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Acabou o jejum
Thiago Postigo Silva
Do Diário do Grande ABC
07/08/2012 | 07:15
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Foram 44 anos de espera por medalha do boxe brasileiro, de críticas, de pressão, mas tudo terminou ontem e em dose dupla. Adriana Araújo (de azul, na foto), na categoria até 60 kg, e Esquiva Falcão, na até 75 kg, fizeram história ao se classificarem à semifinal, garantirem ao menos uma medalha - não há disputa de terceiro e quarto - e igualar a façanha de Servílio de Oliveira, que ficou com o bronze já no longínquo 1968, na Olimpíada da Cidade do México, no único pódio do Brasil na modalidade até então.

Ambos os lutadores não tiveram dificuldades em vencer os combates. Esquiva Falcão derrotou o húngaro Zlatan Harcsa por 14 a 10 e agora encara o boxeador da casa, o britânico Anthony Ogogo, na sexta-feira. Os dois se enfrentaram no Mundial de 2011 e o brasileiro venceu por 17 a 12.

Já Adriana Araújo bateu a marroquina Mahjouba Oubtil por 16 a 12. Amanhã, ela encara a russa Sofya Ochigava por vaga na decisão.

Morador de Santo André, Servílio de Oliveira, 64 anos, não escondeu a alegria de voltar a ver o boxe brasileiro no centro das atenções no pódio em uma Olimpíada. "Estou muito feliz porque sou brasileiro. É muito bom ter a modalidade com medalhas para o Brasil após 44 anos", destacou o ex-pugilista.

Servílio de Oliveira não se importou em ter seu recorde quebrado, mas fez ressalva. "Eu deixei de ser o último a ganhar medalha, mas sempre serei o primeiro e com detalhe importante: naquela época não havia dinheiro para nos patrocinar. Eu trabalhava na Pirelli das 8h às 5h da tarde. O meu salário era o meu patrocínio. Hoje a situação é bem diferente", comparou.

Para o ex-atleta, o principal trunfo foi no feminino. "O boxe para mulher é legal. Foi uma grande conquista. Hoje, temos presidentes que são mulheres e por que elas não poderiam lutar boxe?", questionou.

No entanto, ele ainda mantém a preocupação com futuro do esporte no Brasil, principalmente na Rio-2016, mesmo com as medalhas. "O dinheiro quem recebe é a confederação, mas ela não forma atleta. Quem forma é o clube, que acaba ficando sem dinheiro. Assim, eles se desinteressam por formar o atleta", explicou.

Ex-pugilista acredita mais em Esquiva

Servílio de Oliveira também analisou as próximas lutas dos atletas brasileiros pelas semifinais. Segundo o ex-pugilista, quem tem mais chances de alcançar à final é Esquiva Falcão, que encara o britânico Anthony Ogogo, enquanto que Adriana Araújo terá de melhorar o desempenho para superar a russa Sofya Ochigava.

 "Acho que o Esquiva não ficará com a medalha de bronze. Ele deve ir mais longe. Tem potencial para isso", destacou Servílio. "Sobre a Adriana, acho que ela poderia vibrar mais na luta de hoje (ontem). Ela precisa trabalhar com mais qualidade. Tem chances de chegar à final, são poucas, mas há possibilidade", opinou.




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