Economia Titulo Crise
BNDES prevê reação
no segundo semestre

Coutinho avalia que cenário ruim da indústria já ficou para
trás; contudo, os analistas ainda veem muitas dificuldades

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
31/07/2012 | 07:20
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"O pior já passou", afirmou, ontem, o presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, ao comentar sobre o fraco desempenho do setor industrial no primeiro semestre.

Para ele, os estoques altos das fabricantes, somados à falta de confiança dos empresários, em decorrência da crise internacional, contribuíram para atrapalhar o desempenho das indústrias, que chegaram em junho com queda na produção e na utilização da capacidade instalada. Coutinho, que participou ontem de evento promovido pela Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) em São Paulo, demonstra otimismo, de que haverá reação da economia no segundo semestre.

Sua avaliação contrasta com análise da CNI (Confederação Nacional da Indústria), que vê a necessidade urgente de reorientação da política industrial. Para o gerente-executivo de pesquisa e competividade da CNI, Renato da Fonseca, se nada for feito para aumentar a competitividade das empresas brasileiras, "teremos mais um semestre perdido". O diretor financeiro do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) Shotoku Yamamoto, que tem empresa da área de autopeças na região, também não enxerga motivos para otimismo. Para ele, setores como o de fabricação de caminhões (atividade que concentra grande volume de empresas fornecedoras e montadoras no Grande ABC), deve fechar o ano com resultado negativo frente a 2011.

Questionado pelo Diário se o BNDES poderá fazer novos ajustes na linha PSI Finame do banco - destinada à compra de caminhões e ônibus - para estimular o segmento, Coutinho disse que preferia não fazer comentários a respeito.

NÚMEROS DA REGIÃO - Os números do próprio BNDES mostram a pouca disposição dos empresários da região em investir para ampliar a capacidade de produção, por exemplo. De janeiro a maio, os financiamentos do banco, destinados sobretudo a investimentos (por exemplo, compra de máquinas ou reforma das instalações) ficaram ligeiramente acima (2%), em termos de desembolsos.

No entanto, se descontada a inflação, haveria queda no valor emprestado, observa o diretor do Ciesp. Ele acrescenta que fatores pontuais (como um empréstimo liberado para uma grande empresa em um mês) podem distorcer a comparação. E de fato, houve crescimento em volume emprestado em uma linha chamada Finem (Financiamento a Empreendimentos), com a liberação de R$ 36 milhões para duas grandes companhias (não identificadas pelo levantamento) em maio. Além disso, as pequenas e médias firmas contabilizam retração nos empréstimos feitos com recursos do banco do governo.

 

Banco quer reduzir custo de investimento em infraestrutura

O BNDES quer reduzir custos de investimentos em infraestrutura e logística e, para que isso ocorra, espera contar com o apoio do setor privado, inclusive da área financeira. O presidente do banco, Luciano Coutinho, afirma que sua equipe está trabalhando para aperfeiçoar a lei nº 12.431, que já isenta de Imposto de Renda os investidores que aplicarem em debêntures (títulos para as empresas captarem recursos) de infraestrutura.

Coutinho afirma que a ideia é ampliar a poupança interna, ou seja, o volume de recursos aplicados pela população, e aumentar o índice de investimentos, que atualmente corresponde a 19% do PIB (Produto Interno Bruto) para algo em torno de 22% a 23%.

Uma das propostas do governo é que os investidores brasileiros pessoa física não pagarão também imposto sobre o ganho de capital na venda desses papéis no mercado secundário, enquanto as pessoas jurídicas terão alíquota reduzida a 15%. LF (com AE)

 




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