Inscrito para utilizar a tribuna livre, o candidato ao Paço de Santo André pelo Psol, Marcelo Reina, foi barrado ontem no plenário da Câmara. Como dirigente do partido, o prefeiturável pretendia prestar esclarecimentos sobre a postura favorável à abertura de outra CPI do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental) para apurar suposto pedido de propina a fornecedores da autarquia.

No documento, o presidente do Legislativo, José de Araújo (PMDB), sustentou que, por prudência, usou o artigo 45, incisos 3º e 4º, da legislação eleitoral, que veda difundir na TV - as sessões são televisionadas - propaganda política ou opinião positiva a um determinado candidato, além de proibir dar tratamento privilegiado a qualquer partido ou coligação. "Estou resguardando a Casa e também o candidato, que poderia sofrer punições se fizer algo irregular. Assim, não se corre o risco de ser conivente", justificou o peemedebista, que buscou orientação na Justiça Eleitoral.

Alijado do processo, Reina considerou que faltou espírito democrático ao comandante da Câmara. Segundo o socialista, Araújo faz questão de criar empecilho, executando à risca a "burocrática lei orgânica" quando convém aos interesses particulares. "Não só pelo esquema de corrupção, o que se percebe é o interesse pessoal e partidário à frente do público. O Caso Semasa é uma mancha na política andreense, assim como foi a morte do prefeito Celso Daniel, em 2002."

Durante a sessão, Araújo, que compõe a base de sustentação ao prefeito Aidan Ravin (PTB), discutiu veementemente com o vereador Pinheirinho (DEM) e manifestantes que encheram o plenário em prol da instauração da CPI.

A abertura ou não da segunda apuração depende de parecer do jurídico da Casa, que ainda não foi expedida.