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Aumenta número de queixas nas compras coletivas

Cadeira de bebê para carro chegou quebrada

Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
20/11/2011 | 07:05
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A felicidade em comprar uma cadeirinha de bebê para o carro tornou-se um transtorno sem fim para o jornalista Claudinei Luiz. Em setembro, ele adquiriu num site de compras coletivas, o ClickOn, o produto por R$ 199 - sendo que o valor de mercado, segundo a empresa, era de R$ 449. Depois de um mês e meio de espera, o carrinho chegou à sua casa quebrado.

Insatisfeito, Luiz resolveu devolver a cadeira e receber de volta o valor pago - o que pode ser feito, segundo o Código de Defesa do Consumidor, até sete dias após a entrega do produto, mesmo que não haja defeitos.

Mas o site não tinha número de telefone para contato, apenas um formulário. Nele, explicou a situação e fez o pedido de devolução do dinheiro investido - que já havia sido descontado do seu cartão de crédito.

Ele registrou 12 protocolos com um varejista que fazia parceria com o ClickOn, e foram enviados cerca de 10 e-mails ao site pedindo informações. "Mas a resposta era sempre a mesma; que meu caso estava sendo analisado e que eu esperasse por mais dois dias. Estou esperando há dois meses meu dinheiro", afirma ele, que já teve retirado o produto, mas ainda não viu a cor do dinheiro.

A maior surpresa, porém, foi quando finalmente recebeu retorno da companhia. Afirmavam na mensagem que seriam devolvidos R$ 179,90 - e a uma pessoa que não era Luiz. "Nem foi o valor que eu paguei, e fora que enviei 12 protocolos e ainda assim não sabiam me identificar?", questiona, acrescentando que a modalidade de compras é atrativa; o conselho é estar alerta à procedência dos sites e fornecedores. Procurado, o ClickOn não se manifestou sobre o caso de Luiz até o fechamento desta edição.

ALTA DE INSATISFAÇÃO - A diretora do Procon de Santo André, Ana Paula Satcheki, afirma que o caso de Luiz não é o único. Neste ano o boom de reclamações fez acender o sinal amarelo do Procon. Isso porque, até o ano passado, os consumidores aproveitavam descontos razoáveis sem grandes transtornos. Fato possível porque os preços eram abatidos em razão de o volume de compradores ser grande.

Hoje já não é bem assim. O que se tem visto, segundo a diretora, é uma série de descumprimentos do CDC. Foram 15 processos formalizados na entidade andreense apenas neste ano.

Ela alerta, contudo, que apesar de o número ser pouco expressivo, o órgão recebe inúmeras ligações e pessoas reclamando da modalidade de compras. "Tem-se visto descumprimento da oferta, produtos com baixa qualidade. Isso é sinal que a empresa não consegue mais dar conta de uma demanda alta e o consumidor sofre", detalha.

Outros problemas nasceram do aquecimento nas vendas coletivas. Ana Paula explica que é prática comum comprar cupons de restaurantes por um preço, e ao comer no local, pagar os 10% de taxa de serviço sobre o valor integral do prato. "Fora preços maquiados, que o consumidor paga um valor que não tem desconto nenhum do que é praticado em outros lugares", diz ela, explicando que a multa do órgão a sites (a maioria dos de compra coletivas sequer informa telefone de contato para SAC), varia de R$ 600 a R$ 6 milhões - o que vai depender do porte econômico da empresa.

 

 




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