Política Titulo Entrevista
Sou totalmente a favor da Linha 18, afirma Padilha

Em visita ao Diário, pré-candidato do PT ao
Estado fala de Maluf, Copa e apoio de Dib

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
04/06/2014 | 07:07
Compartilhar notícia
Orlando Filho/DGABC


Ex-ministro da Saúde e pré-candidato do PT ao governo do Estado, Alexandre Padilha afirmou ser favorável à Linha 18-Bronze, que ligará o Grande ABC à rede metroviária da Capital. O projeto é uma das principais ações em Mobilidade Urbana do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que será rival de Padilha na eleição ao Palácio dos Bandeirantes em outubro.


Em visita à sede do Diário, ontem, Padilha discorreu que o PT vive momento de união, o que permite perspectivas otimistas com relação ao pleito em São Paulo, Estado onde o PT nunca conseguiu administrar. “Nas outras eleições, neste momento estaríamos curando as feridas do processo de prévias”, contextualizou.
 

O petista argumentou não se incomodar com a aliança firmada com o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), disse que seu envolvimento na Operação Lava Jato da PF (Polícia Federal) é assunto superado e garantiu que haverá tucanos em seu palanque. “Há lideranças do PSDB, como o deputado federal William Dib (de São Bernardo), que se desgarraram do projeto do PSDB.”


O sr. participou ontem de almoço com os sete prefeitos da região. Qual tema foi tratado?
O almoço foi para discutir desenvolvimento desta região. Estamos começando a segunda década do século e o Estado de São Paulo, que foi conhecido como locomotiva do País, tem de voltar a ser locomotiva da tecnologia, da inovação, do conhecimento, com empregos qualificados. Aposto muito na relação com os prefeitos para construir a agenda. O Grande ABC está no centro de transformar São Paulo na locomotiva de tecnologia, inovação e conhecimento. Tem a tradição da história recente de industrialização, mas sabe os desafios de manter ritmo de industrialização que tem, para incorporar mais tecnologia, formar melhor trabalhadores, investir em Educação, investir em turismo de negócios. Para isso temos de enfrentar alguns gargalos, que só o governo do Estado pode resolver.

A Copa do Mundo começa na próxima semana e muito se questiona o legado que a competição trará ao País. O Brasil perdeu o timing de investimentos em áreas de Mobilidade Urbana?
Maior legado será o Brasil vencer esta Copa do Mundo. Estamos todos torcendo para isso, queremos ser hexa. Em segundo lugar há promoção das cidades. Não é pouca coisa o Brasil sediar o maior evento mundial esportivo. Precisamos entender o que isso significa para nosso País, de geração de emprego, de ampliação do turismo, da entrega de aeroportos.

A presidente Dilma prometeu, entre outras obras, entregar o trem-bala, que ligaria São Paulo ao Rio de Janeiro. Como o sr. vê essa questão?
O governo do Estado prometeu entregar a linha de Metrô de Congonhas ao Morumbi até a Copa. Vamos falar deste aqui. Pela lentidão do governo do Estado não será entregue, a previsão agora é de 2016. Temos de torcer pela Copa e receber os estrangeiros, mas com humildade e sem ufanismo. Vamos mostrar ao mundo o Brasil do jeito que ele é, com aquilo que tem de qualidade e problemas que vamos enfrentar.

Mas não se gastou muito dinheiro público?
Ouço que muito se gastou com a Copa e pouco se gasta com Saúde ou Educação. Se gastou com a Copa pouco mais de US$ 3 milhões em empréstimos. Não de recursos públicos, mas de empréstimos que serão retornados. Foram importantes para receber evento como esse, para promover o Brasil e durante a obra muito emprego foi gerado. Em Saúde e Educação, desde 2007 para cá, investimos mais de R$ 300 bilhões, só o governo federal.

Trazer a Linha 18-Bronze ao Grande ABC foi acerto?
Sou totalmente a favor. E nós é que vamos trazer. É o PT que vai trazer. Dos 20 anos do governo do PSDB, a média anual de construção de linha de Metrô é de 1,8 quilômetro. A Linha 18 será composta de 20 quilômetros. Mas acabou de cancelar o processo licitatório. Está assinado, fizeram cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, só que a obra não começa. Torço para que comece o mais rápido possível.

É confortável para o sr. ter o Paulo Maluf como aliado?
É muito confortável ter o PP junto conosco. Não fulanizo a política. Deve ser desconfortável ao PSDB ver que o PP está conosco. Até porque, três, quatro meses atrás o PP fazia base do governo do Estado.

Mas o eleitor dificilmente enxerga o PP, ele vê o Maluf. Assim como ele não assimila o PR, mas sabe quem é Valdemar Costa Neto...
Desde o primeiro dia esses partidos sempre apoiaram o presidente Lula. Foram fiéis aos projetos, estiveram junto, fazem parte da base do presidente Lula e agora da presidente Dilma. Tenho tranquilidade de ter aliança com o PP e com a lideranças do PP. São eles que estão nos apoiando. São eles que vieram para o projeto do PT, e não o PT que foi para o projeto deles. Quem não deve estar tranquilo é o governador, que vê sua base sair.

E como o PT digere essa situação? Em 2010, quando o Fernando Haddad anunciou o apoio de Maluf, houve grave crise na campanha à prefeitura, com a deputada federal Luiza Erundina (PSB), escolhida vice, renunciando à vaga.
É problema de dois anos atrás, já superado. Em todas as prefeituras do PT na Região Metropolitana o PP está apoiando, assim como o PDT, o PR. Há lideranças do PSDB, como o deputado federal William Dib, que se desgarraram do projeto do PSDB.

O Dib anunciou que irá lhe apoiar?
Ele tem declarado isso e estamos abertos a todos os apoios. Ele se desgarrou. Ele já falou isso pessoalmente e em eventos públicos. Podem esperar porque vai ter prefeito do PSDB que vai declarar apoio à presidente Dilma e a nós.

O sr. então já conta com apoio do Dib?
Fico muito feliz se ele se envolver. Será muito bem recebido e é bem-vindo.

O sr. acredita que o inverso pode acontecer? Com prefeitos petistas apoiando outros nomes?
O PT nunca esteve tão unido. Há série de fatores que fizeram com que o PT nunca estivesse tão unido. Isso fará diferença. Primeira a forma como se deu o processo de candidatura. Nos últimos anos o PT teve prévias. Nas outras eleições, neste momento estaríamos curando as feridas do processo de prévia.

Como o sr. viu o TRE-SP determinar a suspensão da Caravana Horizonte Paulista?
Estou muito convicto de que o PT cumpriu a lei e por isso recorremos à Justiça. Torço e tenho fé na Justiça, que vai reconhecer o cumprimento da lei.

Marinho terá papel na sua campanha?
Ele está na coordenação. Tem papel decisivo, pela interlocução com o presidente Lula.

A gestão Marinho tem sido alvo de intensas investigações do Ministério Público, que pediu por duas vezes a prisão da secretária de Educação, Cleuza Repulho (PT). Esses fatos podem contaminar sua campanha, já que o prefeito tem papel atuante no projeto?
Tenho certeza que tanto o prefeito Marinho quanto sua equipe vão dar todos esclarecimentos necessários com relação a isso. Não vão impactar na gestão do prefeito Marinho nem terão abalo no papel que ele tem na coordenação da campanha do PT ao Estado ou na da presidente Dilma.

Independentemente de aceitação, o Programa Mais Médicos tem ponto ainda bastante criticado, que é o repasse ao governo cubano para os médicos de Cuba. Por que teve de fazer essa operação?
Iniciamos o programa chamando médicos brasileiros, oferecendo R$ 10 mil mensais e ajuda de custo. Não deu conta da maior parte da demanda que os municípios apresentaram. Depois abrimos inscrições para médicos de outros países. Não preencheu toda demanda. Então conhecemos a experiência de Cuba. São 60 países do mundo para onde o Ministério da Saúde de Cuba leva o atendimento médico. Não iria ficar assistindo aos brasileiros sem atendimento médico com essa oportunidade de parceria com o Ministério da Saúde de Cuba. Eles seguem a regra de carreira profissional. Eles têm isso em Cuba, por isso essa forma de remuneração.

Não é injusto ao médico cubano receber de forma diferente de outros profissionais vinculados ao programa?
Injusto é brasileiro não ter médico. Fomos debater com o Congresso, outras prefeituras aprovaram. Muita gente fica querendo fazer debate ideológico sobre Cuba em programa que é para atender à nossa população. Não estou aqui para defender o modelo político e econômico de Cuba. Não defendo o modelo político de Cuba, defendo o médico cubano e o atendimento que ele faz à nossa população.

O sr. foi citado em diálogos capturados pela Polícia Federal na Operação Lava Jato e o sr. disse que iria interpelar judicialmente os envolvidos. Como anda esse processo?
A própria imprensa desmontou a tese inicial, não verdadeira e absurda, que tentaram me envolver. Não tinha nenhuma relação. Minha postura de em 24 horas fazer interpelação formal ajudou nisso. Qualquer pessoa que imaginou que iria abalar a pré-campanha do PT deu com os burros na seca do Cantareira.

O sr. nunca esteve com o doleiro Alberto Youssef?
Sempre disse que a pessoa que sempre apresentou de alguma forma o laboratório Labogen foi o deputado André Vargas (sem partido-PR). Ou diretores da Labogen, que foram em audiências com a equipe técnica, em processo público e transparente.

O sr. conhece o Youssef?
Nunca tive relação, não o conheço, não tenho recordação ou registro de reunião ou contato. Nunca foi apresentado.

Como o sr. viu seu nome nessas conversas capturadas pela PF?
Envolvimento absurdo. As próprias matérias da imprensa desmontaram a tese.

Como explicar que o então vice-presidente da Câmara, um petista, envolveu seu nome em suposta prática irregular? O sr. conseguiu digerir e entender o que aconteceu?
Meu grau de indignação foi mostrado 24 horas depois que isso apareceu, tanto que formalizei e interpelei judicialmente. É tema superado. Se alguém imaginou que batendo na porta do Ministério da Saúde poderia cometer irregularidade bateu na porta errada.

O PT suspendeu por 60 dias o deputado estadual Luiz Moura por suspeita de relação com integrantes do PCC. Como o sr. vê a situação?
Única coisa que tenho a dizer é que o PT, diferentemente de outros, será implacável contra qualquer facção criminosa ou com qualquer pessoa que se aproxime dela. Será implacável. Diferentemente de outros partidos e outros governos. Essa decisão que o PT tomou por unanimidade na sua executiva estadual, quem tem de falar é o PT.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;