Secretário de Saúde e Planejamento e Orçamento na gestão de Aidan Ravin (PTB) à frente do Paço de Santo André, Arnaldo Augusto Pereira tem seu nome citado numa conversa gravada pelo auditor fiscal Ronilson Rodrigues, apontado pelo Ministério Público como chefe da quadrilha que desviou até R$ 500 milhões em impostos da prefeitura de São Paulo.

Rodrigues diz no áudio, no qual o jornal O Estado de S.Paulo teve acesso, que ele e outros dois acusados de integrar o esquema passaram a integrar o grupo político de Gilberto Kassab (PSD) nas eleições municipais de 2004, quando o pessedista, então no DEM, foi eleito vice-prefeito na chapa encabeçada por José Serra (PSDB).

Em 2006, o tucano deixou o cargo para disputar o governo paulista e Kassab assumiu o paço paulistano. No diálogo, Rodrigues relata o episódio na mesa de um bar no Tatuapé, Zona Leste da Capital, para os fiscais Luis Alexandre Magalhães e Carlos di Lallo do Amaral, acusados de integrar a quadrilha. Ele diz aos colegas que não seria capaz de traí-los.

Rodrigues afirma que ele e o auditor Arnaldo Augusto Pereira, também investigado por enriquecimento ilícito, foram apresentados por um homem que havia coordenado a campanha de Kassab a vereador na Zona Leste ao comitê da campanha a prefeito de José Serra na Vila Mariana, Zona Sul.

“Ele apresenta nós (sic) para o comitê da Vila Mariana e o Kassab põe nós dois (Rodrigues e Pereira) junto com um cara que fazia a campanha do Serra em 2004: o Felipe Soutello. Fizemos uma reunião e falamos das ações”, disse Rodrigues. “Quando o Serra assume, só o Arnaldo ganhou cargo”, completou.

Rodrigues ainda fala de sua passagem pela Prefeitura de Santo André, na administração Aidan. Por cinco meses (de janeiro a maio) ele atuou como secretário adjunto de Orçamento e Planejamento. A Pasta era comandada por Arnaldo Pereira, que permaneceu no Paço andreense por três anos (2009 a 2011).

E disse que só voltou à Capital, em junho, a pedido de Walter Aluisio Morais Rodrigues, secretário municipal de Finanças entre 2008 e 2011, na gestão Kassab. “Eu não ia para Santo André, (mas foi por fidelidade a Pereira). Em quatro meses o Walter me liga para retornar como subsecretário. Eu nunca trai ninguém. Isso não é da minha índole”, desabafou Rodrigues. Magalhães gravou a conversa.
Arnaldo Pereira também é citado em carta anônima enviada à Controladoria-geral do Município de São Paulo, que investiga o caso. Há informação da ligação entre Ronilson e Arnaldo, que nega as acusações. Ronilson está preso. (Com AE)