Os números apontados pela pesquisa Panorama Global de Negócios conduzida pela Fundação Getulio Vargas (FGV), Duke University e CFO Magazine relevam que o executivo brasileiro se tornou um dos mais pessimistas do mundo. Na Ásia, o otimismo está em 63,6 pontos. Na sequência aparecem, os Estados Unidos (60), seguido pela América Latina (59,2), e Europa (58,5).
O otimismo do Brasil vem caindo consistentemente ao longo das últimas pesquisas - no primeiro trimestre de 2013, chegou a ser de 63,5 pontos - e a expectativa ruim com o desempenho da economia brasileira ajudou a derrubar a média da América da Latina. Se os executivos brasileiros não tivessem participado do levantamento, por exemplo, o índice médio da região seria de 64,3 pontos. Para efeito de comparação, o indicador no Peru é de 69,8 pontos, e no Chile de 66,2 pontos.
"O Brasil está se descolando de outro países porque o resto do mundo está melhorando", afirma Klenio Barbosa, professor de economia da FGV e codiretor da pesquisa. O estudo também teve a direção do professor de finanças da FGV Antonio Gledson de Carvalho. "O otimismo do empresário brasileiro está caindo mesmo na comparação com outros países da América Latina. Isso nos leva a crer que o maior pessimismo seja motivado por fatores internos e não externos", afirma Barbosa.
O desânimo dos empresários brasileiros também pode ser medido por outro indicador. Segundo o levantamento, 68,3% dos CFOs se tornaram mais pessimistas do que no trimestre anterior, enquanto apenas 9,5% ficaram mais otimistas. Na Europa, esse indicador está em 63%, na Ásia fica em 47%, e nos Estados Unidos é de 40%.
"Esse resultado corrobora os fracos indicadores de atividade econômica do País e sinaliza que os próximos meses não devem ser positivos para a economia brasileira", diz Barbosa. No ano passado, o Produto Interno do Bruto (PIB) do Brasil cresceu 2,3%. Para 2014, a expectativa do mercado, segundo o Boletim Focus, é que a economia brasileira avance apenas 1,7%. Há quatro semanas, a expectativa de crescimento era de 1,79%.
Razões
Parte do maior pessimismo dos empresários pode ser medida pela expectativa de desaceleração no crescimento do emprego. O estudo apontou uma tendência mais fraca na contratação de trabalhadores efetivos com crescimento de 2,2%, abaixo dos 2,6% do levantamento anterior e de uma redução de 0,4% na de temporário (ante 0,7%).
Os CFOs também estão enxergando uma dificuldade para o gerenciamento do capital de giro das empresas. De acordo com a pesquisa, a taxa projetada de crescimento de gastos de capital nos últimos seis meses caiu de 7,4% para 4%. "Esse tipo de preocupação aparece quando há dificuldade de fazer um financiamento, seja porque os fornecedores não estão dispostos a emprestar para as empresas, seja porque há uma expectativa de aumento dos juros", diz Barbosa. Desde abril de 2013, o Banco Central tem elevado a taxa básica de juros. De lá para cá, a Selic aumentou de 7,25% ao ano para 10,75% ao ano.
A pesquisa Panorama Global de Negócios é trimestral e foi concluída em 5 de março. Foram entrevistados 907 diretores financeiros no mundo, sendo 379 dos Estados Unidos, 205 da Ásia, 138 da Europa e 144 da América Latina - desses, 63 do Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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