Economia Titulo Trabalho
Desemprego atinge o
maior patamar desde 2010

Com maior influência do setor de serviços, taxa
atingiu 12,1% no mês de julho no Grande ABC

Pedro Souza
29/08/2013 | 07:24
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Denis Maciel/DGABC


Ajuste da estrutura econômica do Grande ABC. Esta é a melhor explicação para o cenário do mercado de trabalho da região em julho, frente ao mês anterior. Com maior influência do setor de serviços, o desemprego atingiu 12,1%, patamar mais alto para o mês desde 2010, época em que a taxa alcançou o mesmo índice. Foi a sétima alta consecutiva na relação mensal neste ano.
 
 Esse percentual é equivalente às pessoas sem ocupação em relação à PEA (População Economicamente Ativa) das sete cidades. Na prática, a região somou 166 mil desempregados em julho. Esse número supera em 16 mil pessoas a quantidade mensurada no mês anterior.
 
 As informações são da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), realizada pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
 
 Segundo o economista do Dieese Tomaz Ferreira Jensen, a estrutura econômica da região está se readequando. “Atingimos o pico no setor de serviços em maio, com 666 mil ocupados. Depois tivemos um ajuste (em julho havia 594 mil).” O segmento reduziu em 31 mil o número de empregados de junho para julho. A pesquisa engloba todo tipo de emprego, com e sem carteira assinada e autônomos. 
 
 Além da possibilidade de o mercado de trabalho apresentar reflexos tardios da crise mundial no setor de serviços, o especialista acredita que o posicionamento da prefeitura de São Paulo em estimular o crescimento do setor privado nas zonas periféricas pode ter contribuído para o resultado. “A Zona Leste é a que tem melhor estrutura para isso e está próxima à região, o que pode gerar uma migração.” Segundo a PED, em torno de 20% dos entrevistados trabalham fora da região.
 
 Do ponto de vista da oferta de vagas, Jensen não acredita que o desemprego nesta área aumentou por resultados insatisfatórios das companhias, mas sim por queda na confiança dos empresários.
 
 A economista do Dieese Zeíra Camargo acrescentou a possibilidade de impacto retardado da diminuição do consumo, tendo em vista um cenário de desaceleração econômica nos últimos meses, que atingiu a indústria e só agora ganhou intensidade no setor de serviços.
 
 De maio para junho, aumentou em 5.000 o número de ocupados no setor industrial e caiu 41 mil nos serviços. Em julho, a indústria ganhou 16 mil postos. “Começamos a ter uma retomada da atividade econômica e uma reestruturação industrial”, justificou Zeíra. O segmento metalmecânico, no entanto, não participou do resultado, já que perdeu 5.000 pessoas.
 

 Jensen reforçou o cenário de retomada ao citar o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) da indústria paulista no primeiro semestre, que aumentou 1,8% – não há dados específicos sobre a região.

 Quanto ao setor de comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas, houve a perda 2.000 trabalhadores no mês passado.
 

 Para Jensen, a publicação da PED de agosto trará base para uma análise mais detalhada sobre o resultado do desemprego da região, tendo em vista que mostrará se o aumento da taxa se desenha como tendência.

 A analista de mercado de trabalho da Seade Leila Luiza Gonzaga pontuou que, pela série histórica, o resultado geral de desemprego da região de julho está bem abaixo de patamares anteriores a 2003, que giravam em 20%. 




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