Política Titulo Inércia
PSDB de Sto.André
promete oposição,
mas não cumpre

Tucanos permanecem inativos frente ao governo Carlos Grana, do PT

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
16/06/2013 | 07:04
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Nario Barbosa/DGABC


Em seis meses de administração Carlos Grana (PT), em Santo André, o PSDB, principal opositor hoje ao petismo nas esferas federal e estadual, não entrou, até o momento, com qualquer ação fiscalizatória contra o governo municipal. Essa era a promessa prioritária do tucanato local após o resultado pífio na eleição do ano passado, quando, pela primeira vez na história, ficou sem representatividade no Legislativo. Até mesmo reuniões deliberativas são raras nos últimos meses.


A legenda mostra inércia frente aos passos dados pelo prefeito ao não apresentar qualquer posicionamento contrário, apesar de Grana ter sofrido com a oposição na Câmara até fim de abril. Desde o pleito de outubro, nenhuma postura desfavorável, embora o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), busque palanque no Grande ABC para reforçar sua empreitada à reeleição no ano que vem. Em 2010, o chefe do Palácio dos Bandeirantes teve sucesso no município, ficando à frente do PT. Porém, na ocasião, o Paço era comandado pelo aliado Aidan Ravin (PTB).


Em fevereiro, no início do atual mandato, o presidente do PSDB andreense, Ricardo Torres, sustentou que a sigla, diante da perda de força na Câmara, usaria outros procedimentos para demarcar território político na cidade. O mandatário descreveu, na oportunidade, que o tucanato teria papel de oposição vigilante à administração petista, podendo utilizar, inclusive, o MP (Ministério Público) como ferramenta para investigar as atividades e contratos do Paço.


Integrantes do partido demonstram forte insatisfação com as diretrizes da executiva. Tucano histórico, Geraldo Zacheu alegou que “não dá para escrever o que o presidente fala”. “Ele (Torres) não é cumpridor de palavra e não tem experiência nem capacidade política. É piada (essa atitude), conversa fiada”, disse ele, que já ocupou por cinco anos consecutivos o cargo de tesoureiro do PSDB municipal. “O maior problema é que ele não conhece a realidade de Santo André.”


Zacheu avaliou que a decadência do tucanato local se deve, em grande parte, às estratégias adotadas pelo dirigente. Segundo o ex-tesoureiro, o diretório tornou-se extensão do escritório político do secretário estadual de Meio Ambiente, Bruno Covas (PSDB). “Não dá para confiar. O PSDB não funciona mais aqui”, mencionou. Torres é assessor de gabinete de Bruno Covas desde a época em que ele exercia mandato de deputado estadual.


Apesar do descontentamento interno de parcela significativa, Torres tem maioria aliada dentro da sigla. Prova disso é que conseguiu, em 14 de abril, data da convenção para cidades acima de 500 eleitores, se reeleger na presidência. À época do êxito na disputa, o dirigente defendeu a reestruturação da sigla. Contudo, nada de efetivo. Pelo contrário. Desde a saída do hoje secretário de Obras, Paulinho Serra (PSD), em julho, o PSDB coleciona desfiliações de figuras de peso.


Outro desconforto passa pelo fato de Torres abrir cargos em São Paulo para pessoas de outra legenda, como Pedrinho Botaro, candidato a vereador pelo PTB. Ex-presidente do tucanato por dois mandatos, José Luiz Cestari não quis comentar a atual situação do partido. Após ser questionado sobre possível negligência, ele comentou que está afastado de todo o processo. “Por isso, não tem como dar qualquer declaração.”
Torres não foi localizado para comentar o assunto.




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