Economia Titulo Estados Unidos
G-20 pede cautela com fim
dos estímulos monetários
20/07/2013 | 16:00
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Os ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais dos países do G-20, que se reuniram nesta sexta-feira e sábado em Moscou (Rússia), expressaram preocupações com o fim das ações de estímulo nos Estados Unidos. Eles pressionaram para que o Federal Reserve seja cuidadoso e claro na comunicação sobre a redução dos estímulos, mas indicaram que os países emergentes terão de agir por conta própria para lidar com o impacto dessas medidas nos seus mercados e economias.

O comunicado final do encontro destacou os potenciais efeitos colaterais negativos do relaxamento monetário prolongado e ressaltou os prejuízos que a volatilidade nos mercados de câmbio e nos fluxos de capital pode causar. "Em períodos de estagnação econômica, o relaxamento monetário é justificado. A questão é o que fazer depois disso, sem riscos e implicações negativas para outras economias. Não existem receitas prontas para isso", disse o ministro de Finanças russo, Anton Siluanov.

Embora os banqueiros centrais tenham reconhecido a necessidade de explicar seus ações para os outros membros do G-20 e levar em conta os efeitos colaterais de suas políticas, há um limite para o que pode ser feito, na prática, no nível internacional. "Políticas macroeconômicas sólidas e estruturas prudenciais fortes vão ajudar a resolver a potencial volatilidade", diz o comunicado, indicando que os emergentes precisarão lidar de forma individual com esse novo cenário.

Segundo o ministro de Finanças da Coreia do Sul, Hyun Oh-Seok, comentários feitos por autoridades dos EUA sugerem que "o fim do relaxamento monetário no país vai acontecer de maneira ordenada e que os países emergentes terão de elaborar sua própria política de resposta". Sinais de que o Fed pode começar em breve a reduzir suas compras de bônus desencadearam fortes quedas nas moedas, bônus e mercados de ações de países emergentes nas últimas semanas.

O ministro de Finanças da China, Lou Jiwei, disse que o Fed precisa adotar uma abordagem estável para o fim das suas medidas de estímulo. De acordo com ele, a redução nas compras de bônus promovidas pelo banco central dos EUA pode causar turbulência nos mercados financeiros em todo o mundo.

Política fiscal

Em relação à política fiscal, os membros do G-20 continuam a encontrar dificuldades para chegar a um consenso sobre o equilíbrio adequado entre as medidas de austeridade para reduzir os déficits orçamentários e a necessidade de estimular a economia. O comunicado oficial do encontro diz que foram feitos progressos no desenvolvimento de estratégias fiscais de médio prazo "credíveis, ambiciosas e específicas para cada país", mas não deu nenhum dado concreto para corroborar essa análise.

A Alemanha tem argumentado fortemente que os governos precisam reduzir suas dívidas para permitir um crescimento sustentável e queria definir metas de médio prazo para o período após 2016, quando termina um cronograma estabelecido em Toronto (Canadá), em 2010. Entretanto, segundo fontes que participaram do evento, a proposta não obteve apoio. Países como os EUA, por exemplo, estão mais preocupados em incentivar o crescimento econômico no curto prazo. Segundo o ministro de Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, o debate sobre as estratégias orçamentárias nacionais foi "intenso".

O comunicado do G-20 também alega que a prioridade no curto prazo é impulsionar a criação de empregos e o crescimento. Segundo o texto, a recuperação global segue frágil, com desigualdade e desemprego altos. O documento diz ainda que o crescimento das economias emergentes continua, porém em ritmo mais lento.

"Nós tivemos discussões construtivas sobre esses assuntos, incluindo o efeitos colaterais de políticas monetárias, as implicações da recente volatilidade nos mercados e a necessidade de estratégias fiscais equilibradas e credíveis. Nós também concordamos sobre a importância de reformas estruturais abrangentes para aumentar a produtividade, reduzir a rigidez e estimular o crescimento", afirmou a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.

Na questão da regulamentação financeira, o G-20 disse que aguarda por mais detalhes sobre o acordo de Basileia 3, que serão finalizados em 2014. O grupo explicou que deve receber em setembro um relatório do Conselho de Estabilidade Financeira sobre como lidar com os bancos "grandes demais para quebrar".

O G-20 afirmou também que um acordo recém anunciado entre os EUA e a União Europeia para reformas nos mercados de derivativos "é um grande avanço construtivo", mas ainda existe muito trabalho a ser feito.

As autoridades disseram ainda que endossam totalmente o plano de reforma tributária internacional da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A entidade desenvolveu o plano, de 15 pontos, para eliminar brechas que permitem que grandes companhias multinacionais paguem poucos impostos. Segundo o ministro russo, Siluanov, o plano é "a mais importante medida tributária em um século". Fonte: Dow Jones Newswires.




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