Economia Titulo Empreendedores
Investidor quer startup voltada ao mercado
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
02/12/2013 | 07:44
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As startups, ou seja, empresas iniciantes, principalmente na área de tecnologia, podem ser foco de interesse de investidores dispostos a aportar recursos no negócio. Porém, como saber se a iniciativa é atrativa o suficiente para captar dinheiro dessa forma? Entre as dicas dos especialistas, uma das principais é: ter uma grande ideia, por si só, não serve para muita coisa, se o empresário não conseguir demonstrar que tem mercado. “É preciso colocar em prática; o desafio é criar, mas também gerenciar”, destaca o professor de Economia da FIA (Fundação Instituto de Administração) Carlos Honorato. 

Evidentemente, inovar é fundamental, mas a criatividade tem de ser voltada ao mercado. “É importante fazer algo que é diferente do que já existe, mas é preciso que faça sentido para o cliente”, cita o presidente da associação Anjos do Brasil, entidade de apoio a investimentos em empresas inovadoras iniciantes, Cássio Spina. 

Honorato acrescenta que o novo empreendedor que quer ser alvo de investimentos não precisa fazer, necessariamente, um plano de negócios altamente sofisticado. Mas deve, pelo menos, se organizar e detalhar qual o potencial que o empreendimento vai atingir, por exemplo, procurando levantar quantas pessoas podem ser atingidas por seu empreendimento. Spina, por sua vez, cita que a chamada “capacidade de execução” pode ser verificada pelo histórico profissional dos sócios e por quanto já conseguiram trilhar no mercado com recursos próprios.

 Além dessas características, o empresário iniciante também pode se beneficiar de rede de relacionamentos. Dessa forma, estar em incubadoras de empresas de tecnologia (programas que dão apoio econômico e técnico para novos projetos inovadores) e participar de associações empresariais ou polos tecnologicos propiciam mais visibilidade e dão chance, ainda, de salutar troca de experiências entre os empreendedores. 

OPORTUNIDADES

 O mercado da internet é promissor no Brasil para novos empreendimentos, embora ainda esteja bem menos desenvolvido que nos Estados Unidos, assinala Honorato. Lojas on-line brasileiras ainda respondem por cerca de 3% das vendas do varejo total, enquanto no mercado norte-americano chegam a 10%, de acodo com dados recentes da E-bit. 

 Entre os novos participantes do e-commerce nacional está a Epicerie, que iniciou em março deste ano e já vem alcançando marcas expressivas. Em outubro, foram 20 mil guarrafas de vinho vendidas e R$ 600 mil de faturamento. 

Engenheiro formado pela Poli-USP, o sócio Ari Gorenstein trabalhou no segmento automotivo, mas, em paralelo, tinha como hobby a degustação de vinhos – fazia parte de clube de apreciadores e participou de confraria de amigos dessa bebida –, e vislumbrou oportunidades nessa área. Fez mestrado em enologia e marketing, abriu consultoria e, depois, montou o e-commerce de importados Epicerie, com sistema flash sales (ofertas por tempo limitado). 

A iniciativa rapidamente atraiu a atenção do grupo alemão Project A, que é focado em colocar recursos em startups para obter retorno futuro com o crescimento do negócio no mercado. Essa companhia tinha interesse em replicar no Brasil modelo da loja virtual chamada Wine in Black, a qual já apoiava na Europa. 

 A Epicerie recebeu aporte de 1 milhão de euros (mais de R$ 3 milhões) da da companhia alemã, e atualmente está investindo em infraestrutura, o que inclui a montagem de CD (centro de distribuição) próprio. Gorenstein avalia que há muito espaço para crescer no mercado nacional, mas o foco segue sendo a oferta de poucos rótulos (em torno de 30 a 40), para agregar valor aos clientes e oferecer, além dos produtos, curadoria, ou seja, orientação sobre os melhores vinhos. Ele espera fechar o primeiro ano com R$ 9 milhões de faturamento.

De S.Caetano, companhia inicia em Miami

Iniciada em São Caetano, a partir da experiência de amigos que iam a bares e restaurantes e, às vezes, ficavam esperando pelo garçom que demorava para chegar, a empresa Unbound surgiu com o desenvolvimento do aplicativo Tabber, para smartphones e tablets, que permite ao cliente olhar o cardápio, fazer o pedido, ter controle do valor da conta e até mesmo pagar com cartão de crédito sem a necessidade de esperar para ser atendido. “Para o restaurante, a vantagem é que gera mais eficiência e permite capturar mais vendas que talvez pudessem ser perdidas”, assinala o sócio Ricardo Da Ros. 

 A Unbound começou, em janeiro de 2012, com experiência piloto em oito estabelecimentos do Grande ABC e de São Paulo e, logo que surgiu, recebeu o convite da aceleradora (empresa que dá apoio para que pequenos empreendedores intensifiquem o ritmo de crescimento) norte-americana Venture Hive, para montar empreendimento desse tipo naquele país. “Modificamos nosso plano de negócios. Levou quase seis meses para (o modelo do negócio) ficar redondo, fizemos diversas reuniões com potenciais investidores e estamos prestes a lançar em restaurantes em Miami”, afirma Da Ros. Ele observa que o mercado norte-americano é muito interessante e já tem cultura mais disseminada de uso do smartphone, o que facilita a implantação de seu negócio. Por isso, garante que foi uma decisão estratégica se estabelecer nos Estados Unidos. 

A aceleradora, além de oferecer infraestutura física (salas) e workshops, facilitou a empreitada naquele país, por meio de contatos com associações comerciais locais e donos de restaurantes. “Esse foi um network que nunca teríamos acesso sozinhos”, afirma. 

Da Ros, que fez Ciência de Computação nos Estados Unidos, e depois voltou ao Brasil para ser diretor de multinacional, mas se desligou para ficar 100% dedicado ao Tabber, cita que, o projeto já recebeu cerca de R$ 150 mil de investimentos dos sócios. 

Em vias de se lançar no mercado norte-americano, a Unbound tem planos de voltar ao Brasil, para oferecer o aplicativo a restaurantes nacionais, inclusive no Grande ABC.  




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