Economia Titulo Trabalhadores
CUT comemora 30 anos
com desafio de mudança

Entidade, que foi fundada em São Bernardo,
é referência por conquistas aos trabalhadores

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
28/08/2013 | 07:38
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Celso Luiz/DGABC


A CUT (Central Única dos Trabalhadores), que comemora hoje 30 anos de existência, segue em luta pela mudança na estrutura dos sindicatos do País, com a bandeira do fim do imposto sindical e a favor da autonomia de escolha dos trabalhadores em relação às entidades que eles querem que os representem.
 
 A central defende que o País ratifique a Convenção 87 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), regra que fixa exatamente a necessidade de liberdade sindical. Pela atual legislação brasileira, os sindicatos são livres para se constituírem, mas desde que em cada base (em cada município) exista uma só entidade representativa de uma categoria. É a chamada unicidade sindical. “A CUT foi fundada para mudar essa estrutura. É uma tarefa que temos de cumprir. Acabar com a unicidade por município e passar a termos sindicatos organizados por ramos de atividade, e não por categoria”, diz o presidente da central, Vagner Freitas.
 
 O desafio é grande e, apesar de a central ser hoje a maior do País – com 3.806 entidades filiadas, 7,8 milhões de associados e 23,98 milhões de trabalhadores na base – há a dificuldade de levar à frente essa bandeira sem o apoio de outras instituições. “Sozinha, a CUT não conseguirá mudar a estrutura sindical”, avalia o presidente da CUT-SP, Adi dos Santos Lima.
 
 Lima acrescenta que o sistema atual é arcaico e não permite ao trabalhador se organizar a partir do local de trabalho. “Precisamos ter consciência de que essa indústria de criar sindicato no Brasil precisa acabar”, afirma o dirigente, destacando que o imposto sindical é um dos pilares que sustentam essa indústria.
 
 A entidade, fundada em 1983 em São Bernardo, é uma referência, por ter contribuído para conquistas importantes aos trabalhadores, como a valorização do salário-mínimo (que desde 2011 incorporou ao reajuste da inflação o resultado do PIB de dois anos atrás), afirma Freitas. Lima destaca que a central também ajudou a barrar projetos de precarização das relações do trabalho, como a que acaba com artigo da CLT que garante direitos como o 13º salário e férias.
 

 O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, que foi presidente da CUT no início da década passada, afirma que, em sua gestão, a entidade conceituou e consolidou o crédito consignado, que acabou virando uma grande política pública e também a correção permanente do salário-mínimo. Ele assinala que, nos últimos anos, após os governos de Luiz Inácio Lula da Silva, que foi um dos fundadores da central, e agora com a Dilma Rousseff, a CUT tem tido participação mais ativa nos diferentes fóruns de decisão do poder público e na mesa de negociações importantes para a classe trabalhadora.

 Para Marinho, a entidade vive o momento de enfrentar novos desafios, como a formação de novas lideranças, participação mais forte no processo de inovação tecnológica e no novo modelo de desenvolvimento que se apresenta. “Mas entendo que o maior desafio é a necessidade de um processo de educação previdenciária para os trabalhadores.” 




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