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Paciente com câncer de próstata terá nova medicação
10/09/2012 | 09:00
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Uma nova droga que deve chegar ao País a partir de março permitirá que o paciente com câncer de próstata avançado - que já não pode ser tratado com cirurgia - receba a medicação a cada seis meses. Urologistas dizem que a periodicidade favorece a adesão ao tratamento e traz mais conforto ao paciente. A novidade foi discutida na semana passada em São Paulo, no 12.º Congresso Paulista de Urologia.

 

O acetato de leuprorrelina, que tem o nome comercial de Eligard, faz parte do grupo de medicamentos usados na hormonioterapia. Para pacientes que são diagnosticados em estágio mais avançado, com metástase, a supressão do hormônio masculino é a primeira alternativa terapêutica, na medida em que é esse hormônio que "alimenta" o tumor. Caso a terapia hormonal falhe em suas várias formulações, recorre-se à quimioterapia, definida como segunda linha de tratamento. A cirurgia de retirada da próstata só é indicada em casos diagnosticados precocemente.

 

Para o especialista americano David Crawford, que participou do congresso, o desenvolvimento da hormonioterapia vai fazer com que, no futuro, o câncer de próstata avançado seja tratado como uma doença crônica. "Temos esperança de transformar o câncer de próstata avançado em uma doença controlável. Talvez não curável, mas também não se cura diabete ou hipertensão, apenas se trata", diz o urologista, chefe da seção de Uro-Oncologia da Universidade do Colorado.

 

Sobre a medicação semestral, ele conta que tem experiência com pacientes que utilizam a estratégia nos Estados Unidos e observa que ela diminui o risco de falhas na adesão. "Se você opta por esse medicamento, é apenas uma injeção a cada seis meses. O médico continua vendo o paciente, só que o tempo do consultório não é atrelado à injeção, mas ao atendimento clínico."

 

De acordo com o urologista Rodolfo Borges dos Reis, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia - Seccional São Paulo (SBU-SP), para os pacientes que estão em boas condições de saúde, quanto menos se lembrarem da doença, melhor. "Quando a medicação é só a cada seis meses, o paciente vai se lembrar menos da doença. Do ponto de vista psicológico, não ter de tomar remédio todos os dias é melhor."

 

O medicamento, que deve ser aplicado em uma injeção subcutânea, está em fase de aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No Brasil, por enquanto, só estão disponíveis doses mensais e trimestrais. A estimativa é que cada dose semestral custe cerca de R$ 3 mil.

 

Outro avanço são as drogas de hormonioterapia que bloqueiam a produção de testosterona por vários caminhos. Crawford diz que 95% da testosterona vêm do testículo. "Mas quando você bloqueia esse caminho, a testosterona fica esperta e descobre outra maneira de sair. As glândulas adrenais começam a produzi-la, por exemplo. É um mecanismo de defesa." As drogas mais modernas são capazes de driblar esse mecanismo.

 

Prevenção

 

Apesar dos avanços na pesquisa, a prevenção ainda se apresenta como um problema no Brasil. A questão também foi abordada no congresso por Reis. De acordo com ele, o mais grave é que os brasileiros ainda estão sendo diagnosticados tardiamente. O urologista cita que nos EUA 80% dos pacientes diagnosticados com câncer de próstata estão em estágio inicial, mas no Brasil menos de 50% dos diagnosticados no sistema público têm esse benefício.

 

Levantamento coordenado por Reis, da Sociedade Brasileira de Urologia - Seccional São Paulo, em um hospital público de Ribeirão Preto ligado à USP mostrou que 52% dos casos foram diagnosticados já no estágio classificado como "localmente avançado". "Ainda tem muita coisa a ser feita. O Brasil não tem curvas de primeiro mundo em relação ao câncer. Os doentes ainda estão demorando para chegar ao sistema público. Na prática do consultório, isso é um pouco diferente e os pacientes são detectados mais cedo", diz Reis.

 

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), está previsto para este ano o surgimento de 60.180 novos casos de câncer de próstata. A taxa de incidência é de 62,5 casos a cada 100 mil homens. Para Reis, falta aos homens uma educação continuada que mostre a importância de consultar frequentemente urologistas, assim como a mulher já está condicionada a se consultar com ginecologistas. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.




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