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Embarque no seu sonho

Para que sua viagem decole sem que as finanças
se tornem um desastre na volta, é preciso planejar

Andréa Ciaffone
do Diário do Grande ABC
20/03/2014 | 07:07
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Sxc.hu


Escrito por Quentin Tarantino, o filme Um Drink no Inferno começa como uma trama de estrada, mas repentinamente transforma-se em uma história de terror. Apesar de fictícia, essa reviravolta pode ser considerada uma metáfora eficiente para expressar os efeitos que as viagens mal planejadas exercem sobre as finanças do viajante. “O sonho de viajar é um dos mais recorrentes. Mas, como todos os sonhos que envolvem a realidade financeira, tem potencial para se tornar um pesadelo”, adverte o terapeuta financeiro e escritor Reinaldo Domingos. “Quem pretende fazer turismo deve se organizar e pensar nos detalhes antes, durante e depois da viagem, para que a experiência seja inteiramente positiva e memorável, e não acabe se tornando uma lembrança ruim cada vez que a fatura do cartão de crédito chega”, aconselha.

Segundo o autor do best-seller Terapia Financeira, o segredo para dormir tranquilo é a capacidade de planejamento do viajante. “O primeiro passo é atingir um consenso familiar sobre o projeto de viajar e também sobre o destino. Isso é importante para, depois, não se ter o desgaste de ouvir de alguém que não queria ter ido para aquela localidade e também para garantir adesão às medidas de economia pré-viagem”, explica.

Domingos aponta que a grande maioria das famílias tem condições de adotar um plano de corte de gastos nas suas despesas para aplicar parte do orçamento familiar em uma poupança para a viagem.

“Aí, chegamos ao segundo passo: definido o destino, é hora de pesquisar quanto custa ir para esse lugar”, diz Domingos, que recomenda começar a pesquisa pela internet para saber os custos de passagens, hospedagem, pacotes e passeios para, depois, procurar agências de viagem e verificar as diferenças de preço.

Como agências e operadoras trabalham com grandes quantidades de passageiros, têm escala para conseguir melhores preços. Além disso, podem oferecer aconselhamento especializado sobre a época mais adequada para estar em um determinado lugar. Profissionais do turismo podem, por exemplo, ajudar o viajante a saber o quanto ele gastará para se manter na viagem.

“Uma estratégia válida é perguntar para quem já foi ao lugar escolhido e saber quanto custam refeições, passeios, transporte e comunicações”, observa Domingos. “As pessoas sabem quanto vão pagar de passagem e hotel, mas se esquecem de outros custos, como táxis, restaurantes, passeios, ingressos, e essa é uma parte dos custos que deve ser planejada para evitar surpresas”, diz o especialista.

Depois que estes gastos estiverem estimados, deve-se colocar ainda uma margem de segurança de 40%. “Esse valor é para cobrir aquele restaurante mais legal ou para financiar uma oportunidade que possa aparecer, como o desejo de ver um show ou uma partida de futebol.” Por isso, é importante que se reserve uma verba extra para alocar nessas chances únicas de última hora.

Com uma estimativa detalhada dos custos já feita, o turista em potencial terá de cruzar o montante que consegue economizar por mês em seu orçamento com o custo previsto da viagem. Assim, ele poderá traçar seu cronograma tendo em mente a seguinte questão: quantos meses de economia serão necessários para chegar ao valor se considerar apenas o dinheiro disponível do rendimento mensal? Outro fator importante é saber quanto pode-se cortar dos gastos rotineiros para compor essa poupança de viagem e acelerar o processo.

O especialista acredita que a melhor forma de fazer essa poupança é colocar o dinheiro em uma aplicação financeira. “Essa é a melhor maneira de garantir o ganho de juros e é sempre bom ter o dinheiro trabalhando a seu favor.”

Segundo Domingos, no caso das viagens internacionais, a estratégia de comprar moeda aos poucos todos os meses é arriscada. “Além de não ser seguro deixar dinheiro em casa, o dinheiro não está rendendo. Obviamente, há a variação cambial. Mas, em um cenário de câmbio estável, o ganho de juros costuma ser maior”, analisa. “Colocar o dinheiro todo mês no cartão pré-pago não gera ganhos. Então, é melhor deixá-lo rendendo e comprar a moeda estrangeira só na época da viagem. O mais sensato é comprar pelo menos 20% ou 30% em espécie e deixar o restante no cartão pré-pago. Também é importante levar pelo menos dois cartões de crédito, de preferência de bandeiras diferentes, e lembrar de desbloqueá-los para uso internacional no período da viagem”, aconselha Domingos.

Com sua alma de contador, o terapeuta financeiro destaca que tanto no cartão pré-pago quanto no de crédito, o custo da operação em moeda estrangeira é alto devido à incidência do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que é de 6,38%. “Ou seja, a pessoa tem que calcular esse custo e, no caso das compras com cartão de crédito, lembrar que não existe parcelamento e que tudo virá na mesma fatura.”

É nesse ponto que o sonho de viagem pode virar pesadelo financeiro. “O viajante que chega e não consegue pagar a fatura do cartão começa a ter um problema grave porque o custo do rotativo do cartão é muito alto”, avisa. O valor dos juros de um cartão de crédito varia, mas, de forma geral, fica em torno de 280% ao ano. Ou seja, a dívida facilmente se torna impagável. “O retorno de uma viagem tem de ser tão planejado quanto a ida. É isso que garante as boas lembranças.”
 




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