Política Titulo Críticas
Frustrado, Campos
diz que Aidan
foi desleal

Em evento regional, líder do PTB alega que soube da saída do ex-prefeito pelos jornais

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
06/10/2013 | 07:39
Compartilhar notícia
Andréa Iseki/DGABC


O mandatário estadual do PTB, Campos Machado, utilizou ontem o encontro regional do partido, em Santo André, para expor publicamente a frustração e, consequentemente, enterrar as mágoas em relação à desfiliação do ex-prefeito Aidan Ravin, que ingressou quinta-feira no PSB. O dirigente apenas ficou ciente da saída pelos jornais, decepcionado-se com a postura do médico. “Fui surpreendido. Essa decisão não foi baseada em lealdade, fidelidade e sim em seus próprios interesses.”

Campos argumentou que seria “falso” de sua parte se fingisse que não ficou desapontado diante da falta de diálogo, citando que Aidan só o comunicou depois de pular de barco, com o fato já consumado. “Não esperava isso e não posso aceitar essa situação passivamente. Um homem não pode ser desleal com ele mesmo e em política a coragem sempre venceu o medo”, disse, referindo-se à justificativa de troca de sigla por causa da linha de corte ser inferior no PSB.

O projeto do PSB é lançar Aidan à disputa de uma vaga na Câmara Federal em 2014. O atrativo foi o índice baixo de votos necessários para se eleger pelas fileiras socialistas: média de 75 mil. O manda-chuva petebista soltou o leque de críticas ao lado do irmão do ex-afilhado, Silvio Ravin, novo coordenador regional da legenda. O posto havia sido transmitido para Aidan após ele dar garantias que seria candidato a deputado pela sigla que o acolheu em 2007.

“A lealdade é a cicatriz da alma de um político”, citou Campos, num plenário de cerca de 110 pessoas. Sem mencionar nomes, outros discursos seguiram a mesma linha. Ex-prefeito de São Caetano, o secretário estadual de Esporte, Lazer e Juventude, José Auricchio Júnior (PTB), afirmou que o problema da política atual é que “a palavra passa a valer muito pouco”. “O PTB é um partido onde a lealdade está acima. Isso é o espelho do Campos.”

Adjunto na Pasta estadual, Clóvis Volpi (PTB) sustentou que, na política, “precisa-se de coragem ou atua-se com medo”. A linha de corte do PTB para deputado federal está estimada em 110 mil votos. Aidan também demonstrava descontentamento por não ter conquistado cargo no governo do Estado, assim como tiveram seus correligionários do Grande ABC. Ele pleiteava, ao menos, posto comissionado de assessor especial do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

DEBANDADA

Além de Aidan, o PTB sofreu as baixas do vice-prefeito de São Bernardo, Frank Aguiar, e dos vereadores Ailton Lima (Santo André), Jorge Salgado e Paulo Bottura, ambos de São Caetano. Apesar do cenário desfavorável, Campos frisou que “fatos como esses” são molas para reconstrução. “Em Santo André, por exemplo, continuamos com a proposta de duas candidaturas a federal e uma a estadual.”

O PTB pretende amealhar 5% dos votos do Grande ABC no páreo do ano que vem.

Aidan não foi localizado para comentar o assunto.

Dirigente estadual projeta candidatura de Volpi para federal

Lançar o nome do ex-prefeito de Ribeirão Pires Clóvis Volpi como candidato a deputado federal em 2014 é a estratégia política arquitetada pelo presidente paulista do PTB para atingir a meta traçada no âmbito do Grande ABC – o plano nacional é alcançar de 1,5 milhão a 1,8 milhão votos na legenda. “Volpi comandará área de batalha, o que vai compensar a ideia, suprindo (o eleitorado de) Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra”, avaliou Campos Machado, em evento regional.

Volpi já assumiu cadeira na Câmara Federal. Na eleição de 1998, o então tucano obteve 58.542 votos e ficou na quarta suplência da coligação do PSDB. Tomou posse do cargo em julho de 1999, permanecendo até 2002. Ele conseguiu a vaga com as nomeações de parlamentares tucanos como secretários de Estado e até mesmo por nomeações da Presidência da República. O ex-prefeito também ocupou anteriormente posto na Assembleia Legislativa.

O ex-verde não descartou o projeto. Volpi estuda a possibilidade depois de “muitas sondagens” de Campos. “Ele tem tentado me estimular. Tenho que conversar com a família. Espero que não seja necessário meu nome, pois queria me resguardar para 2016, mas, se houver, acabo indo para o sacrifício.”




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;