Política Titulo Reincidência
Edital teve vencedor
um mês antes de resultado

Há suspeita de direcionamento em licitação
para implementar gestão integrada na Educação

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
04/05/2014 | 07:22
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Nario Barbosa/DGABC


Denúncia anônima feita ao Gaeco ABC (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público, indicou com um mês de antecedência o vencedor do processo de compras 80.167/2013, aberto pela secretária de Educação de São Bernardo, Cleuza Repulho (PT), para executar serviço de implementação de sistema integrado de gestão educacional no município.

A acusação, formalizada junto ao Gaeco ABC no dia 6 de março, apontou que a empresa Planeta Educação Gráfica e Editora Ltda, com sede em São José dos Campos (interior de São Paulo), triunfaria na concorrência pública porque servidores e integrantes do alto escalão da administração do prefeito Luiz Marinho (PT) agiram diretamente para direcionar o certame. Há citações diretas ao secretários petistas Augusto Pereira (Administração e Modernização) e Tarcísio Secoli (Serviços Urbanos), além de Cleuza.

No dia 16 de abril, a Prefeitura anunciou que a Planeta Educação executaria o serviço, exatamente como descrito na denúncia encaminhada ao MP. O contrato, de duração de dois anos, renderá R$ 7,5 milhões à companhia.

A principal contestação ao edital era a exigência de comprovação de que a concorrente possuísse capital de pelo menos 10% do custo do serviço a ser implementado na Pasta de Educação. Ou seja, pela quantia fechada pelo Paço, a terceirizada interessada precisaria ter patrimônio de ao menos R$ 750 mil.

À Junta Comercial, a Planeta Educação declarou ter R$ 3 milhões. “Manobra essa privilegiou a empresa Planeta Educação (...) e impediu outras empresas com cabidal técnico de participar do certame”, narrou o denunciante ao Gaeco.

Durante o processo licitatório, duas empresas – Fram Consulting Ltda e Webcasters Serviços de Software Ltda – questionaram o ponto no edital no qual há suspeita de direcionamento. O Paço negou a representação contra o documento alegando que tal exigência estava embasada em dispositivo assinado pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado).

O Gaeco ABC remeteu o caso à Promotoria de Justiça do Patrimônio Público de São Bernardo, no MP. O grupo não abriu a investigação por não haver caracterização de prática de fraude protagonizada por organização criminosa.

A Prefeitura não se manifestou sobre o caso, que relembra a contratação da empresa New Quality Indústria e Comércio de Carnes e Produtos Alimentícios para fornecimento de salsichas congeladas de peru. Em julho, munícipe registrou em cartório que a New Quality venceria a licitação um dia antes de o resultado ser divulgado. A denúncia é investigada pela Polícia Civil.

Responsáveis pela Planeta Educação não foram localizados pela equipe do Diário.




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