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Para Auricchio, cidade perde com lei alterada

Instituto Mauá, de São Caetano, é beneficiado sem dar contrapartida de bolsas ou outras ações

Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
16/05/2014 | 07:36
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Celso Luiz/DGABC


Secretário estadual de Esporte, o ex-prefeito de São Caetano José Auricchio Júnior (PTB) afirmou que “a cidade perdeu” com a aprovação, pela Câmara, do projeto de lei do Executivo que altera as regras de zoneamento, principalmente do bairro Mauá.

A propositura beneficia diretamente o Instituto Mauá de Tecnologia, que visa construir prédio para abrigar laboratório. Com a lei anterior, edifícios de até três andares poderiam ser erguidos. Agora, com aprovação do texto em regime de urgência, em duas sessões extraordinárias no dia 8, estão autorizados até seis andares.

“Poderia haver contrapartida de mais bolsas de estudo para alunos do município ou outros benefícios para São Caetano. Essa mesma discussão nós tivemos na minha administração (dois mandatos, 2005 a 2012), mas não houve disposição do instituto em atender aos nossos pedidos. Agora, sem nenhum retorno ao cidadão são-caetanense, houve alteração da lei. A cidade perdeu”, discorre Auricchio.

Para o ex-chefe do Executivo, o pleito da faculdade é legítimo, inclusive pela história e pelo nome que tem em São Caetano – são 52 anos de existência. “Nossas conversas sempre foram diplomáticas, mas não avançaram. A ampliação da estrutura física deles é demanda antiga e legítima. Mas, diante da recusa em oferecer benfeitorias à cidade, deixamos o projeto de lado. Vai haver impactos no trânsito local, por exemplo, pois deve haver mais alunos no campus. Para nossa surpresa, acompanhamos essa aprovação da lei com tristeza”, salienta o petebista.

A matéria foi avalizada com 14 votos favoráveis e cinco contrários – Pio Mielo (PT), Eder Xavier (PCdoB), Beto Vidoski (PSDB), Edson Parra (PHS) e Cidão do Sindicato (Solidariedade). O quinteto tentou, em discursos inflamados, convencer os demais a ao menos adiar a votação para debater melhor o projeto com o Instituto Mauá, já que a faculdade não se reuniu com comissão parlamentar criada especialmente para discutir o assunto. Mas não conseguiu.

Dentre os 14 a favor da proposta, apenas Jorge Salgado (Pros) defendeu seu voto. Disse que, após a aprovação da mudança no zoneamento, a Mauá estaria aberta ao diálogo. Não foi o que ocorreu, já que o superintendente de planejamento e desenvolvimento da instituição de ensino, Fábio Bordin, afirmou ao Diário que a contrapartida pela mudança na lei já fora dada. “Pela legislação que estava vigente, a gente poderia construir os laboratórios no terreno plano. Mas procuramos elaborar um projeto que seguisse parâmetros de sustentabilidade e que gerasse menos impacto ao meio ambiente. A nossa contrapartida já foi dada.”

O Movimento Voto Consciente São Caetano emitiu a nota sobre o assunto. “Projetos que favoreçam empresas particulares devem ser tratados com muita parcimônia e o que deve ser exigido pelos nobres edis são as contrapartidas oferecidas para benefício da população (...) Ao afirmar que não concederá contrapartidas (...) demonstra que interesses privados não se confundem com interesses públicos. Errou o Poder Executivo, erraram os vereadores que votaram a favor do projeto”, frisa o documento, assinado pelo presidente do movimento, Elísio Peixoto.




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