Carlos Lupi, que comandou o Ministério do Trabalho, diz que faltam cientistas
O Brasil está em pleno emprego, mas em situação ainda questionável, tendo em vista que há oferta de 1,5 milhão de vagas para profissionais qualificados que dificilmente serão preenchidas. Este é o cenário na visão do ex-ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi (PDT).
Ele entende que faltam investimentos, tanto governamentais quanto do setor privado, na Educação e também na qualificação e atualização profissional dos brasileiros. Isso porque, por enquanto, a fórmula do governo ainda estaria dando certo, tendo em vista que é baseada no crescimento do emprego de menor remuneração que, principalmente, apoiada no avanço do salário-mínimo, sempre garante ganhos reais.
“Hoje, muita gente trabalhando ganha até quatro salários-mínimos (R$ 2.896). É praticamente 75% da força de trabalho brasileira. E essa população é muito influenciada pelo salário-mínimo (que, por força da lei, tem a recomposição da inflação mais a variação do Produto Interno Bruto de dois anos atrás em seu reajuste)”, disse Lupi.
Economista, administrador e contador, Lupi avalia que, de certa maneira, essa fórmula pode perder a validade. E é neste momento em que a Educação no Brasil fará falta. Principalmente pela baixa formação de cientistas que contribuiriam para o desenvolvimento tecnológico no País, fórmula que garantiria maior competitividade no mercado internacional e é utilizada em países mais desenvolvidos.
“Nós formamos 300 cientistas por ano. A China, por exemplo, forma 4.000. Só que, naquele país, ninguém sai de lá em menos de dez anos. O governo proíbe, porque ele entende que realizou grande investimento. No Brasil, dos 300 que formamos, em cinco anos os Estados Unidos levam todos eles”, explicou Lupi.
O ex-ministro criticou a política industrial brasileira, a qual as empresas apenas montam compostos seguindo manuais de instrução e importando peças de outros países. “Se você monta o que já está pronto, você não ganha nada. Mas, o pior, é que estamos montando e produzindo para o mercado interno. Nós não estamos tendo condições de montar e produzir para a exportação, porque nosso preço não é competitivo e não vende.”
Porém, Lupi entende que a transferência de tecnologia para a fabricação de caças da empresa sueca Saab foi coerente São Bernardo terá empresa que realizará parte desse processo. “Neste caso eles vêm, durante tanto tempo, e vão deixar a tecnologia aqui para o Brasil. Eu quero ser justo, o governo fez o que era mais certo. Eles mandam para cá, são obrigados a fornecer a tecnologia para que a gente desenvolva a nossa posteriormente. Isso é o que a China faz. A China copiou e depois avançou muito mais.”
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