Após negociações por reajustes salariais, trabalhadores das empresas de ônibus e trens do Grande ABC decidiram que o serviço de transporte público funcionará normalmente hoje. A expectativa era que ambas as categorias deliberassem pelo início de greve por tempo indeterminado.

Após acordo com o Sintetra (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Grande ABC), os patrões ofereceram reajuste de 8% em todas as cláusulas econômicas, como salário, vale-alimentação e PLR (Participação nos Lucros e Resultados). A proposta foi aceita em assembleia realizada às 16h na sede do sindicato, na Vila Assunção, em Santo André.

A reivindicação inicial dos trabalhadores era de que fosse aplicado aumento de 10%. O SETC (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo) havia oferecido reajuste de 5,62%, que seria pago em quatro parcelas. Na terça-feira, em audiência no TRT (Tribunal Regional do Trabalho), a associação patronal manteve a porcentagem, mas sugeriu que o pagamento fosse feito de uma só vez. Não houve acordo.

Na manhã de ontem, após assembleia de empresários, foi feita reunião entre os dois sindicatos e chegou-se ao índice de 8%. Com isso, o piso dos motoristas de ônibus convencionais subiu para R$ 2.555. Condutores de micro-ônibus receberão mínimo de R$ 1.878 e os cobradores, R$ 1.475. O vale-alimentação subiu para R$ 432 e a PLR passou para R$ 614. Para profissionais que dirigem e efetuam a cobrança, a PLR será de R$ 2.049.

Trabalhadores e patrões elogiaram o desfecho da campanha salarial. “Os 8% representam avanço. Não conseguimos os 10%, mas, pelo menos, não ficamos na oferta inicial”, avalia Francisco Mendes da Silva, o Chicão, presidente do Sintetra. “Os empresários acharam por bem seguir com a proposta para que não houvesse paralisação, o que prejudicaria ainda mais o setor”, comenta o diretor jurídico do SETC, Francisco Bernardino Ferreira.

O prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), comemorou e avaliou que as partes demonstraram “maturidade” durante a negociação. “Para quem necessita do transporte público, seria um transtorno enorme se houvesse a greve. Com o acordo, todo mundo sai ganhando, tanto o empresário quanto o trabalhador. A solução encontrada garante a continuidade do serviço e o atendimento à população.”

FERROVIÁRIOS

Ainda sem acordo, ferroviários decidiram adiar para terça-feira o início da paralisação das linhas da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). A suspensão foi feita após pedido do TRT em audiência realizada na tarde de ontem. O presidente do Sindicato dos Ferroviários de São Paulo (que representa os funcionários das linhas 7-Rubi e 10-Turquesa), Eluiz Alves de Matos, afirma que houve avanço na proposta feita pela companhia, mas que ainda não é suficiente. A oferta de reajuste salarial passou dos 3,97% para 7%. A reivindicação é de 8%, além de aumentos no vale-refeição e PPR (Programa de Participação nos Resultados).