As vendas de carros zero-quilômetro ficaram praticamente estáveis na primeira metade de agosto na comparação com a quinzena inicial do mês anterior, ao registrarem retração de apenas 0,37%, de acordo com dados divulgados ontem pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). A estabilidade, no entanto, está longe de ser má notícia para o segmento, pois julho foi recorde na comercialização de veículos novos. Foi o segundo melhor mês da história da indústria automotiva.

Além disso, o total vendido no início deste mês, 177.040 automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, foi 18,23% superior frente à primeira metade de agosto de 2011. Se contabilizadas as primeiras duas categorias de veículos, o percentual de crescimento é ainda maior, 21,48%.

Dessa forma, especialistas consideram que os números são bons e devem ficar ainda melhores nos próximos dias. Segundo o consultor automotivo Paulo Roberto Garbossa, normalmente, as vendas crescem no fim do mês e, com a expectativa de que o incentivo da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os carros zero não seja prorrogado - a medida do governo federal vale só até o dia 31 -, pode haver aquecimento na procura por parte dos consumidores.

O presidente do Sincodiv-SP (Sindicato das Concessionárias e Distribuidoras de Veículos Automotores no Estado de São Paulo), Octávio Vallejo, também prevê aumento da comercialização e acrescenta, além do incentivo tributário, que se traduz em preços dos carros em torno de 10% menores, outro fator que ajuda é que agosto tem 23 dias úteis, um a mais que em julho.

Por causa do fim do prazo do IPI reduzido, concessionárias da região também seguem otimistas de que o mês será ainda melhor do que julho. É o que prevê Cristian Bitner, gerente de concessionária Chevrolet em Santo André, para o desempenho de sua loja. Ele cita que, na revenda, foram vendidos 397 carros em julho, e, neste mês, incluindo os que estão prestes a serem faturados, já são 312 vendas efetivadas. "O que está alavancando é a redução do IPI."

Em outra loja, da marca Fiat em Diadema, o gerente Antonio Piason também se mostra animado. "Se continuar desse jeito, vai aumentar de 20% a 30%", diz. Ele acrescenta que, mesmo com os bancos sendo mais seletivos na concessão de crédito, as vendas estão indo bem, com crescimento dos negócios com troca à vista (ou seja, em que a pessoa põe seu usado como parte do pagamento e inteira o valor). Piason cita que há casos em que a pessoa não consegue ter seu crédito para a compra do veículos aprovado, faz empréstimo no banco e já chega na loja com o recurso para pagar à vista.