Memória Titulo
Os primeiros passos deste historiador de São Caetano

"Evolução industrial de São Caetano do Sul", de José de Souza Martins. O artigo foi publicado pelo "News Seller", antecessor do DIÁRIO...

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
29/07/2009 | 00:00
Compartilhar notícia


"Evolução industrial de São Caetano do Sul", de José de Souza Martins. O artigo foi publicado pelo "News Seller", antecessor do DIÁRIO, há meio século: 26 de julho de 1959, um domingo. Foi a primeira contribuição de fôlego do jovem Martins, setorista do News Seller em São Caetano e fundador do museu local, hoje professor emérito da Universidade de São Paulo.

Dez anos depois, na edição de 28 de julho de 1969, uma segunda-feira, Martins está presente em mais uma edição especial comemorativa ao aniversário de São Caetano, agora já no Diário do Grande ABC - o semanário transformou-se em jornal diário em 1968.

Nesta edição, o redator escreve: "comunicativo e maneiroso, o jovem historiador conquistou a amizade de João Batista de Campos Aguirra, que lhe abriu as portas do seu valioso arquivo, onde José de Souza Martins foi encontrar documentos raros para enriquecer seu livro".

Uma vez mais o DIÁRIO referia-se ao primeiro livro de Martins: "São Caetano do Sul em quatro séculos de história", de 1957. Ao lança-lo, em edição financiada pelo Rotary São Caetano, Martins não havia ainda completado 18 anos.

Esboço de vida industrial

Texto: José de Souza Martins, 1959

Quando da integração da Fazenda de São Caetano no domínio definitivo e legal da comunidade beneditina paulista, após longa espera, já cuidavam os monges, acentuadamente, do aproveitamento econômico do lugar.

A agricultura e a pecuária devem ter antecedido, na posse dos religiosos, qualquer outra atividade econômica.

Sucedeu-se a exploração das jazidas argilosas da várzea do Tamanduateí, em proveito de uma fábrica de telhas e tijolos, consumidos nas propriedades do mosteiro e vendidos aos excedentes, a interessados. Constituía, no patrimônio do cenóbio, a maior fonte de rendas, com apreciável contribuição anual.

Raras indústrias, entre nós, tiveram tão larga existência, pois, durante cerca de 120 anos, operou decisivamente no equilíbrio das finanças daqueles religiosos, com seus dois fornos, vistos por Raffard, quando da sua visita a São Caetano em 1879.

O imigrante italiano, chegado em 1877, trazia uma técnica nova de trabalho, para vários setores de importância imediata no funcionamento de uma povoação. Revela-o relatório oficial de 1888, em que se constata a existência de indústrias tão rústicas quanto primitivas, de caráter primário, como ferraria, tanoeiraria, carpintaria, padaria, engenhos, etc.

Esse esboço de vida industrial só começou a adquirir complexidade quando as terras mais próximas ao centro da capital alcançaram elevado valor, forçando os novos industriais a buscar terrenos mais baratos em lugares mais distantes. A presença da ferrovia, existente desde 1867, e o crescente aumento populacional possibilitando mão-de-obra fácil, atraíram a sua atenção para São Caetano.

* * *

O jovem Martins refere-se às primeiras indústrias. Cita a Fábrica de Formicida Paulista, do Dr. Manuel Joaquim de Albuquerque Lins; a Pamplona, Sobrinho & Cia, criada pelo comendador José Coelho Pamplona; a Cerâmica São Caetano; as unidades Matarazzo; e chega a 1959, para concluir: "O número de habitantes passou, então, a multiplicar-se acentuadamente, alcançado hoje mais de cem mil, entre os quais há, pelo menos, 20 mil operários".

Rapaziada do Rudge Ramos

Dez nomes deste bairro de São Bernardo que participam dos reencontros pontuais da velha guarda: João Misturi, João Sapateiro, Jorge Risada, José Carlos André, Júlio Brandino, Jurandir (Jurinha), Kiko, Laércio Thomé (Pinta), Laércio Tromba e Lázaro.

Esta lista, com os respectivos telefones, faz parte de uma agenda distribuída entre a turma Rudge Ramos dos anos 1960 para os encontros comandados por João Leopoldo Maciel e Valdivino Germano.

De posse da agenda, Memória tem publicando todos os nomes para contar que, num único bairro, são inúmeros os cidadãos que podem contribuir para a construção da Memória. Cada um deles, por certo, tem muitas histórias a contar. Basta serem procurados.

DIÁRIO HÁ 30 ANOS

Domingo, 29 de julho de 1979

Manchete - III PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) ressalta a continuidade da Revolução de 64.

São Caetano - Inaugurada a pista da Avenida dos Estados que ligará a cidade a Santo André.

Futebol - Jogos de ontem envolvendo equipes do ABC na Divisão Intermediária: na Capital, Nacional 1, Santo André 2; em São Caetano, Saad 0, Esportiva, de Guaratinguetá, 0.

EM 29 DE JULHO DE...

1864 - Quase três anos antes da inauguração oficial da ferrovia São Paulo Railway, inaugurava-se no Alto da Serra o primeiro sistema funicular.

1914 - Rússia mobiliza 1,2 milhão de soldados para a Primeira Guerra Mundial.

1926 - Philadelpho Braz nasce em Sales Oliveira (SP). Veio com a família para Santo André nos anos 1940. Ingressa na Fichet como metalúrgico e transforma-se em liderança sindical, perseguido pelo regime militar. Hoje coordena o Gipem - Grupo Independente de Pesquisadores da Memória.

1944 - Clube Atlético Rhodia inaugura sua nova sede, nos dois pavimentos superiores do Palacete Letícia Dal´Olio: Rua Coronel Oliveira Lima, 146, Santo André.

-Fundado o Jabaquara FC, de Vila Prosperidade, em São Caetano.

1959 - Inaugurada a loja da Cooperativa da Rhodia, hoje Coop, no Parque das Nações, em Santo André: Rua Argentina, 227.

MUNICÍPIO PAULISTA

Porto Ferreira, criado pela lei estadual nº 424, de 29 de julho de 1896. O nome homenageia o balseiro João Inácio Ferreira, que fazia a travessia do Rio Mogi-Guaçu.

HOJE

Dia do Hoteleiro.

SANTOS DO DIA

Beatriz de Roma, Marta e Olavo.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;