Política Titulo São Caetano
Pinheiro terceiriza serviço sujo e
tem aliado oculto, diz Auricchio

Prefeito diz que ex-aliado está adotando tática de 'guerrilha
nazista' para tentar desconstruir imagem da candidata do PTB

Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
30/08/2012 | 07:00
Compartilhar notícia


Prestes a completar seu segundo mandato e determinado a fazer da ex-secretária de Saúde Regina Maura Zetone (PTB) sua sucessora no comando do Palácio da Cerâmica, o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PTB), não esconde a insatisfação com a forma como o ex-aliado e hoje rival Paulo Pinheiro (PMDB) vem conduzindo sua campanha ao Paço. Para o chefe do Executivo, o vereador peemedebista, que chegou a disputar com Regina a condição de prefeiturável governista, está adotando tática de "guerrilha nazista" para tentar desconstruir a imagem da candidata do PTB. Fugindo de seu habitual estilo polido, Auricchio não poupou seu antigo parceiro no Legislativo e afirmou categoricamente que Pinheiro conta com aliado oculto, de fora da cidade. Mesmo sem dizer textualmente, é voz corrente em São Caetano que o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), estaria ajudando a candidatura do político do PMDB, em espécie de medição de forças com Auricchio e num meio indireto de o PT participar pela primeira vez da administração da cidade. "Há uma clara terceirização do serviço baixo", afirma o chefe do Executivo, que se mostrou decepcionado com Paulo Pinheiro. Auricchio reconhece que seu futuro político, incluindo sua candidatura a deputado estadual, em 2014, passa pelo resultado da eleição municipal deste ano.

 

DIÁRIO - Qual a avaliação o senhor faz do cenário eleitoral de São Caetano neste momento?

JOSÉ AURICCHIO JÚNIOR - Há evidente polarização entre as duas principais candidaturas, que são a da Regina Maura (PTB) e a do Paulo Pinheiro (PMDB), com acirramento muito intenso. E o fato de as candidaturas terem a mesma origem, que é o mesmo grupo político, acaba trazendo esse acirramento para o eleitor. Com certeza, é uma eleição atípica para o cenário de São Caetano.

 

DIÁRIO - Como o senhor avalia o crescimento da candidatura do Paulo Pinheiro, mesmo não tendo hoje um grupo político forte ao seu lado?

AURICCHIO - Apesar de respeitar a candidatura adversária, há claramento um consórcio de interesses por trás da canditura dele. Há uma diversidade de grupos interessados na eleição dele. Grupos que na maior parte não são da cidade, são ligados a outras cidades, inclusive São Bernardo, com presença muito forte em sua campanha, do ponto de vista de ajuda e de operacionalização da candidatura. Isso, obviamente, traz grande dúvida para o futuro da cidade. São Caetano sempre se primou por grupos internos da cidade, como é o nosso. Todos os apoiadores da candidatura da Regina são figuras públicas de São Caetano. Não há ninguém oculto apoiando a candidatura dela. Já não posso afirmar o mesmo em relação à candidatura adversária. Há elementos ligados a outras cidades, com apoios velados, com óbvios interesses futuros. Isso para São Caetano é muito ruim. A cidade nunca passou por um processo desse, de sofrer interferência externa como está sofrendo. Isso não é bom para nenhuma cidade.

 

DIÁRIO - O senhor não imaginava que seria uma campanha de muitos ataques?

AURICCHIO - Não, não imaginava. Foi uma clara decepção. Nós passamos os primeiros 45 dias apresentando oferta enorme de propostas à cidade. A Regina trouxe um plano de governo com participação social. E a candidatura adversária, numa forma de guerrilha nazista, procurou fazer a desconstrução da imagem da candidata. Mas ele não irá conseguir, porque nós temos a credibilidade na cidade para mostrar o contrário disso.

 

DIÁRIO - O senhor considera, então, esta eleição como uma das mais baixas da história de São Caetano?

AURICCHIO - Das que vi, sim. Há clara terceirização do serviço baixo por parte da candidatura adversária. Ele posa como vestal, mas terceiriza o serviço espúrio a membros de sua coligação, que é o jeito mais baixo de fazer política.

 

DIÁRIO - O senhor fica decepcionado com isso?

AURICCHIO - Me decepciona muito, até porque essas atitudes não são compatíveis com os valores que ele sempre apresentou para nós. Mas o que se vê é que o entorno faz a situação.

 

DIÁRIO - Qual a estratégia, então, para a reta final da campanha?

AURICCHIO - Continuar mostrando os valores de nossa cidade, que é a que tem competência para fazer não só o processo de continuidade mas para avançar São Caetano, uma cidade que ainda tem desafios enormes. Há uma clara abertura de discussão sobre a distribuição do ICMS em função da estação da Transpetro em São Caetano por parte dos políticos de Mauá. O deputado estadual Donisete Braga (PT), candidato a prefeito de Mauá, deixou isso muito claro, agindo à direção da Petrobras no sentido de que se transfira para Mauá uma fatia muito grande do ICMS de São Caetano. Isso representaria um prejuízo irreversível. São desafios enormes e a cidade precisa de um gestor capaz de fazer esse embate e outros que irão surgir. Vamos mostrar para o eleitor da cidade quem tem essa capacidade.

 

DIÁRIO - E o que o senhor pensa sobre essa intenção de políticos de Mauá de trazer para a cidade parte desse ICMS da Transpetro que hoje vem para São Caetano?

AURICCHIO - Isso é uma questão muito clara e definida. Está dentro da política fiscal do Estado de São Paulo. São Caetano é uma estação de bombeamento e toda estação de bombeamento tem a retenção do ICMS compatível. Nós não somos diferentes. Mas o que há é claramente um lobby do Partido dos Trabalhadores em cima desta questão. Isso está patente. O prefeito Oswaldo Dias chegou a ensaiar uma ação de inconstitucionalidade e agora vem o candidato Donisete Braga tentando sequestrar, abocanhar essa fatia do ICMS da cidade, o que seria um comprometimento gravíssimo ao futuro de São Caetano. Isso representa mais de R$ 150 milhões por ano. Seria perder entre 15% e 20% da arrecadação da cidade. Seria como se uma General Motors saísse de São Caetano. A Regina, com certeza, está preparada para brigar com isso. Até porque ela não tem vínculo nenhum com o Partido dos Trabalhadores, diferentemente de outros candidatos.

 

DIÁRIO - Que balanço o senhor faz de sua administração, às vésperas do término de seu segundo mandato?

AURICCHIO - Me sinto absolutamente com o dever cumprido. O que me propus a fazer na cidade, fiz. Mas como filho da cidade sempre fica o desejo de algo a mais. Nós conseguimos implantar um legado que deixa o ser humano como valor principal da política pública de São Caetano. Hoje há sistemas de Saúde, Educação, Social, absolutamente competementes, voltados para atender os desafios do futuro. Todos precisam de avanços, mas a rede de proteção social garante o mínimo de qualidade de vida para o morador. Isso precisa de continuidade e de capacidade.

 

DIÁRIO - A decisão tomada pela saída do secretário de Governo, Tite Campanella, após o escândalo do vídeo com o petista Edgar Nòbrega, em suposto acordo financeiro, foi para preservar o governo desse episódio?

AURICCHIO - Nós não sabíamos disso. Era um fator completamente desconhecido. Quando se soube do fato por meio das redes sociais, a decisão não poderia ter sido outra. Tenho certeza que vamos ter um esclarecimento rápido dos fatos, dirimindo qualquer dúvida sobre esse assunto.

 

DIÁRIO - Seu futuro político passa pelo resultado da eleição em São Caetano?

AURICCHIO - Também. Várias circunstâncias influenciam no futuro de qualquer um de nós quando se trata de política. E óbvio que o resultado da eleição da minha cidade é um fator a contribuir nas decisões de meu futuro político.

 

DIÁRIO - Continua o desejo de disputar em 2014 vaga de deputado estadual?

AURICCHIO - Muito possivelmente. Mas não vamos trabalhar com conjecturas. Vamos aguardar, mas a intenção é essa.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;