Turismo Titulo
Crédito, o maior amigo e o pior inimigo

Saber usar o cartão é uma arte que pode fazer a viagem ser mais tranqüila

Andréa Ciaffone
do Diário do Grande ABC
20/03/2014 | 07:07
Compartilhar notícia


Até 1990, quando o governo passou a permitir que os brasileiros tivessem cartões de crédito internacionais, viajar para o Exterior exigia certa criatividade para levar os valores necessários para pagar as despesas. Por isso, comprar passagens, hospedagem e passeios em agências de turismo era uma forma de deixar tudo pago em moeda nacional e não ter de levar grande montante em dinheiro para efetuar pagamentos no destino. Quanto aos fundos necessários para pagar refeições, passeios e compras, o jeito era levar todo o dinheiro em espécie ou, por questões de segurança, utilizar os traveller’s checks. Para evitar possíveis furtos, os mais viajados davam a dica de usar uma pochete para carregar o dinheiro, que deveria ficar por baixo da roupa. Atrapalhava o caimento, mas era a mais moderna tecnologia antifurto. Na pochete também iam os traveller’s checks, que deveriam ser trocados em casas de câmbio, o que implicava em um custo de transação e também não ajudava muito na segurança dos viajantes.

Por isso, quando os portos foram abertos aos cartões internacionais, o brasileiro se viu elevado para a condição de turista globe-trotter. Ou quase.

Sim, o cartão de crédito resolve tudo, mas seus superpoderes estão condicionados à existência de limite de crédito, e isso é algo que pode causar confusão. O primeiro percalço do usuário é utilizar o cartão para comprar passagens aéreas e hospedagem, já que esses gastos, mesmo que parcelados em real, reduzem o saldo de limite de crédito disponível para compras dramaticamente.

Também há outro ponto inconveniente: é praxe entre os hotéis, mesmo quando as diárias já estão pagas, bloquear um valor para cobrir despesas eventuais. Mesmo que o hóspede não gaste nada, esse valor leva alguns dias para voltar ao saldo disponível no cartão. Então, para garantir a segurança de ter crédito, é preciso estratégia.

Nesse sentido, os cartões pré-pagos podem ser aliados poderosos. “A vantagem do cartão pré-pago é que ele amplia a segurança do viajante. Como ele funciona como um cartão de débito, inclusive é emitido com bandeira Visa ou Mastercard, o turista sabe que tem um dinheiro disponível além do limite do seu cartão de crédito, pode consultar seu extrato para conferir a movimentação quando quiser e fazer seus pagamentos sem medo de uma fatura chegar depois para assombrá-lo”, diz Juvenal Marcelo dos Santos, diretor da Confidence Câmbio, uma das líderes de mercado na emissão de cartões pré-pagos.

A praticidade deste meio de pagamento fez com que suas vendas crescessem 110% entre 2010 e 2013. “Até o fim do ano passado, os pré-pagos sofriam a incidência de 0,38% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), enquanto que o dinheiro em espécie não sofre tributação. Devido à praticidade, os clientes costumavam comprar metade dos seus fundos de viagem em espécie e a outra metade em plástico pré-pago”, relata.

No entanto, com o aumento da alíquota de IOF para 6,38% no pré-pago, equiparando-o ao cartão de crédito, o cenário mudou. “Hoje, os clientes têm levado 80% em dinheiro vivo, mas isso nos preocupa porque fragiliza a segurança do viajante. Ele não paga imposto, mas, se perder dinheiro ou for roubado, não terá como recuperar aquele valor. Já o plástico permite bloqueio, emissão de segunda via e troca de senha, o que reduz os inconvenientes durante a viagem”, arremata Santos. Além da segurança, o diretor aponta a questão da praticidade. “Hoje é possível carregar o pré-pago em seis moedas: dólar norte-americano, dólar canadense, dólar australiano, euro, libra e peso argentino. Isso facilita muito a utilização e o planejamento das despesas. A outra vantagem para quem tem dificuldade em se organizar com o dinheiro é que ele permite ser carregado mês a mês até a pessoa que pretende viajar chegar ao montante que deseja levar”, explica.

FINANCIAMENTO - Para financiar viagens sem explorar os limites dos cartões de crédito, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal oferecem linhas de crédito específicas para compra de passagens e hospedagem, o que libera os limites do cartão.
De acordo com o Banco do Brasil, com o BB Crediário é possível parcelar os custos da viagem em até 48 meses, com pagamento da primeira parcela em até 59 dias. Basta utilizar os cartões Ourocard Visa, Elo ou Visa Electron diretamente nos estabelecimentos conveniados ao banco e afiliados à Cielo.

Esse crédito pessoal é para quem deseja financiar despesas com viagens e lazer, tais como passagens aéreas, terrestres, marítimas ou ferroviárias, diárias de pousadas e hotéis, locação de veículos e pacotes turísticos.

A simulação de valores também pode ser feita diretamente na máquina da Cielo. Para financiamento de passagens aéreas (TAM, Azul, Trip e Puma Air) em lojas físicas conveniadas com o Banco do Brasil, o cliente tem até 180 dias para começar a pagar. O crédito é sujeito a aprovação cadastral e demais condições dos produtos, que incluem possuir conta-corrente no banco; limite disponível para a modalidade (o montante pode ser conferido no extrato da conta-corrente, no item BB Crediário/Construção e a prestação máxima admitida) e possuir alguns dos seguintes cartões: Ourocard Visa, Elo ou BB Visa Electron. O cliente também deve possuir contrato de adesão assinado em sua agência bancária de relacionamento.

Já a Caixa oferece o Cartão Turismo, que traz benefícios exclusivos para compras em estabelecimentos de turismo e entretenimento, como hotéis, pousadas, companhias aéreas, restaurantes, agências de viagens, locadoras de automóveis e parques temáticos, com financiamento em até 48 meses e taxas de juros reduzidas, variando entre 3,99% e 7,69 % ao mês. “A Caixa possui produtos que facilitam a possibilidade de realizar viagens, pois dilui em mais parcelas os valores dos pacotes que, em média, nas agências, são pagos em dez ou 12 meses”, diz Edvaldo Contin, gerente regional de Pessoa Física da Caixa para o Grande ABC.

CVC - A operadora CVC anunciou ontem o lançando de um cartão de crédito co-branded com uma instituição financeira ainda não divulgada. Um dos diferenciais do cartão é que seu uso permitirá acumular pontos que poderão ser trocados por viagens em um sistema semelhante ao dos cartões com marca de companhias aéreas, que convertem gastos em milhas. Os plásticos começarão a ser emitidos ainda neste mês.

Mesmo para quem não pretende usar essas linhas de crédito específicas, é interessante comprar o que for possível ainda no Brasil, convertido em real, por causa do custo de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que é de 6,38% tanto para cartões de crédito quanto para os pré-pagos usados no Exterior.

Por isso, quando o turista adquire algum bem no Exterior, tem de estar atento não só aos limites de alfândega – que permitem compras no valor de até US$ 500 sem pagamento de tributos – como também ao fato de que é preciso acrescentar o valor do IOF ao preço pago. Ou seja, tudo o que for comprado com cartão fora do Brasil custará 6,38% mais caro do que o valor da etiqueta.
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.

Mais Lidas
Notícias relacionadas


;