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Evento esportivo e economia desaquecida ditam ritmo do mercado e, como reflexo, empresas cortam 239 vagas em abril no Grande ABC

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
28/05/2014 | 07:08
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André Henriques/DGABC


O quadro de funcionários na indústria da construção civil do Grande ABC diminuiu 0,52%, ou 239 trabalhadores, em abril, informa pesquisa do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção). O resultado é o contrário do registro de março, quando 387 empregados foram contratados.

Dois fatores contribuíram para o resultado, destacou a diretora adjunta para a região da entidade, Rosana Carnevalli. São eles a atividade econômica e o período pré-Copa do Mundo de futebol. Ambos têm influenciado os consumidores nas decisões de compras, que como consequência, geram menor demanda para os construtores. E na prática, menos obras, menos trabalho.

Segundo o levantamento da entidade, o estoque de trabalhadores no setor atingiu 46.062 em abril. Isso significa que no acumulado do ano, houve acréscimo de 1,20%, ou 543 empregados. Em 12 meses, alta de 0,28%, ou 130 contratos.

“Nós tínhamos previsão de que o mercado da construção na região teria um avanço superior ao PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, acima das projeções de 2,5% neste ano. Mas conversamos (dentro do SindusCon-SP) e estamos pensando em diminuir nossas projeções para entre 1% e 2% de crescimento neste ano.”

“A construção civil acompanha muito o movimento da economia. E para piorar mais ainda a situação, teremos a Copa. Naturalmente as pessoas não procuram imóveis para comprar durante o período”, observou Rosana.

LONGO PRAZO - Na avaliação do coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio, o resultado do mês não deve ser interpretado como tão negativo, tendo em vista que o fim de uma ou duas obras seria o suficiente para a dispensa do contingente de 239 trabalhadores.

“Se você pega um período de fim de várias obras, temos uma queda no emprego da construção. O mesmo ocorre quando vários empreendimentos estão em fase inicial”, destacou Maskio. Ele disse ainda que o importante é o resultado no longo prazo, que tem mostrado recuperação.

Para se ter noção, em 2010, época em que o mercado imobiliário estava aquecido na região, a construção civil tinha 48.104 empregados na região. Esse numero caiu até 2013, passando, consecutivamente nos anos seguintes, para 47.915, 45.365 e 44.378. Porém, neste ano, houve recuperação para os 46.062.

CONTRASTE - O resultado do emprego no Grande ABC na construção civil em abril descolou do registro da maioria das regiões paulistas pesquisadas pelo Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção). Com queda de 0,52% na comparação mensal, as sete cidades acompanharam o cenário visto em Sorocaba, de redução no quadro de funcionários de 0,80%, e em Presidente Prudente, que diminuiu 7,59%.

Por outro lado, a Capital apresentou incremento de 0,44%, a região de Campinas adicionou 1,96%, a de Ribeirão Preto somou 0,06% e de Santos, 0,45%. Tiveram altas também as regiões de São José dos Campos (1,05%), Bauru (1,10%) e São José do Rio Preto (1,40%).

Para a diretora adjunta regional do Sinduscon-SP, Rosana Carnevalli, a explicação para o descolamento é que o Grande ABC sofre grande influência do setor industrial, que tem sentido os impactos da desaceleração econômica. “A indústria é a primeira a sentir quando a economia nacional não anda bem. E desta maneira, como o mercado imobiliário acompanha muito a economia regional, também sente o impacto.”

Por outro lado, explicou a diretora, a Capital ainda conta com o início de várias obras de lançamentos dos últimos três anos, período médio do início até a conclusão de um empreendimento, o que sustentaria aumento de postos de trabalho.

“E no caso do Interior, ainda há muito espaço para o mercado imobiliário crescer. E naturalmente se vê aumento expressivo no emprego na construção civil nestas regiões”, disse Rosana.

CONFIANÇA - Segundo o Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), a confiança das empresas de construção no País caiu pelo terceiro mês consecutivo em maio.

O resultado, apresentado pelo ICST (Índice de Confiança da Construção), mostra que o percepção dos emprésários no mercado, de modo geral, caiu 8,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse é o maior decréscimo registrado pelo Ibre-FGV desde agosto de 2012. Naquela época, o recuo chegou a 9,8% na relação anual.

Em abril deste ano, revelou o ISCT, a queda da confiança das empresas da construção foi de 5,9%. E no mês anterior, o registro foi negativo em 3,3%.

A pesquisa foi realizada com base em coletas de dados do dia 2 ao 23 de maio. O universo da pesquisa contou com 689 companhias informantes. Essas empresas são responsáveis, apresentou o Ibre-FGV, por 275 mil pessoas ocupadas, com base em informações de 2009. 




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