúde. O popular-socialista prometeu reabrir unidades que foram fechadas pela atual administração e disse que pretende colocar a Santa Casa para funcionamento imediato em seu mandato.

Alex disse que outra de suas iniciativas é reajustar o salário dos agentes de Saúde e contratar mais 1.500 médicos para a rede. Um dos programas apresentados pelo candidato é o Remédio em Casa, que consiste na entrega de remédios na casa das pessoas mensalmente. O prefeiturável também falou em transformar o Hospital de Clínicas no padrão de atendimento do Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André.

Além da Saúde, o candidato também falou sobre a questão das creches. Sua proposta tem base nos convênios com as instituições filantrópicas e a realização do programa de isenção fiscal para as empresas privadas, o que atualmente, segundo Alex, não existe. "Ao fim do nosso primeiro ano de mandato, não haverá uma única criança cadastrada no sistema que não esteja em uma creche. E ainda terão merenda decente", declarou o popular-socialista.

Alex disse que quer levar empresas de tecnologia para a cidade, com objetivo de fazer valer a lei de incentivo fiscal.

 

Aldo Santos defende discussão regional da Mobilidade Urbana

 

Ao relatar suas propostas para Mobilidade Urbana, Aldo Santos (Psol) defendeu uma discussão regionalizada sobre o tema, para que as sete cidades da região busquem alternativas conjuntas para o trânsito.

"Precisamos de um transporte público de qualidade, porque a malha viária da cidade está comprometida", disse Aldo.

Para ele, um dos meios para motivar os munícipes a utilizarem o transporte público é a redução da passagem de ônibus de R$ 2.90 para R$ 2, além da municipalização de 10% da frota do município.

"O transporte público tem que servir à população e não visar o lucro, por isso defendemos também o passe livre para estudantes e desempregados", explanou.

Durante seu comentário, o socialista mencionou a chegada da Linha 18-Bronze do Metrô - obra com participação majoritária do governo do Estado - que sairá da Estação Tamanduateí, em São Paulo, e chegará ao Paço em 2015, e a construção de um aeroporto no Grande ABC, como alternativas para desafogar o trânsito na região.

A construção de um terminal de pouso e decolagem em São Bernardo é um dos principais projetos do prefeito Luiz Marinho (PT), que evita comentar o assunto, mas já encaminhou projeto para a presidente Dilma Rousseff (PT).

 

Ademir Silvestre exalta sua atuação como secretário

 

O candidato Ademir Silvestre (PSC) relembrou o período em que foi secretário de Habitação e do Meio Ambiente (de 2003 a 2008, na gestão de William Dib (PSDB), para relatar o que pretende fazer se for eleito prefeito. "Cumpri meu papel como cidadão e como secretário quando exerci o cargo na Prefeitura. Agora, quero ser prefeito para fazer algumas coisas que não consegui fazer na época de secretário, como melhorias na Saúde, Transporte e Educação", declarou.

Ademir afirmou ter sido ele um dos criadores da GCM (Guarda Civil Municipal) na cidade. Mas, apesar de apresentar propostas para a Segurança, não conseguiu explanar solução adequada para o tráfico de drogas e combate ao crack. "O uso do crack é uma doença que precisa de aspecto corretivo. Vamos tratar isso em nosso mandato como um problema de Saúde Pública e apresentar trabalho totalmente direcionado a essa questão", analisou.

Sobre Educação, Ademir disse que essa é uma das suas prioridades e da vice-prefeita, Marini Setti (PSC), professora aposentada. "Valorizo muito a formação das pessoas, por isso escolhi uma vice que entende do assunto. Lamento o nível atual em que a Educação se encontra no município, mas não tenho nada a ver com isso", disse Ademir.

 

Lígia Gomes menciona falta de vagas em creches

 

Única representante da classe feminina a disputar o Paço, Lígia Gomes (PSTU) comentou a dificuldade de as mulheres que trabalham de encontrar vaga nas creches do município para deixar os filhos. Atualmente em São Bernardo há cerca de 5.000 crianças de zero a 4 anos fora escola.

Para ampliar a oferta de vagas, a socialista propõe o calote da dívida do município. "Em 2011 a Prefeitura gastou cerca de R$ 130 milhões com o pagamento da dívida. Com esse dinheiro seria possível construir pelo menos 170 creches, para pelo menos 20 mil", disse.

Outro ponto abordado pela prefeiturável foi a violência doméstica, que atinge mulheres em todo o Brasil. "Infelizmente as mulheres ainda são agredidas de maneira covarde. É preciso aumentar o rigor da lei e acabar com a impunidade", discorreu Lígia, que levou o debate para questões nacionais.

A socialista disse que pretende ampliar os postos de atendimento aos casos de violência contras as mulheres. São Bernardo conta hoje com apenas uma Delegacia da Mulher, localizada no Rudge Ramos.

"A mulher está ampliando sua representação na sociedade, mas o tratamento desigual e preconceituoso por parte dos homens ainda existe, infelizmente. Isso tem que ser combatido", frisou Lígia.




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