Economia Titulo Consumo
Churrasco fica mais
barato do que em 2012

Carnes apresentam deflação e colaboram
para que as comemorações custem menos

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
20/10/2013 | 07:10
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André Henriques/DGABC


Outubro. Quase dois meses para acabar o ano. Mais do que motivo para comemorar. E uma das especialidades para esses momentos está mais barata. Os alimentos e as bebidas para fazer um churrasco tiveram deflação média de 0,53% neste ano.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a Grande São Paulo enfrentou inflação, entre janeiro e o fim de setembro, de 3,92%.

O percentual é do IPCA-SP (Índice de Preços ao Consumidor Amplo – Grande São Paulo). Este mesmo indicador mostra que as famílias com renda entre um e 40 salários-mínimos pagarão mais barato para queimar uma carne.

Começando pelos aperitivos, as caipirinhas e caipiroscas tiveram grande influência na deflação média. Isso porque as cachaças e vodkas tiveram inflação, no ano, de 1,35%. No caso das frutas, o aumento médio dos preços nos mercados, feiras ou quitandas foi de 6,67%.

Porém, o açúcar refinado fez o peso inverso, com o valor médio 26,01% menor do que o encontrado no fim de 2012. Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), os preços do produtor de açúcar refinado seguiram o mesmo movimento, com decréscimo de 15%.

Pesquisadora de Comércio Internacional e Produtos Sucroenergéticos do Grupo de Pesquisa e Extensão do Sucroalcooleiro do Cepea, Heloisa Lee Burnquist aponta como motivos a produção de cana-de-açúcar mais abundante no Brasil, a desoneração do açúcar em IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e PIS/Cofins e aumento do estoque.

Como nem todos os presentes no churrasco são apreciadores das bebidas quentes, a geladeira, provavelmente, também estará abastecida de cerveja. E o produto, segundo o IBGE, encareceu 7,44% neste ano.

Professor de Economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e do Instituto Mauá de Tecnologia, Francisco Funcia observa que o setor cervejeiro no Brasil é muito concentrado. “Com poucas empresas, um oligopólio, a tendência é que os preços aumentem sempre, já que não existe concorrência.”

Para as crianças e adolecentes e aqueles que não consomem bebidas alcoólicas, claro que não faltarão os refrigerantes e, quem sabe, uma água mineral. Ambos itens apresentaram inflação acumulada nos nove meses de 6,1%.

Todos com o copo na mão, é hora de preparar a comida. Enquanto alguém prepara o vinagrete, com a cebola, que encareceu 12,17%, e o tomate, que aliviou o bolso do consumidor em 9,28%, o churrasqueiro vai temperar os cortes.

O engenheiro agrônomo da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) Fábio Vezzá de Benedetto destaca que os dois produtos hortifruti têm alta volatilidade nos preços. “É muito comum as oscilações. Característica da cultura, como também ocorre com verduras e frutas.” Como parte da cebola do País é importada da Argentina, “e também houve importação da Holanda”, o especialista acredita que pode ter havido influência do dólar.

O pão francês, para as entradas, teve alta média nos preços de 13,13%. Resultado de problemas de comércio internacional de trigo entre o Brasil, que depende de 60% do produto importado, e a Argentina, que alegou, em julho, ter problemas na produção.

O sal e os condimentos tiveram inflação de 3,78%. E o alho, redução média dos preços da ordem de 1,96%.

Este também é o momento ideal de colocar a linguiça no espeto ou na grelha. Conforme o IPCA-SP, esse alimento também ficou mais barato do que no fim do ano passado, com redução média de 0,52%.

PERFUME NO AR

As linguiças avisam a vizinhança, pelo perfume que soltam queimando com o carvão, de que o melhor da festa está próximo. É o momento de colocar as carnes na grelha. E elas são, justamente, os itens que aliviarão o bolso aos festeiros, tendo em vista que representam boa parte do orçamento do churrasco e tiveram queda nos preços.

Segundo o IBGE, os cortes de costela bovina tiveram deflação de 1,63%. No caso do contrafilé, a redução em relação a dezembro atingiu 5,21%. Por fim, a alcatra, dona do famoso baby beef, ficou 6,33% mais barata.

Há 45 anos a empresária Marlene Faria José, 73 anos, é dona do açougue Cadicar, localizado no Mercado Municipal do Rudge Ramos. Ela garante que todo ano a demanda por carne para churrasco aumenta em outubro, novembro e dezembro. “Principalmente os espetinhos, que as pessoas têm procurado muito”, destaca.

No entanto, conforme informa o economista do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas) André Braz, a expectativa é que a demanda por carne suína aumente nestes meses, o preço suba e acabe refletindo também nas carnes bovinas. O IPCA-SP não capta a inflação do carvão.

Mas no fim das contas, pontua o educador financeiro e sócio-fundador da Academia do Dinheiro Mauro Calil, é necessário planejar bem o orçamento de um churrasco. E, se possível, deixar de lado os cortes premiuns, maturados e de gado especial para gastar menos.


PLANEJAMENTO

A arte de fazer churrasco. Muitos dizem que o segredo é o corte de cada uma das peças de carne. Outros afirmam que é a quantidade de sal. Há também aqueles que garantem que é o tempo no fogo. Mas o verdadeiro mestre churrasqueiro é aquele que planeja bem a comemoração e gasta pouco para isso.

O educador financeiro e sócio-fundador da Academia do Dinheiro Mauro Calil diz que o bom churrasqueiro é aquele que, com maestria, sabe distribuir bem o preparo e a oferta da comida em um churrasco.

“Exige habilidade. Por exemplo, você coloca a fraldinha, depois libera a costela, muito bem preparada (que é grande e barata por quilo), e depois sirva a picanha”, orienta o educador financeiro.

Calil aconselha que, tanto em churrasco para a família, quanto para amigos, o organizador calcule medidas diferentes. “Para cada mulher, que come menos, é interessante estimar 250 gramas de carne. Aos homens, 350 gramas”, diz, lembrando que a conta deve levar em consideração a linguiça e, para um churrasco grande, o frango, e não só os cortes bovinos.

Se a previsão é que o churrasco vai levar o dia inteiro, ou seja, almoço e janta, é importante dobrar a estimativa. E se os amigos vão ajudar com as compras, é bom haver direcionamentos sobre os itens.

“Peça para que tragam a linguiça ou o pão. Saiba que se tiver mulheres, será necessário arroz e salada. Se for só para homens, apenas a carne e a cerveja são necessárias. E se os amigos levarem a cerveja, coloque um limite mínimo de marca”, explica o especialista em finanças pessoais.

“Não se preocupe com o quanto o sujeito está comendo. Isso estraga a amizade. Basta pedir auxílio em alguma coisa, que dá certo”, orienta Calil.  




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