Uma das mais versáteis escritoras brasileiras do século 20 ganha homenagem no Sesc Santo André. Começa hoje a Ocupação H, especial que reúne espetáculos teatrais, oficinas, cursos literários e sarau poético, que ajudam a entender as obras de Hilda Hilst.

A escolha da autora para o especial de literatura vai ao encontro da proposta do Sesc para exaltar grandes nomes que não são muito comerciais. “Apesar da grande qualidade, Hilda não tem reconhecimento tão grande por parte do público. E com ela, conseguimos também unir vários tipos de arte”, afirma Alberto Fukasawa, programador de literatura do Sesc.

Na programação, algumas atividades são recomendadas para maiores de 18 anos, pelo teor próprio da autora. “Ela tem um momento em que transita pelo universo erótico, por exemplo. E nem é tanto uma questão de idade, mas é necessário ter um background cultural para entender o conteúdo.”

Além das atividades, um painel de 13 metros, com ilustrações que remetem às obras de Hilda e citações da autora, também faz parte da Ocupação H.

O especial de literatura é uma produção exclusiva da unidade de Santo André. As atividades vão até o dia 26 de outubro.

Transgressora

Hilda Hilst nasceu na cidade de Jaú, no interior de São Paulo, em 1930. Aos 8 anos, com os pais já separados há cinco, foi matriculada em um colégio de freiras, na Capital.

Em 1952, formou-se em Direito, na Faculdade do Largo São Francisco, e passou a dedicar-se à literatura. O primeiro prêmio, o Pen Clube de São Paulo, veio em 1962, pelo livro Sete Cantos do Poeta para o Anjo.

Com uma linguagem essencialmente poética, sem obedecer às convenções gramaticais, a autora utilizava-se da linha de raciocínio dos sentimentos e pensamentos como justificativa. Para a escritora, como eles não são organizados e lineares, os textos também não deveriam tomar esse formato desregrado.

Hilda transitou entre poesia, prosa e dramaturgia e publicou mais de 30 livros. Nos quase 50 anos de carreira, acumulou nove prêmios literários. A autora morreu em 2004, aos 73 anos.