O presidente da Câmara de São Caetano, Sidnei Bezerra da Silva, o Sidão (PSB), ainda não colocou em pauta acabar com a reeleição para o comando do Legislativo. A alteração no regimento interno foi prometida como uma das metas de gestão do socialista para conquistar apoio do prefeito Paulo Pinheiro (PMDB) e vencer a eleição interna.

Nesses pouco mais de oito meses de mandato, o tema sequer foi citado em debates no plenário e até em conversas reservadas. Sidão comandou a Casa no biênio passado (2011-2012) e foi conduzido novamente ao posto pelas mãos de Pinheiro em janeiro. O ato não se configura como reeleição, pois ocorreu em mandatos parlamentares diferentes. Agora, entretanto, o socialista teria caminho livre para permanecer mais dois anos no cargo.

Pinheiro se mostrou contrário à prática de reeleição no Legislativo desde outubro de 2006, quando o então presidente da Câmara, Paulo Bottura (PTB), conseguiu aprovar em plenário a possibilidade de renovar o mandato e se garantiu no posto. À época, o prefeito era vereador e, ao lado dos ex-parlamentares Moacyr Rodrigues (PSDB) e Edgar Nóbrega (afastado do PT), votou contra o projeto de Bottura.

Por conta desse ponto e a falta de aperto de Sidão no Orçamento para economizar 30%, o relacionamento com o peemedebista anda ruim. O chefe do Executivo já havia se estranhado com o socialista quando ele deu apoio a duas propostas de CPIs contrárias ao governo.

Entre os vereadores também há cobrança pela discussão. Pio Mielo (PT) argumentou que pelo fato de a Casa ter 19 cadeiras a possibilidade de rodízio no posto é iminente. “Existem diversos vereadores qualificados para exercer essa função. A boa democracia pede alternância de poder.” Sobre o fato de Sidão anular o debate, o petista classificou como um erro. “Manter a possibilidade de reeleição em um mesmo mandato seria um equívoco.”

O parlamentar Edison Parra (PHS) aliviou a ausência de discussão sobre o projeto, mas se posicionou a favor do fim da reeleição. “Sou 100% contra reeleição. O Sidão já teve quatro anos de experiência, por isso acho que a Casa poderia renovar o poder colocando um vereador de primeiro mandato no comando. No entanto, ainda acho cedo para fazer esse debate”, afirmou o humanista.

Com postura mais incisiva, o vereador Eder Xavier (PCdoB) disse que, caso Sidão não faça a alteração no regimento interno, irá tomar medidas judiciais. “Vejo a reeleição como uma prática ilegal, mas como ninguém questiona fica por isso mesmo. Entendo que teríamos base para procurar um parecer jurídico que derrubaria essa prática”, completou o comunista.

Sidão não retornou aos contatos do Diário para comentar o caso.