Economia Titulo Vendas
Microempresa cresce, mas corta empregos

Pesquisa aponta alta de 4,2% no faturamento e
queda de 3,3% na ocupação no 1º bimestre

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
25/04/2014 | 07:13
Compartilhar notícia


As MPEs (Micro e Pequenas Empresas) do Grande ABC ampliaram as vendas no primeiro bimestre, com crescimento de 4,2% no faturamento real (já descontada a inflação) na comparação com igual período de 2013, aponta pesquisa divulgada ontem pelo Sebrae-SP. A melhora da receita veio, no entanto, com redução de 3,3% no nível de emprego neste início de ano.

Segundo o coordenador de pesquisas do Sebrae-SP, Marcelo Moreira, essa piora na ocupação tem relação com aumento de custos, por exemplo, com a elevação da taxa básica de juros (a Selic) desde o ano passado, o que encarece o crédito para consumidores e empresas.

Ainda segundo Moreira, as paradas de produção das montadoras de veículos também impacta as MPEs. Isso porque as fabricantes de carros, ao interromperem atividades e colocarem os trabalhadores em férias coletivas ou licença remunerada, geram reflexo nos elos da cadeia produtiva. “Elas demandam menos serviços e menos produtos dos fornecedores”, afirma.

Além disso, de acordo com representantes do empresariado, as interrupções na produção de veículos, somadas a elevações de preços de matéria-prima e a forte concorrência com os produtos importados contribuem para a redução das margens de lucro, o que faz com que as micro e pequenas tenham de reduzir seus quadros de funcionários. É o caso, por exemplo, da indústria Keefer, de São Bernardo. A empresa tinha 86 funcionários em 2013. “Hoje estamos com 50”, diz a diretora Graça Viana Miranda.

Em todo o Estado, o segmento mais atingido pela redução nos postos de trabalho foi o comércio. Os pequenos estabelecimentos comerciais tiveram retração de 5,3% na ocupação, embora tenham tido aumento de 14,6% nas vendas reais (deflacionadas). Já as fabricantes paulistas elevaram, na média, tanto receita (em 5,2%) quanto ocupação (em 6,3%). Moreira salienta, no entanto, que há um efeito calendário, pela influência de mais dias úteis na comparação com os primeiros dois meses de 2013. No ano passado, o Carnaval caiu em fevereiro.

PERSPECTIVAS - Cresceu o pessimismo entre os empresários em relação ao cenário econômico. A pesquisa do Sebrae aponta que ainda são maioria os proprietários de MPEs que têm expectativa de estabilidade na economia nos próximos seis meses. Do total de entrevistados pela entidade, 51% fazem esse prognóstico. Em março do ano passado, esse grupo somava 54%. No entanto, a parcela dos que acreditam em piora no cenário passou de 9% no início de 2013 para 17%.

Segundo Moreira, o pequeno empresario acompanha a evolução do País, que deve ter crescimento modesto neste ano. De acordo com análise do Sebrae, menor aumento do salário-mínimo, inflação alta e crédito mais caro devem restringir o mercado interno, reduzindo o ritmo do faturamento das MPEs e, além disso, há incertezas que devem ser consideradas, como o risco de racionamento de energia elétrica, o que também atrapalharia o consumo doméstico.
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;