Na berlinda, o ex-prefeito de Santo André Aidan Ravin (PSB) compareceu ontem à sessão da Câmara e surpreendeu os vereadores ao procurá-los para tirar dúvidas sobre suas contas de 2010, que passam por análise da Casa. O socialista resolveu chamar série de parlamentares para conversar nos corredores do Legislativo, individualmente ou em dupla, após a comissão de Finanças, chefiada por Toninho de Jesus (Solidariedade), dar parecer pela rejeição do balancete financeiro de seu segundo ano de mandato à frente do Paço, embora o TCE (Tribunal de Contas do Estado) tenha emitido sinal favorável.

Mesmo diante do parecer da comissão, apresentado oficialmente ontem, os vereadores adiaram a votação por duas sessões, dando novo fôlego ao ex-prefeito, que pode ficar inelegível pelo período de oito anos, caso a Câmara entenda pela condenação. Se isso acontecer, ele terá de recorrer à Justiça comum para continuar o projeto político. O socialista é pré-candidato a deputado federal na eleição de outubro.

Aidan sustentou que há problema de entendimento dos vereadores referente ao relatório em análise. Segundo o ex-prefeito, os parlamentares estão se baseando no parecer antigo da Corte, que reprovou a contabilidade – posteriormente, o socialista entrou com reexame das contas e conseguiu reverter a decisão. “Existe confusão, talvez da (área) técnica, em avaliar coisa antiga. Acho estranho, pois tem que ser (sobre) a nova (deliberação), o que vale é o atual. Qual é o questionamento? Se tem dúvida, aciona e pede esclarecimentos ao tribunal.”

Justificando o afago e dependente da aval em plenário, Aidan afirmou que se dispõe a ir à sede do tribunal, em São Paulo, com os parlamentares para fazer reunião. Apesar do diálogo, o ex-prefeito alfinetou o posicionamento de parte da Casa. “Não posso acreditar que as pessoas (vereadores) que aprovaram as contas (de 2008) do (ex-prefeito João) Avamileno (PT) no ano passado, que estavam reprovadas (pelo TCE), querem rejeitar conta que está aprovada neste ano. É a mesma equipe (legislatura)”, disse o socialista.

Toninho descartou engano na apreciação e argumentou que o exame levou em consideração todos os documentos que constam no relatório do tribunal. Para o vereador, a efetiva análise de técnicos do órgão manteve a opinião pela reprovação, contrariando decisão do conselheiro Dimas Ramalho. “O Ministério Público de Contas não acatou os recursos (do ex-prefeito). Ficou constatado que houve infringência quanto a aplicação de recursos na Educação, bem como na utilização de verba do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica).”

Governo sugere que crivo seja dado após eleição para evitar vitimização

Secretário de Relações Institucionais do governo Carlos Grana (PT), Tiago Nogueira (PT) sugeriu que a votação das contas de 2010 de Aidan Ravin seja realizada depois do processo eleitoral de outubro para evitar ‘vitimização’. Se contrariado na Câmara, o socialista pode ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa. “Acredito que não tinha que votar antes da eleição. Deixa ele quebrar a cara no voto se for (candidato) a federal”, disse o petista. “Mas não pode a Prefeitura querer interferir.”

Aidan demonstrou satisfação caso haja acordo pelo adiamento para o fim do segundo semestre. “É bom-senso (se houver) atitude como essa (orientação do Paço)”, alegou o socialista, acrescentando que “essa é a primeira vez que as contas são aprovadas três vezes seguidas”. “Eu preferia que esclarecessem as dúvidas para resolver (essa questão).”