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Trabalhadores clamam por justiça social durante missa de São José Operário

Ausência de lideranças políticas na tradicional cerimônia na Igreja Matriz, em São Bernardo, chamou atenção no 1º de maio

Beatriz Mirelle
01/05/2024 | 13:00
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Claudinei Plaza/DGABC


A missa de São José Operário, realizada nesta quarta-feira (1º) para celebrar o dia do trabalho, foi marcada por pedidos de justiça social, melhores qualidades de serviço e redistribuição de renda. Durante a tradicional cerimônia na Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, na Praça da Matriz, em São Bernardo, a ausência de autoridades políticas chamou atenção - o evento teve a presença apenas do deputado estadual e pré-candidato a prefeito da cidade Luiz Fernardo Teixeira (PT) e a vereadora Ana do Carmo (PT). O evento juntou cerca de 500 pessoas.

O bispo Dom Pedro Carlos Cipolini, da Diocese de Santo André, ministrou o ato litúrgico e relembrou a trajetória de José, segundo pai de Jesus, como carpinteiro. De acordo com Cipolini, qualquer trabalho proporciona dignidade porque, além de garantir o necessário para sobrevivência, ajuda a manter a sociedade. “O trabalho nos liga a Jesus, porque Ele também foi operário em Nazaré. Na nossa realidade, 8 milhões de pessoas estão desempregadas no Brasil. Temos ainda trabalho escravo. Existe uma insatisfação muito grande no meio do nosso povo porque percebemos o cansaço com a injustiça social brasileira. Se não fizermos uma justa distribuição de renda, não há pastoral operária, não há mudança nas leis trabalhistas que resolverão os problemas do nosso país. É preciso solidariedade e partilha, como manda a palavra”, disse durante a homilia. 

Para Antônia Carrara, integrante da Pastoral Operária, o 1º de maio é o dia da classe trabalhadora, não do trabalho. “Fazemos essa missa há 44 anos para manter viva a história de resistência dos trabalhadores e deixar sempre na memória que a Igreja Matriz de São Bernardo foi palco de lutas em 1980, quando aconteceram as grandes greves operárias que ganharam repercussão no Brasil e no mundo.” 

Nesta quarta-feira, os integrantes do Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC marcaram presença na Neo Química Arena, local que é o principal palco das celebrações do 1º de maio. Na ocasião, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, discursaram. 

Apesar da agenda na Capital, o deputado estadual passou a manhã na Igreja da Matriz, antes de seguir para a arena. “O prefeito (Orlando Morando) naturalmente não veio e outros (políticos) que ao longo de suas caminhadas têm tirado direitos da classe trabalhadora também não estiveram presentes. Infelizmente, poucos defendem a classe trabalhadora estavam presentes, mas o importante é que o povo estava na missa”,analisou.<EM>

Segundo Teixeira, as leituras ao longo da cerimônia foram essenciais para exaltar a necessidade de proteção e equidade no Brasil. “Não podemos nos conformar com pessoas sem lares, comida e emprego. Hoje, o povo mais pobre de São Bernardo não tem atendimento à saúde. Vemos mulheres que dão luz aos seus filhos e morrem ou perdem os bebês por descuido da rede pública municipal. Temos que resgatar a importância da justiça social na região.” 

Entre as reivindicações do dia, a vereadoraa Ana do Carmo pontua a luta por mais direitos trabalhistas à PCDs (Pessoas com Deficiência) e às mulheres. “É um dia de reflexão para pensarmos em tudo o que foi feito e o que ainda precisamos alcançar. Tivemos poucos avanços para PCDs. Não há vigilância de como eles são tratados nas empresas. Também temos a questão de igualdade de gênero. As mulheres ainda sofrem tanto para poder trabalhar e ter que cuidar dos filhos.”




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