"Espero que meus jogadores não peçam autógrafos em campo.” Com essa frase o técnico Eddy Etaeta definiu bem o que espera da seleção do Taiti na Copa das Confederações, que começa dia 15. Com elenco formado por 22 jogadores amadores e apenas um profissional – Marama Vahirua, do Panthrakikos, da Grécia (leia ao lado) – , o time é candidato a ser o saco de pancadas da competição.

Sem representatividade no futebol, o Taiti sabe que o desafio que terá pela frente é infinitamente maior do que os 10,3 mil quilômetros que separam a ilha, ainda sob domínio da França, do território brasileiro. A seleção se credenciou ao conquistar de forma inédita a Copa das Nações da Oceania, </CW>batendo a Nova Caledônia por 1 a 0 na decisão. Curioso é que o rival, também desconhecido, causou a maior zebra do continente ao eliminar a Nova Zelândia na semifinal, enquanto o Taiti passou pelas Ilhas Salomão.

A lista oficial dos 23 taitianos que virão ao Brasil é, no mínimo, curiosa. Além de dominada por atletas amadores, a relação conta com quatro atletas da mesma família: os meias e irmãos Jonathan, Lorenzo e Alvin Tehau, além do primo deles, o atacante Teaonui Tehau. Dois clubes nacionais, o Dragon, com 11 convocados, e o Tefana, com sete, formam a base da seleção.

Apesar de reconhecer que não tem a mínima chance de surpreender e ficará feliz se conseguir ao menos marcar um gol, o Taiti fez a preparação conforme recomendado. O time se refugiou em Santiago, no Chile, por duas semanas e treinou forte. O resultado, porém, não foi o esperado. No último teste antes de vir ao Brasil, quarta-feira, o combinado foi goleado pela seleção sub-20 do Chile por impiedosos 7 a 0. Antes disso, os taitianos enfrentaram dois times da Segunda Divisão local e haviam conseguido duas boas vitórias.

Mesmo com o resultado ruim, os taitianos contam os dias para enfrentar algumas das principais seleções do mundo. “Não posso deixar de ficar ansioso. É um sonho também porque nós vemos grandes craques só pela TV e agora vamos enfrentá-los. Espero que meus jogadores não fiquem tirando fotos durante o jogo ou peçam autógrafos no gramado”, comentou o técnico Eddy Etaeta, ex-jogador da seleção na década de 1990 e que está no comando desde o início de 2010.

A estreia do Taiti na Copa das Confederações é certamente o confronto menos complicado da primeira fase. A equipe terá pela frente a Nigéria, dia 17, no Mineirão, em Belo Horizonte. Depois, dia 20, o time enfrenta nada menos do que a Espanha, atual campeã mundial, em jogo que será disputado no Maracanã, no Rio de Janeiro, e muito aguardado pela disparidade técnica entre as seleções. Por fim, dia 23, se despede contra o Uruguai, na Arena Pernambuco, em Recife. 

Único profissional no elenco, atacante Vahirua é a principal esperança

A quase inexistente esperança do Taiti na Copa das Confederações atende pelo nome de Marama Vahirua. Aos 33 anos, o atacante é o único jogador profissional entre os 23 convocados pelo técnico Eddy Etaeta para disputar a competição e sabe que terá uma tarefa ingrata: marcar ao menos um gol em três jogos.

Vahirua teve o melhor momento da carreira vestindo a camisa do Nantes, da França, clube que o revelou e permaneceu de 1998 até 2004, atuando em 111 jogos e marcando 28 gols. Depois, ainda no futebol francês, acumulou passagens por Nice (2004-2007), Lorient (2007-2010), Nancy (2010) e Monaco (2011-2012). Atualmente defende o modesto Panthrakikos, que terminou a primeira fase do Campeonato Grego na oitava posição e ficou fora dos play-offs.

Vahirua viveu dilema quando se profissionalizou. Ele chegou a ser convocado para a seleção sub-20 da França, mas depois preferiu não se naturalizar e defender a seleção do Taiti, mesmo sabendo que teria pouco reconhecimento.