"Não contavam com minha astúcia". Roberto Gómez Bolaños, quando criou esse bordão para um dos seus clássicos personagens, o Chapolin Colorado, não tinha ideia do tanto de gente que iria cativar pelo mundo.

Seja Silvio Santos em busca da fórmula certeira da audiência, seja quem há 30 anos fica em frente à TV para rir das mesmas piadas, aqui no Brasil o artista mexicano pode ter certeza de que muitos contam com a sua astúcia. Não à toa, seus personagens transcenderam o espaço e firmaram-se como clássicos nacionais.

Para celebrar, Bolaños escreveu sua história. 'Chaves - A História Oficial Ilustrada' (Universo dos Livros, 208 pág., preço médio R$ 35) chega às livrarias recheado de fotos do artista e de seus personagens.

Declarações em primeira pessoa tomam as páginas, que têm início quando Bolaños nasceu, em 1929. Baixinho briguento como seu mais famoso personagem, ele não levava desaforo para casa. "Ser pequeno, magro e frágil sempre me causou um complexo de inferioridade, que eu só conseguiria superar com alguns golpes", explica.

Galanteador, bom futebolista e aspirante a lutador, Bolaños narra sua história até o ponto em que começou a fazer roteiros televisivos e mostrar seu talento para o humor.

Florinda Meza, a atriz que deu vida à mãe do Quico, com quem Bolaños está junto desde 1977, ganha parágrafos e mais parágrafos com declarações de amor. Em um deles, faz uma revelação. A única mulher com quem trairia Florinda seria Sophia Loren, "a maior obra de arte do cinema, maior do que qualquer filme ou do que qualquer coisa. É uma beleza excepcional."

Longe das polêmicas que cercam o fim de Chaves e o início das inimizades entre alguns dos atores, Bolaños, quando cita no livro Chiquinha e Quico (cujos intérpretes, Maria Antonieta de Las Nieves e Carlos Villagrán, vivem disputas judiciais pelos direitos dos personagens), prefere contar o que o inspirou a criá-los.