O potencial de descoberta dos chamados recursos não convencionais de óleo e gás levou a concorrência a ser chamada de leilão do gás de xisto (shale gas), em alusão à exploração do shale gas nos Estados Unidos - o termo correto é gás de folhelho. A revolução energética provocada shale gas nos EUA, que reduziu fortemente o preço do insumo, criou a expectativa de um movimento parecido no Brasil.
Apesar do otimismo, o leilão é cercado por incertezas do ponto de vista comercial, ambiental e regulatório. Um dos pontos mais polêmicos diz respeito à técnica usada para exploração dos recursos não convencionais. O procedimento de fraturamento do solo usa a injeção de água misturada a produtos químicos, gerando risco de contaminação dos lençóis freáticos. A técnica de fraturamento hidráulico não é regulamentada no Brasil.
Além disso, estudo produzido por órgãos do governo concluiu que alguns blocos se sobrepõem a unidades de conservações ambientais e a reservatórios de hidrelétricas, além de estarem próximas de áreas indígenas.
No lado comercial, a venda de gás para a geração de energia elétrica é vista como a melhor opção para monetizar as reservas a serem descobertas, já que os blocos estarão localizados longe dos principais gasodutos do País. Com a termoelétrica construída na boca do poço, os investidores podem tirar vantagem da alta capilaridade da rede de transmissão de energia elétrica. O risco desse plano é que as térmicas a gás não têm sido bem-sucedidas nos leilões de energia do governo, perdendo muito espaço para eólicas.
"O movimento da ANP é correto, mas não é o melhor momento para realizar a licitação", disse o presidente do Conselho de Administração da consultoria Gas Energy, Marco Tavares. Das 21 empresas qualificadas para o leilão, 12 apresentaram garantias. Na lista, há gigantes como Petrobras, Shell e Total. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.