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Greve dos coletores
de lixo entra no 3º dia

Reunião no TRT terminou sem acordo ontem;
resíduos começam a tomar as ruas e calçadas

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
02/04/2014 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


A greve dos trabalhadores responsáveis pela limpeza urbana de seis cidades do Grande ABC – exceto Rio Grande da Serra – segue hoje para o terceiro dia, após a categoria rejeitar mais uma vez, em assembleia, proposta de reajuste salarial de 10% oferecida pelo sindicato patronal, o Selur (Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo).

A oferta foi feita novamente em audiência realizada ontem no TRT (Tribunal Regional do Trabalho), que reuniu, além do Selur, representantes do Siemaco-ABC (Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços de Asseio e Conservação, Limpeza Urbana e Manutenção de Áreas Verdes Públicas e Privadas). Foi aberto prazo de 24 horas – que se encerra na tarde de hoje – para manifestação das entidades sindicais e posicionamento do MPT (Ministério Público do Trabalho). A partir daí, os processos serão distribuídos e uma data de julgamento será marcada.

A categoria da região, que pede aumento de 15,39%, deflagrou paralisação na segunda-feira e, desde então, o lixo se amontoa pelas ruas da região. No mesmo dia, o TRT determinou que metade do efetivo mantivesse as atividades de varreção e coleta, além de 100% de atividade em relação aos serviços de recolha de resíduos hospitalares. Porém, a determinação não foi cumprida em sua totalidade. Em Mauá e Ribeirão Pires, apenas a coleta do lixo da Saúde foi feita. A Polícia Civil foi até a Lara Central de Tratamento de Resíduos, empresa que atende também a Rio Grande da Serra (esta última não aderiu à greve por não fazer parte do Siemaco-ABC), na tentativa de negociar com os trabalhadores a retomada de 50% dos funcionários para os demais trabalhos, porém, sem sucesso.

Em Santo André, a coleta também foi paralisada 100%; apenas varreção de rua aconteceu parcialmente. Em descumprimento à liminar, o Siemaco-ABC será multado e, segundo o TRT, “o valor e destinação serão arbitrados em momento oportuno, no caso, quando for a julgamento”.

Em toda a região, a coleta de lixo é feita por aproximadamente 1.200 pessoas – quando incluídos os profissionais de varrição, esse número chega a 3.000. Hoje, a remuneração mínima total (salários mais benefícios) dos coletores totaliza R$ 1.768,53. Já os varredores recebem R$ 1.472,69.

“Coletamos lixo, mas não somos lixo. Merecemos respeito. Que o Selur e as empresas tenham consciência do valor que tem o nosso trabalho”, disse o secretário-geral do Siemaco-ABC, Ednaldo de Oliveira.

Em nota, o sindicato patronal lamentou a rejeição da proposta e continuidade da greve na região. “O Selur segue empenhado na busca de solução urgente. A entidade reafirma ser necessário garantir o atendimento da população. Nesse sentido, espera que o diálogo e o bom senso prevaleçam”, defendeu, em nota.

População tenta minimizar efeitos e armazena detritos em casa

Com a greve dos coletores de lixo no Grande ABC, as lixeiras estão transbordando e sacos de lixo tomam as calçadas em toda a região. Diante disso, as prefeituras têm orientado a população a manter os resíduos alocados nas residências, e parte dos munícipes tem contribuído para não expandir o cenário de sujeira instalado nas ruas.

“Tenho criança pequena e acabo produzindo muito lixo por causa das fraldas, mas estou mantendo os sacos (já estavam em cinco) na garagem. Na rua, os cachorros vão rasgar e será pior”, contou a dona de casa Fabiana Mariano de Oliveira, 36 anos, moradora do Parque Erasmo, em Santo André. A casa dela fica próxima a diversas caçambas de lixo, que ontem estavam repletas de moscas, além do forte mau cheiro exalado.

Na Vila Assis, em Mauá, Maria dos Anjos, 57 anos, faz o mesmo, já que a lixeira onde a comunidade coloca os resíduos não tem mais espaço para um saco sequer. “Espero que a greve não dure muito tempo.”  




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