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Direto das ruas dos 'inimigos' do nosso hexa
12/06/2014 | 07:24
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Tem cerca de 50 metros a Rua Croácia, na Vila Medeiros, zona norte de São Paulo. São 12 casas, nenhuma com croatas dentro. "Será que eles vão querer conhecer a nossa rua?", perguntava o gráfico aposentado Amilton de Paula Germano, de 66 anos. Pouco provável. Mas, se ali forem, os croatas vão encontrar uma fervorosa torcida canarinho. Na terça, seu Amilton dedicava-se a transformar sua varanda em uma extensão remota das arquibancadas do Itaquerão: rolo em punho, deixava o chão listrado de verde e amarelo.

Seu Amilton é um dos primeiros moradores da rua. "Quando me mudei para cá, em 1970, tinha só três casas", recorda-se. Não se chamava Rua Croácia ainda - o nome só foi dado pela Prefeitura em 1991. "Era Rua Três. Só mato e um campinho de futebol."

Também fica na zona norte a Rua Camarões, que homenageia o adversário do Brasil no dia 23. São quase 1,2 mil metros, com início ao lado da Estação Pirituba da CPTM. Parte da rua é coberta por paralelepípedos, parte por um ralo asfalto - sem guia nas laterais. De um lado, a linha férrea. De outro, mato. No horizonte, é possível avistar o Pico do Jaraguá. Por ali, a reportagem não notou nenhum enfeite verde-amarelo, nada que lembrasse a Copa do Mundo. As raras casas são ocupadas por funcionários da ferrovia.

É o caso de Ester Santos Alves, de 57 anos. Ela é bilheteira e vive na Rua Camarões há 17 anos. O marido é ex-funcionário da CPTM - trabalhava como motorista. E o filho, de 31 anos, também atua na companhia. "Gosto daqui porque a rua é bem tranquila. O único problema são esses carros aí", disse, apontando para uma fileira de veículos estacionados que não condiz com a pequena quantidade de casas dali.

Foi quando, por volta das 14h de terça, a reportagem flagrou uma operação policial. Dois PMs estavam ao lado de um Astra preto. Tratava-se de um carro roubado. "Certamente o bandido o usou em algum crime e abandonou aqui. Isso é comum, pois, como muitos utilizam esta via para estacionar enquanto vão trabalhar de trem, acaba sendo um destino que não desperta suspeitas", contou a policial, que não quis se identificar.

Mas São Paulo tem fama de saber ostentar contrastes. E, ao menos por aqui, o México - adversário do Brasil no dia 17 - é bem diferente de Croácia e Camarões. No Jardim Paulista, zona sul, a paisagem da rua de cerca de 700 metros exibe um casarão atrás do outro. Essas fortalezas de portões altos e seguranças não possibilitaram que a reportagem adotasse a mesma tática dos outros locais: tocar a campainha e bater papo com moradores.

Mas havia ali uma guarita com bandeirinha do Brasil. E aí, animado com a Copa? "Nem sei quem foi que botou essa bandeira aí em cima", reclamou José Leonardo Leite Penteado, de 49 anos. Ele contou que torce para a Alemanha "desde antes de 2002".

Em tom de confidência, o segurança de coração alemão anunciou os seus palpites para os jogos na primeira fase. "Vai ser 1 a 1 contra a Croácia. Depois, o Brasil vai perder de 1 a 0 para o México. E de 2 a 1 para Camarões", sentenciou. Vamos cair logo na primeira fase? "Sim, tenho certeza. Um morador disse que, se eu acertar os três placares, vai me dar R$ 100 mil e uma garrafa de uísque." O repórter já estava se despedindo quando o segurança disse: "Venha depois dos três jogos. Servirei uma dose do uísque que vou ganhar." Está combinado, seu José. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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