Política Titulo Segundo Polícia Federal
Grande ABC esteve na rota de doleiro

Conforme apuração, Youssef e o deputado Vicente Cândido buscaram recursos em São Bernardo

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
25/04/2014 | 07:31
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Investigações da PF (Polícia Federal) apontam que o Grande ABC esteve na rota do doleiro Alberto Youssef, preso desde 17 de março na Operação Lava Jato, suspeito de comandar lavagem de dinheiro com ramificações na Petrobras. Conforme apuração da PF, o cabeça da operação tinha relações com o deputado federal Vicente Cândido (PT). O petista é citado no relatório em episódio que parlamentar e doleiro buscavam recursos em São Bernardo, município administrado por Luiz Marinho (PT).

A tentativa de captação de verba, entretanto, foi frustrada, de acordo com mensagens de texto interceptadas pela Polícia Federal. Reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que Cândido admite ter conhecido Youssef em viagem realizada a Cuba, entre 2008 e 2009. Depois disso, eles tiveram segundo encontro no qual o doleiro solicitou ajuda num processo tributário. Sobre os negócios procurados em São Bernardo, o petista alegou que seria preciso ver com o deputado André Vargas (PT), justificando que não lembrava da situação.

Vargas renunciou ao cargo de vice-presidente da Câmara Federal e agora sofre forte pressão do próprio PT para renunciar ao mandato. Na busca de minimizar o desgaste da ligação, a cúpula petista ameaça levá-lo às últimas instâncias de comissão de ética interna, cogitando, inclusive, a expulsão do parlamentar. Ficou comprovado que o deputado usou um jatinho emprestado pelo doleiro, o que revela relação promíscua com o criminoso.

O relatório da PF contém 80 páginas, elaborado pela Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros, e indica que no período de setembro de 2013 a março deste ano, Youssef e Vargas trocaram 270 mensagens de texto. Para a PF, esse contato demonstra que a relação não era superficial.

A averiguação da polícia ainda não identificou como se daria a transação em São Bernardo. Cândido teve apoio de Marinho, nos bastidores, na disputa pela presidência do diretório estadual do PT. Porém, o suporte enfraqueceu diante da predileção de segmentos majoritários do partido pelo nome do ex-prefeito de Osasco Emídio de Souza, que sagrou-se vencedor no pleito.

PADILHA
O levantamento da PF sugere ainda que o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha indicou, em novembro, um executivo do laboratório Labogen, de propriedade do doleiro. O nome, segundo a PF, é de Marcus Moura, que atuou com Padilha na coordenação de eventos na Pasta federal. Um mês depois da indicação, o ministério firmou parceria com a Labogen para produzir medicamento pelo qual o laboratório receberia R$ 31 milhões em cinco anos.

O ex-ministro divulgou nota repudiando qualquer ligação com o doleiro, negando a indicação. “Se, como diz a PF, os envolvidos tinham preocupação com as autoridades fiscalizadoras, eles só poderiam se referir aos filtros e mecanismos de controle criados por Padilha. A prova maior disso é que nunca existiu contrato com a Labogen e nunca houve desembolso do ministério.” (com agências)
 




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