Economia Titulo Empregos em risco
Mercedes negocia
lay-off de até 1.400

Sindicato afirma que a montadora em São Bernardo
ameaçou de demissão caso não aderissem ao PDV

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
31/05/2014 | 07:04
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Marina Brandão/DGABC


O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC garantiu que a Mercedes-Benz colocará em lay-off (suspensão temporária de contrato de trabalho) entre 1.000 e 1.400 da unidade de São Bernardo a partir do dia 1º de julho. A empresa confirmou que está em negociação sobre o assunto com a entidade.

A medida, requerida pelo sindicato, foi uma forma de defender os cerca de 700 funcionários de uma possível demissão em massa. Eles, que atuam na linha de caminhões, estão em licença remunerada.

A equipe do Diário apurou durante a semana que a Mercedes enviou telegramas para a casa dos licenciados pedindo o comparecimento no RH. “Na verdade, durante a semana, a empresa chamou quem estava de licença para obrigá-los a aderir ao PDV (Programa de Demissão Voluntária – que encerrou ontem, às 23h). Quem não aceitava, ela fazia pressão, e já comunicava o empregado que ele seria demitido na semana que vem”, explicou o diretor de comunicação do sindicato, Valter Sanches. A informação do sindicalista vai de acordo com as denúncias que a equipe do Diário recebeu durante a semana.

Como providência, o sindicato conseguiu reunião com a montadora na manhã de ontem. “Todas (700) as cartas de demissões estavam prontas para segunda-feira”, garantiu Sanches. Ele foi um dos representantes dos trabalhadores que participaram das negociações com a empresa para contornar a situação.

Após sugerir o mecanismo à Mercedes, em troca da não demissão dos 700 trabalhadores, a entidade levou a proposta, ontem, às 14h, para os licenciados, na sede do sindicato, e em uma espécie de assembleia, teve a adesão da estratégia pelos metalúrgicos.

Sanches observou que há uma contrapartida para a suspensão. “Caso o governo federal coloque em vigor o novo programa de proteção ao emprego, os trabalhadores entrariam nele mesmo com o início do lay-off.” Esse modelo, similar ao que ocorre na Alemanhã, sugerido pelos sindicatos ao Executivo federal, prevê que em tempos de crise, os trabalhadores são afastados das empresas, mas não desvinculados. Recebem salários, porém com boa parte subsidiada pelo governo.

O lay-off, no entanto, que terá início em julho, tem parte do salário do suspenso paga pelo FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), no valor de R$ 1.306,63, e o restante do salário líquido é de responsabilidade da montadora.

A Mercedes confirmou que está em negociação com a entidade representante dos trabalhadores “sobre a possibilidade de termos um lay-off”. Destacou ainda que está concentrando os esforços “para manter os empregos” no Grande ABC, “por isso, as negociações estão em andamento”.

A montadora não informou quantos trabalhadores aderiram ao PDV, que encerou ontem. O último balanço apontava para 700 operários. Mas por causa da queda nas vendas do mercado nacional e os problemas para entrar na Argentina com seus produtos, a Mercedes já havia anunciado excedente de 2.000 empregados. 




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