O prefeiturável de São Caetano pelo PT, vereador Edgar Nóbrega, renúncia hoje à sua candidatura, após reportagem do Diário sobre divulgação de vídeo nas redes sociais da internet em que teria negociado com o ex-secretário de Governo Tite Campanella (DEM) apoio à administração José Auricchio Júnior (PTB) e evidenciado a existência de suposto ‘mensalinho' na Câmara. A decisão ocorre por determinação da direção estadual do partido e com aval das instâncias nacional e municipal.

A atitude de Edgar ao negociar apoio financeiro de R$ 100 mil para vencer o PED (Processo de Eleições Diretas), assumir o comando do PT de São Caetano em 2009 e garantir oposição tranquila ao governo Auricchio, além de as imagens revelarem suposta conversa sobre repasse de verba mensal no Legislativo, foi considerada uma "estupidez irreparável" e "insustentável" por petistas influentes. O vereador deve se encontrar hoje com representantes da direção nacional e estadual do partido pela manhã e oficializar a desistência por volta das 18h na sede da sigla no município.

Edgar vinha sofrendo pressão pela renúncia de ala petista minoritária, ligada ao ex-presidente da sigla e candidato a vereador Ricardo Rios. O dia de ontem do prefeiturável foi conturbado. Ele tinha confirmado participação no debate da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Caetano e, por recomendação do diretório estadual, não compareceu ao evento. Na segunda-feira, o vereador já havia sido afastado da presidência do PT e sobreviveu à pressão interna por contar com apoio da maioria na executiva municipal.

A prerrogativa do partido nos bastidores era monitorar a repercussão do caso e avaliar a amplitude do problema, já que somente Edgar tem o poder de assinar a desistência da corrida pelo Palácio da Cerâmica. O cenário começou a ser revertido quando o diretório paulista passou a consultar caciques, como o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (leia mais na página 6). O veredicto estava nas mãos do presidente do PT paulista, o deputado estadual Edinho Silva, mas foi o vice, Rafael Marques, que é da região, quem discutiu o caso com os caciques do Grande ABC.

O PT deve apresentar um substituto para seguir na corrida pelo Paço e não prejudicar a chapa proporcional. O nome mais comentado ontem foi o do candidato a vereador João Moraes. Ele ocupou cadeira na Câmara por dois mandatos - 1983-1988 e 1989. Em 1986 disputou e perdeu a eleição para deputado estadual. Moraes participou do processo de prévias no partido para disputar a Prefeitura em 2008 e foi derrotado por Jayme Tortorello com o placar de 373 a 239.

No vídeo, Edgar também teria questionado sobre cargos no Executivo para o candidato a vereador Pio Mielo e se referido à outra pessoa como João, que, segundo o vereador, seria João Formiga. No entanto, no PT é dado como certo que o nome é em referência a Moraes. Por conta disso, o ex-parlamentar não é consenso. O vice na chapa do PT, o cafeicultor Santo Crociari, também circula nos bastidores como substituto, mas sem muita força.

Edgar classificou o vídeo de 17 minutos, divulgado no sábado, de "armação criminosa" e prometeu processar o suposto autor, Tite Campanella, e o responsável pela edição e postagem na internet, o candidato a vereador do PCdoB Eder Xavier. O petista não foi localizado para comentar o caso.