Primeiro, o lance era fazer uma onda entre amigos. Brincar de criar uma história engraçada. Em seguida, envolvidos com a possibilidade de chegar longe com a brincadeira, os integrantes do Núcleo Projeto D passaram a levar mais a sério o processo de suas criações. O resultado está em Novella, tipo de minissérie criada para a web. A produção já conta com um capítulo. A estreia do próximo será no dia 29, no Teatro Clara Nunes, em Diadema. Os trabalhos podem ser encontrados na internet por meio da página www.novella.com.br.

Sem apoio, o grupo, que leva até três meses para fazer cada capítulo, trabalha de forma colaborativa. Cada um ajuda no que pode. O que soma à experiência é o fato de todos serem artistas de diferentes linguagens. “É um trabalho artesanal em certo sentido, mas muito profissional. Temos aprendido juntos, cada um vai passando para o outro as suas experiências”, comenta Martha Lemos, psicóloga, atriz e uma das produtoras.

A história mistura drama e comédia. Um dos alentos do gênero é que ele permite múltiplas abordagens, de forma que o grupo trata de coisas sérias mas não perde o apelo de comédia que a obra tem. O enredo é sobre um garoto desaparecido de uma casa de acolhimento. Todos os personagens da trama, de alguma forma, estão envolvidos com esse sumiço, cuja repercussão muda a vida de muita gente.

“Colocamos em discussão, entre outros temas, o cadastro nacional de pessoas desaparecidas, que não existe, mas é algo que faz falta.”

O arcabouço da criação segue a referência dos folhetins televisivos, mas a forma de contar soa igual a uma minissérie, com os acontecimentos dispostos de maneira mais diversa que o normal do gênero.

O núcleo é formado por 13 integrantes. Ao todo, pelo menos 30 pessoas estiveram envolvidas no processo até agora. O segundo episódio está em fase de finalização. As cenas do terceiro já foram todas captadas. Mas o grupo, nesse instante, anda reunido pensando em meio de dar cabo dos outros dois episódios dos cinco programados de maneira profissional e sem aperto.

“Estamos em momento de criar estratégias, pensar em meio de conseguir recursos para conseguir realizar os outros episódios. Até pela necessidade de maior profissionalizaçao, qualidade do projeto.”

O exercício, para Martha, tem trazido muita reflexão sobre a dificuldade de produção o trabalho colaborativo. “Sabemos que a qualidade não é de grande produtora, mas conseguimos algo bom que dialoga com as pessoas. Na estreia, havia mais de 200 pessoas para nos assistir. Isso foi mais que uma vitória. É difícil mobilizar várias pessoas para verem algo com o qual estão tendo contato pela primeira vez.”